O presidente social-democrata apelou ao Presidente da República para tentar demover o Governo de avançar com o arrendamento coercivo de habitações devolutas, depois das críticas que dirigiu ao pacote “Mais Habitação”.

“Somos frontalmente contra [o arrendamento coercivo] e estamos mesmo convencidos de que o PS vai acabar por compreender, por recuar, tal é o consenso que há na sociedade portuguesa contra essa medida, ainda não vi ninguém a defendê-la que não fossem os mais aferroados apoiantes do PS e os seus dirigentes, e mesmo alguns com alguma vergonha”, sustentou Luís Montenegro, no final de uma reunião com a delegação do PSD no Parlamento Europeu e com a presidente da instituição, Roberta Metsola, em Bruxelas (Bélgica).

Marcelo sobre programa do Governo para a Habitação: “O que foi anunciado ganharia em ser repensado”

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Questionado sobre o clima de crispação entre o Presidente da República e o Governo, o líder do PSD respondeu que “o país tira sempre proveito quando os órgãos de soberania exercem as suas competências em favor das condições de vida das pessoas”.

“Se o Presidente da República mostra discordância perante um pacote legislativo e a intenção de mudança do Governo é porque está preocupado com as pessoas, não é com o Governo“, argumentou.

O líder da oposição considerou que “mexer na habitação, hoje, pressupõe, em primeiro lugar, alargar a oferta”. Mas o modelo apresentado pelo executivo socialista “tem o efeito precisamente contrário, desincentiva o investimento e, portanto, haverá menos casas no mercado e o preço vai aumentar”, sustentou.

“Eu não me iria pronunciar em termos de crispação, iria pronunciar-me em termos daquilo que o cumprimento das competências dos órgãos de soberania, no caso de o Presidente da República poder, de alguma maneira, influenciar o Governo para ele atinar e ver o caminho de forma mais correta”, disse.

Luís Montenegro disse estar “muito de acordo” com a apreciação “negativa” que Marcelo Rebelo de Sousa fez do “pacote que o Governo apresentou de forma atabalhoada, repentina, sem uma política estruturante”.

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O Presidente da República defendeu que o arrendamento coercivo de casas devolutas “ganharia em ser repensado” e apelou a um entendimento entre socialistas e sociais-democratas sobre a habitação: “Ainda há muito debate a fazer no parlamento, o que foi anunciado ganharia em ser repensado porque as câmaras [municipais] já disseram que não vão ajudar, não têm meios.”