O Papa Francisco manifestou-se nesta segunda-feira contra o trabalho não declarado e a precariedade laboral ao retomar a sua agenda após ter passado três noites no hospital, até sábado, devido a uma bronquite.

Ao receber uma delegação do Instituto de Segurança Social italiano, na Cidade do Vaticano, Francisco também lembrou o contributo dos imigrantes para o sistema de pensões.

“Não devemos esquecer que os trabalhadores estrangeiros que ainda não têm cidadania italiana também contribuem para o sistema de pensões. Seria um bom sinal poder expressar-lhes gratidão pelo que fazem”, disse, citado pela agência espanhola EFE.

Depois de sair do hospital no sábado, Francisco, 86 anos, celebrou a Missa de Domingo de Ramos e vai realizar esta segunda-feira várias audiências.

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No encontro com a segurança social italiana, Francisco apelou para que se recuse o trabalho não declarado, porque, apesar de parecer trazer benefícios económicos, “à distância não permite às famílias pagar contribuições e aceder ao sistema de pensões”.

O Papa argumentou ainda que o trabalho não declarado “expõe os trabalhadores a formas de exploração e injustiça”.

Francisco apelou também para que não se abuse do trabalho precário, que “afeta as escolhas de vida dos jovens e por vezes obriga-os a trabalhar mesmo quando as suas forças lhes falham”.

“A precariedade deve ser transitória, não pode ser prolongada excessivamente, caso contrário, acaba por causar desconfiança entre os jovens, desencoraja-os a entrar no sistema de segurança social e diminui a taxa de natalidade”, disse.

O chefe da Igreja Católica apelou ainda para um trabalho decente, “sempre livre, criativo, participativo e solidário”.

“Precisamos de políticos sábios, guiados pelo critério da fraternidade e que saibam discernir de época em época, evitando desperdiçar recursos quando estes existem e deixando as gerações futuras numa situação desesperada”, acrescentou.