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O diretor do Serviço de Informações Externas russo, Sergei Naryshkin, confirmou ter falado com o diretor da CIA, William Burns, depois do motim do grupo Wagner no mês passado.

A informação já tinha sido avançada no final do mês de junho pelo jornal New York Times, que citava um oficial norte-americano, mas só agora chegou a confirmação do responsável russo. Na quarta-feira à noite, Sergei Naryshkin admitiu pela primeira vez que William Burns o contactou para discutirem “o que fazer com a Ucrânia”.

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Em declarações à agência estatal russa TASS, Naryshkin disse que no telefonema Burns mencionou os “eventos de 24 de junho” — numa referência à marcha protagonizado pelo grupo Wagner sob Moscovo e que foi interrompida a cerca de 500 quilómetros da capital. Sublinhou, no entanto, que a Ucrânia foi o principal tema em discussão.

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As declarações contrastam com o relato, sob a condição de anonimato, de um oficial norte-americano ao New York Times. O responsável disse que Burns acionou os canais diplomáticos para garantir ao Kremlin que Washington não esteve envolvido na rebelião, uma informação também confirmada pelo Wall Street Journal.

Ao jornal norte-americano, analistas referem que a descrição de Naryshkin se baseia na esperança comum a parte da elite russa de que os EUA vão entrar em contacto com o Kremlin e envolvê-lo nas discussões sobre a Ucrânia. “Quando os americanos ligam, a Rússia tenta ler nas entrelinhas. Mesmo que não signifique nada, olham para o facto de tentarem manter contacto com um sinal de que estão a deixar uma porta aberta“, aponta Tatiana Stanovaya, do think tank Carnegie Russia Eurasia Center.

O Diretor do Serviço de Informações Externas russo parece certo desse cenário e em declarações à TASS disse que as conversações serão possíveis “mais cedo ou mais tarde”. “Qualquer conflito, incluindo os armados, terminam com negociações, mas as condições para isso ainda têm de amadurecer”, afirmou.

Desde o início da guerra que Rússia e Estados Unidos têm mantido abertos os canais de comunicação. Naryshkin e Burns já tiveram oportunidade de conversar várias vezes. O diretor da CIA também mantém contacto regular com a Ucrânia e já esteve reunido com várias figuras de autoridade em Kiev.