Vários milhares de manifestantes, agitando a bandeira israelita, voltaram a manifestar-se esta quarta-feira em Telavive para protestar contra a votação parlamentar de uma parte da reforma do sistema judicial proposta pelo governo de direita.

Telavive regista novas manifestações de protesto contra reforma judicial

Vocês arruinaram o país e nós vamos repará-lo” e “Democracia, democracia” foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes, reunidos numa cidade que, desde janeiro, se tornou o centro do movimento de protesto contra a reforma proposta.

Encabeçado pela coligação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que inclui partidos judeus de extrema-direita e ultraortodoxos, o plano divide profundamente o país e desencadeou o maior movimento de protesto da história de Israel.

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Apesar dos protestos, o primeiro-ministro e a respetiva coligação conseguiram que o Parlamento aprovasse, a 24 de julho, uma importante cláusula – a primeira das reformas a tornar-se lei – que limita a possibilidade de o Supremo Tribunal anular uma decisão governamental, avaliando a sua “razoabilidade”.

O objetivo da reforma é aumentar o poder dos representantes eleitos sobre os magistrados.

Mais de 200 mil protestam em Israel contra reforma judicial do Governo

O Governo de Netanyahu considera que esta reforma é necessária para garantir um melhor equilíbrio de poderes, mas os críticos consideram-na uma ameaça à democracia e receiam que possa abrir caminho ao autoritarismo.

Sou contra o Governo. Tudo o que faz é colocar o poder nas mãos de uma única autoridade. Depois de terem arruinado o sistema, penso que é importante sair para a rua para lhes dizer que não vai passar. Temos de mostrar ao governo a nossa determinação face a qualquer ação que tomem”, disse esta quarta-feira Roei Ben Haim, um manifestante de 40 anos, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).

Os manifestantes também defenderam a ideia de que não há democracia sem o Supremo Tribunal de Justiça.

As manifestações atraíram israelitas de todos os quadrantes políticos e sociais, laicos e religiosos, ativistas da paz, operários e trabalhadores do sector tecnológico, bem como reservistas do exército.

O projeto também suscitou a preocupação dos aliados estrangeiros de Israel, nomeadamente dos Estados Unidos, cujo Presidente, Joe Biden, apelou aos dirigentes israelitas para não se precipitarem na imposição de uma reforma que é “cada vez mais fonte de divisão”.