Um grupo de empresários de norte liderado por Diogo Freitas, dono da OfficeTotal Food Brands, chegou a um acordo de princípio para adquirir à Global Media os títulos do Jornal de Notícias, Jogo e rádio TSF. A informação foi confirmada ao Observador pelo próprio Diogo Freitas na sequência de um comunicado emitido pelos acionistas do grupo que detém estes títulos e das notícias avançadas na tarde de sexta-feira pelos jornais Eco, Jornal de Negócios e Expresso.

Segundo o comunicado assinado pelos acionistas Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira, existe “um princípio de entendimento com vista a encontrar uma solução que assegure os títulos da Global Media Group e as condições de trabalho de todos os seus trabalhadores”. O mesmo comunicado, do qual não consta qualquer representante do Word Opportunity Fund que assumiu a gestão executiva da Global Media em setembro, adianta que este acordo prevê o pagamento dos salários de janeiro até ao dia 7 de fevereiro, “estando a ser avaliados mecanismos para regularizar o subsídio de Natal”.

De fora deste acordo de compra ficou o Diário de Notícias, mas a solução para o pagar os salários em atraso abrange todos os trabalhadores da Global Media. Em causa estão mais de 500 colaboradores efetivos, para além de trabalhadores com prestação de serviço, o que representa um custo mensal da ordem dos 800 mil euros.

O empresário que dá a cara por esta operação já tinha tornado público o seu interesse em adquirir estes títulos em janeiro após o agravamento da crise de liquidez no grupo. A proposta previa a aquisição das marcas Jornal de Notícias, o Jogo, Revistas JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta ao Mundo, e mostrava disponibilidade para encontrar uma solução para a rádio TSF. A aquisição, acrescentava o comunicado de janeiro, poderia corresponder a um universo de entre 200 e 250 profissionais.

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A solução implica ainda a transferência de todos os profissionais editoriais destas marcas e de um grupo destes que se comprove que estão mais de 50% do seu tempo afetos a essas publicações, sendo a seleção feita em conjunto com as equipas da GMG, adiantou à agência Lusa.

Ao Observador, Diogo Freitas não quis dar mais detalhes sobre esta operação, ao abrigo de um acordo de confidencialidade. O negócio ainda terá de ser concretizado, para além de requerer a validação da identidade dos novos acionistas por parte do regulador da comunicação social, a ERC isto porque envolve a mudança de propriedade de vários títulos da comunicação social, incluindo uma rádio. Mas esta validação é feita a posteriori no caso de não envolver uma concentração de ativos de media, e os promotores não esperam obstáculos por parte do regulador.

Venda da Global Media a fundo das Bahamas foi desenhada para escapar a controlo prévio dos reguladores

A ERC ainda não concluiu os dois procedimentos que abriu a propósito da mudança de controlo da Global Media de Marco Galinha para o fundo com sede nas Bahamas e cujos beneficiários últimos não são conhecidos. Em resposta ao Observador, fonte oficial da ERC esclareceu que “ainda decorrem diligências, pelo que não é possível para já apresentar uma data final para as tomadas de decisão”. Os procedimentos dizem respeito ao cumprimento das obrigações da licença de rádio da TSF e à identificação da titularidade de acionistas com 5% ou mais do capital.

Para além de Diogo Freitas, empresário de Ponte de Lima ligado à produção e distribuição das bolachas que tinham a marca Belgas (e que passou a Saborosa) e que dá a cara pela operação, estão envolvidos pelo menos mais três empresários. Ainda não é claro se Marco Galinha e outros acionistas da Global Media farão parte desta aquisição, nem o que acontecerá a outras participação da holding como o DN ou os 45,5% do capital da Lusa que os acionistas tentaram vender ao Estado no ano passado. No comunicado emitido esta sexta-feira os acionistas Marco Galinha, Kevin Ho, Mendes Ferreira e José Pedro Soeiro reiteram “que estão, no âmbito das suas responsabilidades, totalmente comprometidos com o futuro do Grupo Global Media”.

O acordo de princípio surge dias depois da demissão de José Paulo Fafe, o representante do fundo em Portugal e que era presidente da comissão executiva da Global Media. O Expresso avança que o Word Opportunity Fund pretende sair da Global Media.

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