O juiz do estado da Georgia a quem está entregue o caso da alegada interferência eleitoral que envolve Donald Trump rejeitou, esta quarta-feira, uma das acusações feitas contra o ex-Presidente norte-americano e outros cinco arguidos, escreve o Guardian. O magistrado considerou não haver indícios suficientes de que Trump tivesse pressionado funcionários da Georgia a alterar o resultado das eleições presidenciais naquele estado, que, em 2020, deu a vitória à tangente a Joe Biden.

A acusação, agora rejeitada pelo tribunal, foi apresentada contra Trump e outros cinco arguidos: Rudy Giuliani (seu antigo advogado), Mark Meadows (seu ex-chefe de gabinete), John Eastman (seu ex-conselheiro), Ray Smith e Robert Cheeley (advogados da Georgia contratados por Trump). Segundo os procuradores, todos tentaram, de várias formas, fazer com que os funcionários do estado da Georgia violassem seu juramento e revertessem o resultado da votação, que, naquele estado, terminou com Biden na frente — com apenas mais de 11780 mil votos do que Trump, num universo de cinco milhões de votantes, o suficiente para o candidato democrata ‘arrecadar’ os 16 grandes eleitores.

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Confrontado com a derrota, num estado que tinha ganho em 2016, Trump telefonou ao secretário de Estado da Georgia, Brad Raffensperger, pedindo-lhe para ‘encontrar’ os quase 12 mil votos que faltavam para reverter o resultado da votação — num telefonema amplamente divulgado pelos media norte-americanos (ver vídeo acima). Como Raffensperger não aceitou reverter a votação, os outros arguidos entraram em cena, pressionado responsáveis pela administração da Georgia a nomear outros grandes eleitores favoráveis a Trump.

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No entanto, o juiz do condado de Fulton Scott McAfee considerou que a procuradora responsável pela acusação, Fani Willis, não detalhou suficientemente o argumento usado, o de que os arguidos procuraram fazer com que os funcionários da Geórgia “violassem o juramentos à constituição da Geórgia e à constituição dos Estados Unidos”. O juiz considera que Willis não explicou, por exemplo, que pontos da Constituição estavam em causa. “A Constituição dos Estados Unidos contém centenas de cláusulas”, disse McAfee. “Estas seis acusações contêm todos os elementos essenciais dos crimes, mas não contêm detalhes suficientes sobre a sua natureza, ou seja, o crime subjacente solicitado”, argumentou o juiz.

Scott McAfee alega que, ao não detalhar os pontos da Constituição que os arguidos pressionaram os funcionários estaduais a violar, o procurador “não dá aos arguidos informações suficientes para que estes possam preparar as suas defesas de forma inteligente, já que os poderiam ter violado” a Constituição em dezenas ou centenas de formas diferentes.