O jato privado que Donald Trump está a utilizar para as deslocações no âmbito da sua campanha pertenceu ao abusador sexual Jeffrey Epstein, antigo amigo do ex-Presidente. A campanha republicana afirmou, esta segunda-feira, que a ligação é uma coincidência e não tinha conhecimento da mesma.

O avião em causa foi fretado pelos republicanos durante o fim de semana para as deslocações de campanha aos Estados do Montana, Wyoming e Colorado. Normalmente, Donald Trump viaja no seu Boeing 757 , conhecido como o Trump Force One, mas foi forçado a recorrer a outro avião, depois de o seu jato privado ter feito uma aterragem de emergência devido a problemas no motor.

Avião onde seguia Trump desviado por problema técnico, mas aterrou em segurança

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Um oficial de campanha do ex-Presidente explicou que, na sequência deste incidente, contactaram uma empresa privada a que já tinham recorrido várias vezes, a Private Jet Service Group. A empresa disponibilizou, então, o jato Gulfstream que Trump tem estado a usar.

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A identificação deste jato como o avião que pertencia a Jeffrey Epstein foi feita na segunda-feira pelo The Miami Herald. Este jornal comparou o número de série da aeronave utilizada por Trump ao do jato que tinha pertencido a Epstein, confirmando que se tratava do mesmo avião, com o número N550GP.

Confrontada com esta informação, a campanha de Trump garantiu que soube do dono anterior através das redes sociais e ia evitar utilizar esta aeronave específica novamente. Já a Elevate Aviation Group, que detém a Private Jet Service Group, desligou o telefone quando foi questionada sobre a coincidência e não respondeu a outras tentativas de contacto.

Este caso atrai atenções porque reacende duas questões polémicas: por um lado, Epstein utilizava os seus aviões privados para transportar raparigas, algumas menores, num grande esquema de tráfico sexual. Por outro lado, os dois magnatas norte-americanos mantiveram uma relação de amizade próxima durante longos anos.

O N550GP não é, contudo, o Lolita Express, o avião que Epstein utilizava para os seus crimes e para transportar passageiros famosos, nos quais se incluem o próprio Trump, Bill Clinton ou o outro candidato às eleições do 5 de novembro, Robert F. Kennedy Jr. Epstein vendeu esse avião em 2017, antes do seu suicídio na prisão em 2019 e este foi, entretanto, destruído, assinala o The Guardian.

Sobre a pública relação entre Epstein e Trump, os dois eram próximos durante os anos 90, tanto que o republicano é um dos nomes que aparece nos ficheiros do processo legal sobre tráfico sexual. Em 2002, Trump disse à revista New York: “Conheço o Jeff há 15 anos. É um tipo incrível”.

Divulgada lista de nomes mencionados no processo de Jeffrey Epstein. Príncipe André, Bill Clinton e Trump entre os referidos

Os dois magnatas afastaram-se em 2004, depois de uma disputa de propriedade. 15 anos depois, Donald Trump garantiu que não falaram durante esse período. “Não seu fã, isso posso garantir”, declarou o, à data, Presidente dos Estados Unidos, aos jornalistas na Sala Oval, meses antes da morte de Epstein na prisão.