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António Lacerda Sales
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Bruno Lisita

Bruno Lisita

António Lacerda Sales: "Marta Temido daria uma excelente presidente da Câmara de Lisboa"

O ex-secretário de Estado da Saúde fica ao lado de Marta Temido na posição sobre os privados durante a pandemia e diz que "se votasse em Lisboa, votaria em Marta Temido" para a autarquia.

António Lacerda Sales, ex-secretário de Estado Adjunto de Marta Temido, está alinhado com o discurso da antiga ministra e assegura que é “testemunha ocular” de que “os privados disseram presente durante a pandemia”, desvalorizando a polémica e garantido que as declarações durante o período pandémico foram “fruto do contexto”.

Em entrevista ao Observador, no programa “O Sofá do Parlamento”, Lacerda Sales deixa uma certeza: “Se fosse eleitor na capital, votaria na Marta Temido para a Câmara Municipal de Lisboa”. O antigo secretário de Estado aponta até a obra feita na cidade enquanto liderou a pasta da saúde.

No momento de greve dos médicos, Lacerda Sales defende um “choque remuneratório” no setor da saúde e apela à serenidade dos sindicatos até ao final de junho, elogiando o caminho de Manuel Pizarro, mas discordando do encerramento de urgências pediátricas.

Quanto ao Governo que integrou durante os primeiros meses, entende que António Costa “tem condições para levar a legislatura até ao fim”, mas admite que dentro do PS “se possam antecipar conversas sobre a sucessão”.

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[Ouça aqui o Sofá do Parlamento, com o deputado do PS, António Lacerda Sales]

“Problemas na Saúde? É preciso tempo”

Foi secretário de Estado Adjunto e da Saúde durante quatro anos. Ainda se sente responsável pelas razões que levaram os médicos a fazer a primeira greve após a pandemia e que está hoje no seu segundo dia?
Foram quatro anos muito exigentes onde não existiu nenhuma greve de profissionais de saúde. É evidente que estávamos em pandemia e por isso existiu uma procura de consensos e de partilha de cedências de ambas as partes. Conseguimos sempre chegar a acordo, reunindo praticamente todos os meses com os sindicatos, conseguindo que não existissem greves nem de médicos nem de outros profissionais de saúde. Quanto ao grau de responsabilidade, o nosso compromisso é permanente e que vai desde o local de trabalho até ao que o país precisa de nós. Quem é responsável sente-se sempre responsável por tudo o que faz na vida política.

Mas não sente que o pós-pandemia foi mal preparado? Que deixou o “menino nas mãos” de quem veio a seguir
A pandemia foi um período muito difícil em que a única coisa permanente era a mudança e a única certeza era a incerteza. Foi uma gestão muito rigorosa que, quer os portugueses, quer a nível internacional, se reconhece que foi uma boa gestão da pandemia. Obviamente com grandes dificuldades. Após a pandemia começamos a recuperar atividade assistencial, as listas de espera, as cirurgias, com uma recuperação em níveis acima dos da pré-Covid. Os portugueses devem continuar a confiar no SNS. Acredito na competência, na determinação e na vontade da atual equipa que está à frente do Ministério da Saúde mas reconheço também que os portugueses exigem que se comecem a apresentar resultados e soluções sólidas e concretas para responder às necessidades. Acredito que é necessário tempo suficiente para que se possam dar essas respostas e acredito na equipa que lidera o Ministério da Saúde.

Os problemas, como o encerramento de urgências, continuam a existir apesar do estatuto do SNS já estar implementado e da direção executiva já estar em funcionamento. Afinal, o problema do SNS é mais do que falta de organização? 
Antes de mais é organização. É importante dizer que temos os melhores profissionais de saúde que tenho conhecido. O problema das urgências é difícil e complexo. No pós-pandemia tivemos que nos confrontar com o problema das maternidades, não com o da pediatria a não ser no Garcia de Orta. Entendo que é necessária uma rede colaborativa de urgências em determinadas regiões na área das maternidades. Já nas urgências pediátricas, até porque aumentamos o numero de pediatras de 2015 para 2022 em mais 300, se possível seria bom manter as urgências abertas tal e qual como estão. Claro que não sendo possível e havendo escassez de recursos será necessário estabelecer também uma rede colaborativa. Mas era muito importante para uma especialidade como a pediatria, com uma grande especificidade, que as crianças tivessem a maior proximidade possível aos seus médicos.

"Entendo que deve haver um choque de remunerações nas profissões de saúde"

Concorda com as prioridades e com o caminho seguido pelo atual ministro? Nota uma continuidade de políticas?
Sim, os contextos são completamente diferentes. Em 2019 tínhamos um guião que era o programa do Governo, depois tivemos uma pandemia e retomámos o guião no pós pandemia. Acho que neste momento a atual equipa deve manter esse guião e prosseguir a execução do programa de governo. Penso que será esse o plano, de acordo com o que tenho ouvido na comunicação social, porque não estou por dentro da estrutura. É muito importante que as negociações com os profissionais de saúde avancem rapidamente. É muito importante que se discuta a organização do trabalho, o serviço de urgências, a dedicação plena mas também uma grelha salarial condigna. Entendo que deve haver um choque de remunerações nas profissões de saúde. É muito importante que estas negociações sejam levadas a bom porto e há tempo, porque estavam previstas até junho e deve haver serenidade por parte dos sindicatos.

Mas onde é que essa resposta pode ser dada, do choque de remunerações? No próximo Orçamento do Estado deve ser dado esse sinal?
No próximo Orçamento do Estado ou logo que possível, assim que o país tenha condições e recursos para tal, para que até ao final da legislatura se possa dar esse choque. Se possível já no próximo Orçamento do Estado.

Era isso que tinha pensado caso tivesse continuado no ministério?
Sim, tínhamos um plano. Em termos de negociações sindicais, o plano era esse. Começar pela organização do trabalho, o trabalho em serviços de urgência e depois a grelha salarial. Penso que esta equipa continuará a trabalhar.

Como é que acha que está a ser o trabalho da direção executiva do SNS, liderada por Fernando Araújo? Já surgiu um caso de uma contratação de uma empresa privada para assessoria de comunicação. Este tipo de atos não mancha a credibilidade de quem deve ser um gestor exemplar?
Não comento pessoas e casos. O estatuto do SNS é do nosso tempo, da anterior equipa, tem por função essencial coordenar a atividade, assegurar o funcionamento em rede.

E tem-no feito?
Esse é um trabalho contínuo, não se faz de um dia para o outro, precisa de tempo. Acredito que no tempo que falta esse plano será concretizado. Sinceramente não consigo fazer uma avaliação concreta porque não estou por dentro da estrutura, só o que ouço na comunicação social, e essa avaliação deve ser feita de acordo com factos e evidências.

Mas tem sido uma mais mais-valia?
Claro que sim. Quando criámos o estatuto do SNS e a direção executiva a ideia era exatamente esta: assegurar uma gestão operacional e assegurar essa articulação, garantir melhor acesso ao sistema de saúde, avaliar a resposta e o desempenho do SNS e promover a participação dos cidadãos.

“Sequelas da pandemia não desaparecem em quatro ou cinco meses”

A semana passada assinalaram-se três anos desde que foram os detetados os primeiros casos de Covid em Portugal. A pandemia continua a ter as costas largas para justificar as falhas do SNS?
A pandemia foi um período muito difícil e exigente. Quando se é reativo e proativo na gestão de uma pandemia, algo que não existia há 100 anos, é necessário que apareçam algumas sequelas que não desaparecem em quatro ou cinco meses. É perfeitamente normal. Não só sequelas na saúde, também na economia, por exemplo. Não é uma questão de costas largas é de realidade, de evidência de factos.

"Quanto às 35h, não se pode querer às segundas, quartas e sextas repor direitos do trabalho e às terças, quintas e sábados querer que seja tudo perfeito em termos de organização do trabalho"

Mas sem a pandemia, por exemplo, o problema da falta de médicos, com a passagem das 40 para as 35h semanais existiria na mesma?
A falta de médicos é estrutural, remonta aos anos 80 e 90. Sou desses anos e lembro-me bem que em 1986, quando acabei o meu curso de medicina, entraram muitos poucos colegas. Quando se olha para a curva de formação, é nessa década que está a formação de médicos. Quanto às 35 horas, não se pode querer às segundas, quartas e sextas repor direitos do trabalho e às terças, quintas e sábados querer que seja tudo perfeito em termos de organização do trabalho. É preciso equilíbrio nas soluções e tempo suficiente para reajustar esta nova organização.

Tem falado muito no tempo necessário para o setor se equilibrar. Qual é que seria o tempo ideal? No final da legislatura o setor estaria consolidado e estabilizado?
Os portugueses podem e devem continuar a confiar no SNS. O nosso primeiro-ministro e o Governo tiveram uma maioria dada pelos portugueses e elas não se retiram pelas sondagens. A confiança não se retira pelas sondagens. Temos uma legislatura para repor muito e fazer muito do que queremos fazer e completar o nosso programa de Governo. Os portugueses entendem que a estabilidade é essencial, percebem que saímos de uma pandemia e que desde 2015 António Costa tem sido um farol de estabilidade para o país e por isso continuam a confiar no primeiro-ministro.

“Privados disseram presente na pandemia”

Numa entrevista à SIC, Marta Temido mudou de posição sobre o setor privado e social, ao dizer que foram absolutamente essenciais durante a pandemia. Concorda com esta opinião?
Sou testemunha ocular de que nós contamos sempre com o setor privado durante a pandemia. Pedimos ajuda quando foi necessário e o setor privado disse presente. Isso aconteceu durante a pandemia. Nunca existiu qualquer preconceito ideológico em relação ao setor privado, bem pelo contrário. Expressámos bem o que diz a lei de bases da saúde: a complementaridade e supletividade do setor privado em relação ao público.

Mas porque é que durante a pandemia o discurso era diferente face a este setor privado? 
Provavelmente dependeu dos contextos. O que posso testemunhar foi a colaboração do setor privado durante a pandemia.

É que chegou quase a existir a tese de que os privados fugiam à responsabilidade durante a pandemia
Não estou de acordo com isso. Existiram momentos em que, por razões óbvias em que um ou outro agente privado, por condições logísticas próprias, poderia não ter as condições necessárias para estar a acolher doentes Covid. Mas isso foram casos muito pontuais porque, na generalidade, o setor privado respondeu bem.

Houve sempre uma linha aberta entre o ministério e os privados?
Colaboração e uma linha aberta, sempre.

“Há pessoas na rua que vêm agradecer a Marta Temido”

O ministro e antecessor de Marta Temido, Adalberto Campos Fernandes, disse que essas declarações representam alguém que quer fazer “vida na política”. Subscreve?
Não vou comentar afirmações pessoais. Em relação ao que Marta Temido disse na entrevista à SIC, devo acrescentar que já fui presidente de concelhia e nunca senti necessidade ser candidato a uma autarquia porque sempre tive bons presidentes de câmara e continuo a ter, em Leiria. Foi no mandato de Marta Temido que se deu inicio a um grande programa de reabilitação de centros de saúde em Lisboa, financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência e por isso não tenho dúvida de que Marta Temido daria uma excelente presidente da Câmara de Lisboa. Se votasse em Lisboa votaria em Marta Temido.

Já está feito o endorsement público. Já falou dessa possibilidade com Marta Temido?
Nunca falámos sobre isso. Respeito o espaço da deputada Marta Temido e não temos tido conversas sobre isso mas tenho uma opinião que é esta que acabei de expressar.

Entre os nomes que se afiguram é um dos mais fortes? É pelo menos legitima essa ambição? Fala-se por exemplo de Duarte Cordeiro 
O PS tem excelentes quadros para assumir a autarquia de Lisboa. Marta Temido, Duarte Cordeiro e com certeza outros nomes. O partido não terá problemas para encontrar um quadro excelente para ser presidente da câmara de Lisboa.

E noutros patamares Marta Temido seria um bom nome também para as eleições europeias? E o António Lacerda Sales admitiria ser candidato europeu?
Estou focado no meu trabalho parlamentar. A Marta Temido assumiu uma responsabilidade política na altura da demissão, com grande dignidade e isso é reconhecido por todos os portugueses. Frequentemente, na rua, há pessoas que vêm agradecer à equipa e a Marta Temido e isso deu-lhe espaço e capital político para futuro que o PS deve aproveitar.

Aproveitando esse seu lado de integrar a Comissão de Assuntos Europeus, fala-se no nome do seu colega de bancada Tiago Brandão Rodrigues. Parece-lhe uma boa escolha?
Também. Como vê, o partido está cheio de bons nomes para muitas funções e mais importante do que os cargos serão sempre as funções. O PS tem excelentes quadros.

Marta Temido tem "espaço e capital político para futuro que o PS deve aproveitar"

“Sucessão de Costa será serenamente consensualizada dentro do PS”

Houve vários casos a afetar o Governo, por diferentes razões. A vossa saída na saúde mas também uma indemnização na TAP que mandou abaixo um ministro com peso político. O Governo está desgastado? Tem condições para chegar ao fim do mandato?
A maioria que foi dada ao Governo de António Costa não lhe é retirada pelas sondagens e a confiança mantém-se até ao final da legislatura. António Costa é um excelente primeiro-ministro. Existem todas as condições para levar a legislatura até final.

O caso TAP provocou baixas relevantes no governo do PS. As consequências políticas estão todas retiradas? Fernando Medina não tinha também consequências a tirar?
Todos os governos com sete ou oito anos de exercício passam por altos e baixos, o que é perfeitamente normal. Este ano foi difícil para o Governo, reconheço isso, mas temos muito tempo até 2026 para governar com tranquilidade e a serenidade possível num contexto internacional muito difícil.

O PS terá congresso previsivelmente em setembro. É tempo de discutir já a sucessão de António Costa?
Acho que ainda não vai por o papel para a reforma. Será lógico que se mantenha o status quo atual e que António Costa mantenha o lugar e função até ao final da legislatura, admitindo que esse tipo de conversas para a sucessão possam começar a ser antecipadas e serenamente consensualizadas dentro do PS.

E há algum nome que consiga bater Pedro Nuno Santos, que é o mais falado para essa sucessão?
É um excelente quadro do partido, como outros que já referiu. Gosto muito do PS, das pessoas do PS e acredito que existirão soluções tranquilas e serenas, quando for a altura própria.

Termino a falar de outro quadro do PS, o António Lacerda Sales. Esperava ter sido convidado para ministro ou continuar como secretário de Estado?
Não. O meu compromisso é com o local onde estou focado a trabalhar que é o Parlamento e a atividade clínica que recuperei depois de ter deixado o Governo, até aquilo que o país precisar de mim. Mais do que cargos são importantes as funções que executamos. É importante é que as instituições sejam elevadas.

Pergunto isto porque recebeu um grande elogio por ter ganho o distrito de Leiria nas últimas legislativas, algo que o próprio António Costa não conseguiu. Isso dá lhe um capital político, pode querer ambicionar algo mais.
Estarei sempre disponível para que o primeiro-ministro necessitar, para o que o país precisar. Esse é o meu compromisso, sem que isso signifique que não esteja agora muito empenhado no meu trabalho parlamentar. Este é agora o meu empenho, o futuro a Deus pertence.

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