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Aventure-se pelos Itinerários Napoleónicos no Centro de Portugal

Durante 3 anos, Portugal lutou contra as invasões francesas, mas a terceira foi a mais dramática, dando palco a batalhas e construções que ficaram para a História. Encontre-as no Centro do país.

Esta não é uma estória de “era uma vez…”. É, antes, uma história “com H grande”. Estávamos em 1806, e o militar francês Napoleão Bonaparte, face à guerra europeia (França tinha a ambição política de se tornar num grande Império), decretou o bloqueio continental, com o intuito de derrotar a Inglaterra. Portugal via-se a braços com um dilema: aceitar e, assim, “apunhalar” a sua aliada Inglaterra de séculos, o que punha em causa a economia portuguesa; ou rejeitar o bloqueio, o que significava traçar uma guerra com a França.

Se de início parecia ser possível negociar e evitar a invasão francesa, cerca de um ano depois, entre 1807/1808, Portugal lutava contra a primeira invasão, liderada pelo general Junot. Em 1809, nova invasão, agora pela mão do general Soult. Mas seria a terceira invasão, em 1810, com o Marechal André Masséna na liderança, que levaria Portugal a ser palco de grandes batalhas e de construção de fortificações que ficariam para a história, sobretudo da região centro de Portugal.

Hoje, séculos depois, ainda é possível sentir este pulsar, através dos Itinerários Napoleónicos no Centro de Portugal que o Turismo do Centro delineou. Vai aventurar-se?

As invasões francesas em Portugal

De 1807 a 1810, Portugal travou as várias tentativas de invasões feitas pelo exército de Napoleão Bonaparte. Mas se as duas primeiras tentativas tiveram menos impacto no país, o mesmo já não se pode dizer da terceira. Depois de Portugal não ter acatado a ordem de Napoleão de fechar portos e comércios à Inglaterra, o exército francês invade o país, e D. João VI (o rei regente na altura) e a corte fogem para o Brasil. Na ausência de liderança política e militar em Portugal, Inglaterra envia o general Wellesley (primeiro Duque de Wellington) para combater os invasores. Este ficaria conhecido pela sua estratégia defensiva, o que lhe valeu os títulos de Conde de Vimeiro e Marquês de Torres Vedras.

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CILT – Sobral de Monte Agraço

O Centro de Portugal foi palco de várias batalhas, que o digam os seus castelos e fortalezas. E para que pudéssemos conhecer mais sobre este período da história, o Turismo do Centro convida a visitar os centros de interpretação que nos dão a conhecer as estratégias militares defensivas utilizadas por ambos os exércitos. Se não sabe onde ir no próximo passeio, deixamos-lhe, aqui, uma sugestão para miúdos e graúdos, e um pequeno “cheirinho” do que pode encontrar nos itinerários napoleónicos no Centro de Portugal.

1.º Itinerário Napoleónico: de Almeida a Pinhel

Corria o ano de 1810, quando o Marechal André Masséna, vindo de Espanha, entrou com a suas tropas por Almeida, um dos municípios da região da Serra da Estrela. Foi local de passagem logo na primeira invasão, tendo tido maior relevância com a batalha do Rio Côa, impedindo a passagem do Marechal e das tropas, e, mais tarde, após o cerco e explosão do barril de pólvora da cidadela (em 1810), que afetou toda a cidade.

Este evento histórico motiva a realização de uma das maiores recriações históricas que existe em Portugal – a Recriação Histórica do Centro de Almeida – evento que tem lugar anualmente na segunda semana de agosto e que conta com a participação do  Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida assim como outros grupos nacionais e internacionais.

O que tem mesmo de visitar:

  • Almeida: Cidadela fortificada dos séculos XVII e XVIII, Casamatas/Museu Histórico-militar de Almeida, Quartel da Esquadras, Centro de Estudos de Arquitetura Militar de Almeida (CEAMA), ruínas do castelo, casa de Lord Wellington (na Freineda), picadeiro d’El Rey, ponte sobre o rio Côa, Memorial do Combate do Côa e o Centro de Interpretação das Fortalezas Abaluartadas da Raia e da Imaculada Business Center.

2.º Itinerário Napoleónico: de Pinhel ao Bussaco

Em 1810, Pinhel é tomada pelas tropas napoleónicas, ao comando do General Loison. Um ano depois, o Marechal Masséna volta a Celorico da Beira (território continuamente disputado por ambos os exércitos) e instala depósitos de pólvora em diferentes igrejas devastadas, como a de Santo António, e incendeia outras, como a da Senhora da Anunciada, na Aldeia da Ribeira.

No mesmo ano, já em julho, os soldados avançaram até chegarem a Fornos de Algodres, onde saquearam, por completo, a vila — da igreja Paroquial da Misericórdia, levaram toda a prata e vários objetos do tesouro do templo. O rasto de destruição e furtos continuou por onde passaram, como Mangualde, Tondela e Santa Comba Dão, neste último local, uma aldeia e metade de outra ficaram destruídas.

O que tem mesmo de visitar:

  • Pinhel: Castelo e pelourinho;
  • Celorico da Beira: Castelo e igreja de Santa Maria;
  • Fornos de Algodres: Pelourinho e igreja da Misericórdia;
  • Mangualde: Igreja da Misericórdia e igreja de São Julião;
  • Tondela: Igreja de Santa Eufémia;
  • Santa Comba Dão: Pelourinho de Santa Comba Dão.

3.º Itinerário Napoleónico: do Bussaco a Coimbra

Na 3ª Invasão Francesa, o município de Mortágua foi palco de uma das mais importantes batalhas registadas: a Batalha do Bussaco. Tropas anglo-lusas e francesas invadiram as estradas do concelho, para aquela que a França achava ser a última batalha. Aldeias e vilas ao redor do Mortágua viveram, também, a presença e a destruição das tropas francesas, como o Carvalhal, a Aveleira ou o Falgaroso da Serra. Por aqui, ainda se rezam lendas desta invasão, nas quais a população sai sempre vitoriosa.

Já em Penacova, as forças francesas tentam chegar ao topo da montanha. Ainda o alcançaram, mas foram forçadas a recuar devido a uma carga da 88.ª Infantaria da Brigada Mackinnon e outras divisões do exército anglo-luso. 22 batalhões franceses foram derrotados, e a ofensiva de Masséna considerada um fracasso.

Também na Mealhada, o exército francês sofreu, a 27 de setembro de 1810, nova derrota, onde hoje se encontra um marco comemorativo, dada a importância desta batalha. Antes disso, ainda em 1807, em Coimbra, travava-se outro confronto: o general Junot, aos comandos de uma tropa franco-espanhola, conseguiu tomar o controlo de Portugal até desembarcar, em agosto de 1808, na praia da Costa de Lavos, na Figueira da Foz. Já chegado a Coimbra, é atrasado pelo Batalhão Académico (constituído maioritariamente por estudantes e voluntários), dando tempo às tropas britânicas de se organizarem. O ponto alto das ações deste batalhão dá-se na ocupação do Forte de Santa Catarina, na Figueira da Foz, defendendo, assim, a cidade de Coimbra.

O que tem mesmo de visitar:

  • Mortágua: Centro de Interpretação “Mortágua na Batalha do Bussaco”, moinho de Sula, e provar a especialidade gastronómica lampantana (com carne de ovelha, assada em forno de lenha durante 3 horas, em tachos de barros vermelho, acompanhada de batatas assadas e legumes);
  • Penacova: Posto de Comando de Wellington, aldeia de Santo António do Cântaro;
  • Mealhada: Campo Militar da Batalha do Bussaco e o seu monumento comemorativo, museu histórico e militar do Bussaco, mata do Bussaco, Convento de Santa Cruz do Bussaco e Hotel Palácio do Bussaco (construído entre 1888 e 1907);
  • Figueira da Foz: Forte de Santa Catarina;
  • Coimbra: Universidade, biblioteca Joanina, mosteiro de Santa Clara-a-Velha, mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Sé Velha, Sé Nova, museu nacional Machado de Castro, igreja de S. Tiago e mosteiro de Santa Cruz.º i

4.º Itinerário Napoleónico: de Coimbra a Arruda dos Vinhos

O quarto itinerário napoleónico desce até à região de Leiria, para rumar, de seguida, à icónica Torres Vedras, palco de um dos mais conhecidos sistemas defensivos desta Guerra Peninsular: as Linhas de Torres Vedras. Além do desempenho do exército, as gentes da terra foram também cruciais para mais uma vitória frente aos franceses, ao construírem um grande número de fortificações e colaborarem na política da terra queimada, deixando para trás as suas casas e entrando num exílio forçado. Além deste município, outros ao seu redor sofreram também o impacto desta 3.ª invasão, como Sobral de Monte Agraço e Arruda dos Vinhos, onde também existem, hoje, centros de interpretação destas linhas.

O que tem mesmo de visitar:

  • Leiria: Castelo, igreja de São Pedro;
  • Torres Vedras: Centro de Interpretação das Linhas de Torres Vedras, Forte de São Vicente, fortaleza da Archeira, reduto da Feiteira, serra do Socorro, serra da Archeira;
  • Sobral de Monte Agraço: Centro de Interpretação das Linhas de Torres (CILT), forte do Alqueidão, forte do Machado, forte do Simplício, forte Novo, quinta Casal Cochim, quinta dos Freixos;
  • Arruda dos Vinhos: Centro Cultural do Morgado — Centro de Interpretação das Linhas de Torres, forte do Cego, forte da Carvalha.

5.º Itinerário Napoleónico: de Torres Vedras ao Sabugal

Depois da batalha das Linhas das Torres, o recuo das tropas de Napoleão não foi pacífico, como aliás se pode perceber pelo quinto e último itinerário napoleónico delineado pelo Turismo do Centro de Portugal. Tomar, terra de templários, fez parte do percurso. Um pouco mais acima, novamente na região de Leiria, Pombal foi também uma cidade vítima de saques e incêndios pelas tropas napoleónicas, em 1811, aos comandos do Marechal André Masséna, após a derrota das Linhas de Torres Vedras. Nestes incêndios, perderam-se, entre outras coisas, forais originais concedidos à vila.

A destruição continuou ao longo do caminho. De passagem por Condeixa-a-Nova, Masséna e as suas tropas destruíram tudo o que conseguiram. A 14 de março do mesmo ano, ambos os lados da guerra envolveram-se numa nova luta, e o Marechal Ney consegue, assim, desacelerar o avanço das tropas aliadas em Casal Novo, perto da Lousã. No dia seguinte, nova batalha na mesma área, mais concretamente em Foz de Arouce.

Seguiu-se Vila Nova de Poiares e Arganil até chegarem à Guarda (de onde anteriormente o general Masséna já tinha marchado até Viseu) e, daí, ao Sabugal. A escassos metros a sul desta vila, ocorreu a batalha do Gravato, nas margens do rio Côa. Na noite de 3 de abril de 1811, as divisões britânicas do general Picton e Dunlop tomaram Sabugal e invadiram a margem oposta, onde as tropas francesas, agora em retirada, estavam acampadas. A batalha do Sabugal foi das últimas da Guerra Peninsular. E aquela cuja derrota das tropas napoleónicas as fez saírem de território português.

O que tem mesmo de visitar:

  • Tomar: Castelo, igreja de Santa Maria, convento de Cristo, aqueduto do convento de Cristo, igreja de São João Baptista;
  • Pombal: Castelo, ponte romana da Redinha;
  • Condeixa-a-Nova: Igreja de Santa Cristina, palácio dos Sás e palácio dos Figueiredos;
  • Lousã: Miradouro de Casal Novo, Foz de Arouce, memorial da Guerra Peninsular, casa dos Condes de Foz de Arouce, ponte de Mucela;
  • Vila Nova de Poiares: Igreja Matriz de Poiares;
  • Arganil: Igreja Matriz da vila de Arganil;
  • Guarda: Castelo e Sé;
  • Sabugal: Castelo, ruínas das muralhas e pelourinho.

Os Itinerários Napoleónicos no Centro de Portugal são uma oportunidade única de conhecer um período importante da história do país. Pegue na família, descubra estas localidades, participe em eventos que recriam momentos marcantes desta época e imagine cenários que, na realidade, aqui aconteceram. Prometemos que todos irão gostar.

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