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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

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Bugalho segue ora ao colinho do Governo, ora embaraçado com extremismos

AD quer ir buscar arrependidos do Chega nas legislativas, mas sem ter de entrar em extremismos. Jura não nacionalizar campanha, mas Governo tem dado ajuda à estratégia.

O ritmo dos primeiros dias de campanha de Sebastião Bugalho desacelerou. Os mercados e contactos com população estão mais comedidos e o cabeça de lista da AD passou para o ambiente mais controlado das salas e salinhas. Enquanto isso, lá fora, o Governo da mesma AD acelera medidas em algumas áreas, destrunfando planos, cartas para eleitorados de peso (professores e pensionistas) e vagas em creches. Jura-se que não há “nacionalização” da campanha europeia, mas ter em funções um Governo da cor da candidatura ajuda. E noutras frentes, obriga a refrear.

“Qualquer ajuda é bem-vinda“. A frase é do próprio candidato que, confrontado com os jornalistas sobre se se sente ajudado pelo Governo, esta terça-feira não deixou de dar esta resposta, ainda que logo de seguida tenha garantido que a “ajuda” com que “conta” é a dos eleitores. Pouco depois destas declarações teria pela terceira vez Luís Montenegro na campanha ao seu lado em Pombal, num jantar-comício. Tinha estado também no arranque, em Évora, e ainda uns dias depois, em Santa Maria da Feira.

O candidato independente teve muitas vezes ao seu lado membros do Governo e isso vai continuar na reta final. Até aqui, já esteve o ministro da Coesão, Manuel Castro Almeida, o ministro da Defesa, Nuno Melo, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e ainda vai estar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e novamente o primeiro-ministro. Os secretários de Estado também povoaram algumas arruadas e comícios, como por exemplo o da Agricultura (João Moura), Ambiente (Emídio Sousa) ou Administração Interna (Telmo Correia). Quem falou foi sempre para atirar forte à oposição, sobretudo naquilo que a AD diz ser a radicalização do PS — o problemático (para Montenegro) apoio no Chega para aprovar projetos no Parlamento.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Além destas ajudas políticas em pessoa, durante esta semana e meia de campanha oficial, o Governo ainda aprovou o prometido Plano de Emergência para a Saúde — mesmo nos primeiros dias da campanha em que a AD tem como principal adversária a antiga ministra da Saúde Marta Temido –, aprovou o Plano de Ação para as Migrações e ainda avançou com a facilitação do acesso a creches gratuitas.

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[Já saiu o quarto episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio e aqui o terceiro episódio]

No aquecimento da campanha, dias antes de começar, já tinha fechado acordo com os professores e mexido nas regras do complemento solidários para idosos, tocando num grupo eleitoral de peso para o PS. Foi já durante a campanha que “a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social enviou uma carta aos pensionistas a informar sobre o aumento do CSI para 600 euros mensais, a eliminação dos rendimentos dos filhos como critério de exclusão e a comparticipação total de medicamentos prescritos”. E anunciou-o nas redes sociais do Governo — na semana anterior, o ministro da Educação tinha feito o mesmo com os professores.

https://x.com/govpt/status/1797191428592042005

Entre a vertigem legislativa do Governo, a campanha de “proximidade” que Bugalho pregava nos primeiro dias acabou por ir para dentro, programando-se que volte apenas mas a esse contacto nos últimos dias — em ações naturalmente mais encorpadas (com Montenegro e Ursula Von der Leyn, onde o contacto próximo fica sempre mais dificultado). Mas o candidato recusa que exista eleitoralismo nesta frente que o Governo programou precisamente para estas semanas. Nos primeiros dias, perante o Plano de Emergência para a Saúde, falava em “feliz coincidência”, agora tenta dar a volta ao texto para perguntar à oposição se “estavam à espera que Governo suspendesse atividade governativa?”. E para aproveitar a deixa para atacar os oito anos de socialismo.

Sebastiãozinho dos mercados? Salta, pede bolos e beijinhos como um preferido das avós

Neste ponto em concreto teve a ajuda de Montenegro, que sempre que foi à campanha foi para comparar os seus dois meses aos mais de 3 mil dias de António Costa e garantir que já tem muito para apresentar. Fê-lo logo em Évora, no primeiro comício, e quando voltou, em Santa Maria da Feira, já tinha mais um plano aprovado e voltou à carga para garantir ter mais “pedalada” do que os seus adversários políticos. Pelo meio vai também garantindo que o ritmo é para manter, “qualquer que seja o resultado” da noite das Europeias.

Já o seu independente preferido do momento vai dizendo, com ironia, que percebe “que haja alguma estranheza e novidade de haver um governo a fazer coisas porque durante 9 anos houve um Governo que não queria resolver o problema”, disse em relação ao Plano para as Migrações. Afastou-se das “tricas políticas”, mas não deixou de se mostrar menos afoito quando o tema são as críticas de aproximação ao Chega com este mesmo Plano. E André Ventura não terá ajudado, ao vir dizer que Montenegro apresentou o Plano nesta altura (e apoiado pelo Presidente da República) para lhe tirar protagonismo.

Para sacudir o extremismo, até a ajuda de um socialista serve

Esta terça-feira, ao fim da manhã em Coimbra, socorreu-se do “insuspeito António Vitorino” para sacudir qualquer radicalismo da AD, ao negar restrições com as novas regras para a imigração aprovadas pelo Governo — nomeadamente o fim do visto sem contrato de trabalho para imigrantes. “Acha que, se as medidas do governo tivessem alguma coisa a ver com a extrema-direita, ou com algumas restrições, António Vitorino as vinha elogiar? Tenho a certeza que não, eu também não as elogiaria?”, atirou aos jornalistas que o confrontavam com o fim de um mecanismo que facilitava entradas.

O argumento a que o candidato se tem agarrado é que o que a “manifestação de interesse” dos imigrantes — a que o Governo pôs agora fim — acabou, sim, por “duplicar” os números do tráfico humano no país. A argumentação que ganha peso no discurso do candidato vai sempre por esta via, desviando-se de questões sobre quotas ou limites a número de imigrantes no país . Há uma tentativa clara de separar as águas face ao Chega e de colá-lo ao lado de lá.

O tema é de extrema delicadeza para a AD que sabe ter no Chega um problema. Foi o partido cujo crescimento, nas últimas legislativas, boicotou qualquer hipótese de a coligação conseguir distanciar-se do PS no resultado final. E a forma de lidar com o partido de Ventura ainda não dá certezas aos partidos da coligação, já que o “não é não” das legislativas clarificou a estratégia, mas isso não fez o PSD crescer o suficiente ao centro. Por isso, agora a linha passa para associar o Chega ao PS e os dois à instabilidade política.

Hugo Soares foi o dono do discurso mais objetivo neste sentido. Em Guimarães, este domingo, o líder parlamentar do PSD esteve ao lado de Bugalho na rua e não esteve com meias palavras. Disse que o PS “acena com o papão da extrema direita”, mas é a ela a que se alia no Parlamento desde as últimas legislativas. Dirigiu-se muito diretamente a quem votou no Chega, aos “muitos que foram votar em protesto contra o que aconteceu em Portugal, foram votar contra o socialismo” e para perguntar: “Como se sentirão a olhar para o partido em que votaram para correr com socialismo a ser uma espécie de colinho do PS” no Parlamento.

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E não ficou pela pergunta, deu a resposta: “Eu sei como se sentem: enganados, frustrados, Todos os portugueses que votaram a contar com uma coisa, que votaram a pensar em alhos e saíram-lhe bugalhos, têm a oportunidade de nesta eleição dizer o que querem”.

Foi o apelo mais direto a esse grupo de eleitores que fugiu ao PSD nas últimas legislativas, mas ele tem andado sempre pelos discursos da candidatura. Está no de Bugalho sempre que pede a Pedro Nuno Santos que defina as suas próprias “linhas vermelhas”, o acusa de “extremismo” ou questiona os socialistas por terem na sua família líderes de governos que deportam imigrantes (Dinamarca), criminalizam o aborto (Malta) e têm muros para imigrantes (Espanha) — um trio a que se agarrou durante toda a campanha para radicalizar o PS.

Do lado da AD vende-se a ideia da “moderação”, de uma coligação que o candidato independente que a representa à cabeça diz ser de “mudança sem isso significar destruição e uma quebra total”, numa altura em que a Europa, diz, “precisa de quem não tenha medo de disromper mas não queira partir tudo, divergir mas não queira rasgar a página toda”. Seguir com difícil equilibrismo pelo caminho do meio, mesmo quando as últimas eleições mostraram que a radicalização levou votos ao Chega.

 
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