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Esta foi a primeira jornada das cerca de 20 que o líder social-democrata vai fazer ao longo do mandato. São quase dois anos em modo campanha
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Esta foi a primeira jornada das cerca de 20 que o líder social-democrata vai fazer ao longo do mandato. São quase dois anos em modo campanha

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVA

Esta foi a primeira jornada das cerca de 20 que o líder social-democrata vai fazer ao longo do mandato. São quase dois anos em modo campanha

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVA

Espumante, cabidela e urticária alheia. Montenegro em modo campanha apostado em cozer Costa

Líder do PSD faz-se à estrada com partido animado pelas trapalhadas do PS e pela hipótese de recuperar pensionistas e funcionários públicos. Rara unidade interna dá margem para esfregar sal na ferida.

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“Vou fazer aqui uma batota e pôr o galo a ferver senão isto dá para muito tarde.” Passam poucos minutos das oito da noite e, em condições normais, os três bichos sacrificados para o jantar demorariam duas horas a cozer bem. “Está tudo em cima de mim, isto é muita pressão. Era para ser meia dúzia e agora de repente são 28…”, desabafa Luís Montenegro. São quase três dezenas de comensais para provarem a canja laranja e a cabidela do líder social-democrata. Cebola, tomate, pimentos, louro, colorau, sal, piripiri, vinagre, sangue, massa, os três ditos galos e outros tantos quilos de arroz. É noite de gala na Quinta da Maria Meta, na Freixiosa, Viseu.

Os mirones vão enchendo à vez a cozinha para verem o líder do PSD de volta dos tachos, calças de ganga Levi’s, sapatilhas e camisola Carolina Herrera a condizer (azuis com apontamentos em vermelho), depois já só de camisa branca e mangas arregaçadas. “Precisa de ajuda, senhor presidente?”; “O frango chega, senhor presidente?”; “Já conhece aqui o (inserir nome de um militante local à escolha), senhor presidente?”, interpelam os muito solícitos espectadores.

Luís Montenegro vai respondendo às solicitações como pode, mais interessado em fazer boa figura à volta do fogão do que em manter conversa de circunstância. “É melhor saírem agora aqueles que se podem impressionar com o sangue”, recomenda, rodeado de gente, objetivas e telemóveis ao alto.

É o terceiro dos sete dias que o líder social-democrata decidiu passar no distrito de Viseu. Com direito a chuva e estradas sinuosas; visitas a igrejas, hospitais, museus e pequenos-médios-grandes negócios; cafés, almoços, lanches e jantares prolongados; padres, bispos e professores, empresários e representantes do turismo; militantes, dirigentes deputados e autarcas do PSD; vinho do porto de Trevões, espumante Raposeira e “Ginja do Victor”; vindima, vitela, beijinhos e bacalhaus; e um t1 com kitchenette arrendado bem no centro histórico da cidade. Montenegro está na estrada e só não houve feirantes porque a chuva estragou os planos originais.

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Se o líder social-democrata não está em campanha eleitoral, parece. Pedro Alves, coordenador autárquico, apoiante de sempre e homem da terra, lidera as operações no terreno. Paulo Cavaleiro, secretário-geral adjunto, é uma espécie de batedor e faz-tudo. Ana Cristina Gaspar, a assessora de sempre, não falta. A comitiva parece crescer à medida que a caravana atravessa o distrito e onde não falta gente para fotografar, gravar e escrever tudo o que se passa, alimentando o site e as redes sociais do partido. Viseu é uma festa.

Esta foi a primeira jornada das cerca de 20 que o líder social-democrata vai fazer ao longo do mandato. Uma semana por mês vivida inteiramente em cada um dos 18 distritos, mais ilhas e comunidades de emigrantes. São quase dois anos de incursões constantes pelo terreno com o objetivo declarado de romper com um ciclo – a era Rui Rio, o mesmo que se despediu simbolicamente da vida política esta quarta-feira –, de aproximar o partido dos eleitores e de espalhar a mensagem: o PS é um alvo cada vez mais possível de abater.

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Uma euforia contida e o inesperado bote salva-vidas

Uma leitura mais cínica poderia permitir concluir também que são dois anos em que Luís Montenegro poderá ver e ser visto pela máquina laranja e blindar a sua posição no partido. No núcleo duro do PSD, no entanto, ninguém compra essa tese: apesar de ter começado o mandato com o rótulo de líder a prazo colado pelos adversários internos (que, apesar da aparente pacificação, não deixaram de existir), os últimos meses trouxeram uma tranquilidade inesperada.

Aliás, existe uma euforia contida na cúpula do partido. Na segunda-feira, quando transformou a Paço dos Cunhas, em Santar, Nelas, no quartel-general do PSD, reunindo a comissão permanente do partido com direito a romaria dos vários altos dirigentes do partido ao distrito de Viseu, as conversas informais apontavam para isso mesmo: ninguém, nem mesmo os mais otimistas, esperava que em tão poucos meses o estado de graça da maioria absoluta socialista se transformasse num carrossel de gafes, crises internas e, pior do que tudo, decisões impopulares com consequências muito imprevisíveis.

Está a correr muito melhor do que esperávamos”, concedia um destacado responsável social-democrata antes mesmo dessa reunião do núcleo duro do PSD. De uma assentada, em cima de todos os casos e casinhos que têm marcado este arranque de legislatura, António Costa arrisca-se a hostilizar as duas bases eleitorais (funcionários públicos e, sobretudo, pensionistas) que mais têm alimentado a máquina socialista desde 2015.

A verdade é uma: por muito que os altos dirigentes sociais-democratas (Montenegro incluído) se esforcem por afastar qualquer intenção de explorar eleitoralmente o debate político que agora se coloca, acenando com o sentido de interesse nacional e o papel de oposição responsável que são da praxe, pela primeira vez em muito tempo, o PSD pode seduzir eleitores que perdeu depois da intervenção da troika. E isso tem um valor político inquantificável.

Em rigor, é a grande oportunidade de inverter uma tendência que se tem verificado consecutivamente e foi particularmente evidente nas últimas eleições legislativas: até prova em contrário, o PSD é hoje um partido incapaz de entrar no eleitorado mais velho e menos qualificado, uma força regional e rural, acantonada a Norte, muito diminuída na região da Grande Lisboa e arredores – onde, de resto, existe uma concentração muito própria de funcionários públicos e pensionistas, segmentos eleitorais que caem, por larga vantagem, para os socialistas.

Agora, e em menos de duas semanas, António Costa informou os pensionistas de que iam receber menos do que a lei determina e os funcionários públicos que não iam ver os seus salários aumentados como poderiam esperar. O pacote de emergência social para combater a crise inflacionista apresentado pelos socialistas pode ser o bote salva-vidas dos sociais-democratas. O PS abriu o flanco e esse diagnóstico é partilhado no PSD; transformar a força do adversário em fraqueza é uma oportunidade real; a questão é como fazê-lo e com que narrativa política.

A verdade é uma: por muito que os altos dirigentes sociais-democratas (Montenegro incluído) se esforcem por afastar qualquer intenção de explorar eleitoralmente o debate político que agora se coloca, acenando com o sentido de interesse nacional e o papel de oposição responsável que são da praxe, pela primeira vez em muito tempo, o PSD pode seduzir eleitores que perdeu depois da intervenção da troika. E isso tem um valor político inquantificável.

“Estes braços cruzados já trabalharam muito”

Luís Montenegro tira notas no pequeno caderno que traz consigo enquanto apoia o braço esquerdo na mesa. É noite de terça-feira e, entre o espumante Raposeira, um Blanc de Noirs servido bem gelado, as saudações da praxe, o jantar e as queixas dos professores universitários, o líder social-democrata está há mais de quatro horas no Manjar Douro, em Lamego.

Para trás tinha ficado um dia cheio. Mais de 150 quilómetros por Viseu, Penedono, São João da Pesqueira, Tabuaço, Armamar, Tarouca e Lamego, com paragem em Resende para visitar a mãe. À meia-noite e meia, quando entra finalmente no Lexus cinzento, o mesmo que antes servia para transportar Rui Rio, não disfarça o cansaço. “Os próximos dias vão ser mais tranquilos”, convence-se.

No banco da frente, conduzido pelo mesmo motorista que o transportou durante a campanha interna contra Jorge Moreira da Silva, com vista privilegiada para a chuva torrencial, nevoeiro e escuridão que escondem as curvas da A24 de Lamego até Viseu, Montenegro admite que as recentes decisões de António Costa e a forma como as comunicou podem vir a reequilibrar a balança eleitoral a favor do PSD; mas recusa embandeirar em arco: mais do que contar com possíveis ganhos no futuro, este é o momento de denunciar as “habilidades” de António Costa.

A estratégia de esfregar sal na ferida socialista é uma evidência e foi uma constante nos três dias que o Observador acompanhou o líder social-democrata durante a jornada por Viseu. O que ainda não é evidente é o que faria Luís Montenegro se estivesse nos sapatos de António Costa. De outra forma: como é que o PSD vai continuar a atacar o PS e, ao mesmo tempo, defender bandeiras (aumento para pensionistas e funcionários públicos em linha com a inflação) que delapidariam as contas públicas sem perder identidade e a credibilidade política.

Até ao momento, o mais longe que Montenegro se permitiu ir foi admitir, em entrevista ao Público/Rádio Renascença, que estaria disposto a discutir a lei de atualização das pensões desde que o PS reconhecesse que há um problema de sustentabilidade na Segurança Social e que tomasse a iniciativa de abrir esse debate. Nada mais.

A bordo do Lexus, o líder social-democrata não muda uma vírgula. “Sou muito pragmático: não sou Governo, nem quero substituir-me ao Governo enquanto o povo não quiser. Isso é fazer o jogo do PS. Não vamos inverter as coisas. Sei que no país há muita gente que quer discutir as propostas do PSD, mas neste o que importa é aferir o cumprimento do programa eleitoral do PS”, diz ao Observador.

A ideia é deixar o adversário a cozer lentamente nos seus recuos e contradições. Cometer o erro de liderar um debate que, no passado, causou tamanho dano reputacional ao partido não é uma opção para os sociais-democratas. Basta-lhes o filme dos últimos dias: depois do baque inicial, o PS reuniu os pesos pesados do partido, iniciou a contraofensiva e foi desenterrar Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, o fantasma da troika e o papão do corte das pensões, os estigmas da caridadezinha da direita e o “rótulo” de caloiro para Montenegro.

A estratégia de esfregar sal na ferida socialista é uma evidência. O que ainda não é evidente é o que faria Luís Montenegro se estivesse nos sapatos de António Costa. De outra forma: como é que o PSD vai continuar a atacar o PS e, ao mesmo tempo, defender bandeiras (aumento para pensionistas e funcionários públicos em linha com a inflação) que dilapidariam as contas públicas sem perder identidade e a credibilidade política.

O líder social-democrata não inverte a estratégia e mantém a mensagem onde a quer: quem deve explicações é o PS, não o PSD. Trata-se de aprender com os erros e má fortuna de outros. Na última campanha para as eleições legislativas, Rui Rio passou duas semanas a jurar a pés juntos que não queria privatizar a Segurança Social e António Costa a jurar exatamente o contrário – com os resultados que se viram para um e para outro. Agora, neste contexto, Montenegro não quer cometer a imprudência estratégica de chamar o foco das atenções para o PSD.

Nas várias intervenções públicas que fez ao longo dos últimos dias em Viseu, Montenegro não se desviou uma única vez do guião. Acusou o adversário de ser “dissimulado”, de ter “cobardia política”, de se baralhar nas suas próprias “habilidades” e de estar a adotar uma fórmula que introduz uma “uma grande injustiça social”. Em contrapartida, não deixou uma única pista sobre o que faria em alternativa. A razão é simples:  quem tem um problema político para resolver são os socialistas e não será o PSD a meter a cabeça no cepo; Montenegro está de braços cruzados enquanto vê o circo socialista a arder.

Gesto, aliás, que lhe valeu um bate-boca curioso com o padre Amadeu, cicerone circunstancial durante a visita a Trevões. À provocação deste último sobre o facto de ser político e de estar (literalmente, neste caso) de braços cruzados enquanto escutava os desabafos do pároco, Montenegro respondeu com um igualmente provocador “estes braços estão cruzados mas já trabalharam muito”. O sacerdote devolveu: “Oh meu querido, com tanto paleio ainda chega a padre na próxima encarnação”. Antes dessa encarnação, Montenegro talvez chegue a primeiro-ministro — os primeiros meses de mandato sugerem que, por vezes, ficar de braços cruzados enquanto o adversário se estampa também tem os seus méritos e vantagens.

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A urticária do inimigo número dois

A atualidade tratará de compor o resto, supõe-se. “É uma evidência que a autoridade política do Governo se deteriorou neste período. É uma situação estranha. Foi empossado há um ano e apresenta um desgaste que é próprio de quem está há sete anos no poder. Existe uma saturação dos portugueses”, analisa Montenegro durante a viagem Lamego-Viseu. “Mas isso não nos faz mexer uma palha do nosso objetivo: reaproximar o PSD dos portugueses.”

À denúncia das contradições dos socialistas em matéria de pensões, Montenegro aproveitou o passeio pelo distrito de Viseu para juntar umas pitadas sobre os dramas do Serviço Nacional de Saúde, carregou nas tensões no PS sobre a tributação dos lucros extraordinários, desenterrou as promessas por cumprir desde o tempo de José Sócrates (em Mortágua, chegou a posar para as câmaras em frente a uma placa descerrada de uma obra que nunca aconteceu) e foi atingindo, com referências diretas e indiretas, uma figura em particular do universo socialista: Pedro Nuno Santos.

Com o atual alinhamento dos astros, não é impossível que os dois, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, venham a medir forças nas próximas eleições legislativas. Não só não é impossível como, a esta distância, é o cenário mais plausível. Nem de propósito, nos últimos meses, à boleia do folhetim sobre o novo aeroporto, social-democrata e socialista têm alimentado publicamente essa rivalidade. Esta semana, em Viseu, Montenegro acrescentou-lhe um novo capítulo com uma ajuda preciosa vinda do outro lado do campo: foi António Costa a assistir para golo.

Em entrevista à CNN, a que Montenegro assistiu apenas na companhia da mulher no tal t1 arrendado — enquanto a equipa mais próxima despachava umas pizas num hotel ao lado –, o primeiro-ministro hesitou tanto em dizer se o ministro com a tutela fazia ou não parte das conversas que estão a decorrer com o PSD sobre a questão do aeroporto que os jornalistas chegaram a perguntar se Pedro Nuno Santos ia ser um mero executante do que Costa e Montenegro decidissem. Em antena, o socialista ainda tentou contrariar a tese; mas, na reação, Montenegro atirou a matar.

“António Costa não o quis assumir, mas eu assumo-o. As conversas que temos tido são a dois, o meu interlocutor é António Costa. É ponto assente, não vale a pena estar com subterfúgios. Sou direto e era bom que o país também tivesse um primeiro-ministro direto, em vez de andar sempre a dissimular as coisas, enfim”, despachou. Por outras palavras: Pedro Nuno Santos não se senta à mesa dos crescidos.

Nas curvas e contracurvas até ao centro de Viseu, enquanto conversa com o Observador, Montenegro descarta qualquer intenção de começar a medir forças antecipadamente com Pedro Nuno Santos, garante que não se está a travar de razões com o governante por antecipar qualquer embate futuro e insiste que o socialista é hoje um ministro “desautorizado” e uma nota de rodapé nas verdadeiras negociações.

“Tenho notado que as minhas intervenções provocam urticária nesse ministro em particular. Mas não tenho nenhuma intenção em destacá-lo de forma especial. Não é isso que me move, não tem nada que ver com ele poder vir ou não a ser líder do PS”, assegura, sem, no entanto, resistir a fazer uma provocação: “Até guardo boas recordações de quando foi meu adversário”. Montenegro só se compara com Costa porque comparar-se com Pedro Nuno é uma desgraduação. O futuro dirá se voltarão ou não a ser adversários diretos.

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As europeias como verdadeiro prólogo

Por muito que os cálculos políticos sejam, aparentemente, mais felizes do que seria de supor inicialmente, a realidade objetiva não se alterou: Luís Montenegro continua na difícil posição de liderar a oposição a um governo maioritário em início de ciclo, sem estar no Parlamento, com um Presidente da República demasiado coadjuvante para o palato de muitos na oposição, à frente de um partido que, da última vez que esteve na mesmíssima situação, triturou três líderes sem remorsos, e ao leme de um espaço político que continua tão fragmentado como antes.

Montenegro está, por isso, a tentar contrariar a história passada e recente do seu próprio partido num quadro político particularmente complexo. Resta-lhe desembaraçar o caminho dos obstáculos que não controla e criar o contexto certo para aguentar no cargo durante quatro anos até às próximas legislativas e vencer quem quer que se apresente à frente do PS.

Daí que não perca tempo a alimentar qualquer desconforto com Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo, mesmo que na sua própria direção haja quem classifique o comportamento do Presidente da República como “incompreensível” e que os sinais de “desafinação” entre Belém e a São Caetano sejam evidentes.

“Para cooperarmos e colaborarmos não temos de estar sempre a dizer as mesmas coisas. A posição do Presidente é suprapartidária. O PSD não está à espera de que seja [Marcelo] a fazer o trabalho do PSD, nem o Presidente está à espera de que seja o PSD a dar orientações sobre o trabalho que tem de fazer. Não há nenhum drama”, desvaloriza.

O líder social-democrata aplica o mesmo esforço para desvalorizar as sombras à direita. Nem sequer se anima (em público, pelo menos) com as dores de crescimento da ameaça chamada Chega. “Só me interessa combater este Governo e ser alternativa ao PS. Não me interessa mais nada. O meu foco é esse”, remata.

O comportamento destas variáveis – o desgaste ou não do Governo, a aliança informal Belém-São Bento, a concorrência à direita – , Montenegro não domina. Resta-lhe sobreviver politicamente para contar a história e, para isso, tem de superar o desafio das europeias, em 2024.

“Tenho notado que as minhas intervenções provocam urticária nesse ministro em particular. Mas não tenho nenhuma intenção em destacá-lo de forma especial. Não é isso que me move. Até guardo boas recordações de quando foi meu adversário”
Luís Montenegro sobre Pedro Nuno Santos

Há cerca de meio ano, quando o ciclo pós-Rio começou a ser discutido, muitos no PSD antecipavam que qualquer fosse o sucessor iria cair com estrondo nesse distante mês de maio. O próprio Luís Montenegro, ainda na pele de candidato a líder, reconhecia que o risco de dispersão de votos, um certo sentimento anti-União Europeia e a elevada taxa de abstenção tornavam tudo mais imprevisível e um resultado nas urnas difícil de antecipar.

Para um líder que se afirmou na oposição a Rio agarrando-se aos resultados desastrosos em eleições, perder as europeias será um sapo difícil de engolir. Hoje, apesar dos sinais positivos e dos tropeções do PS, as cautelas mantêm-se. “Sei que são eleições desafiantes e que não será fácil vencê-las ou reforçar a nossa representação. Quando chegar ao fim destes dois anos, a minha perspetiva é recandidatar-me. E nessa recandidatura quero ser julgado por aquilo que fiz como um todo”, mantém Montenegro.

Até lá, o líder social-democrata terá de encontrar um cabeça de lista e uma equipa para apresentar a jogo. O PSD saiu do último Congresso com os cacos colados pela primeira vez em muito tempo e com as inimizades, rivalidades e antipatias entre os vários egos, sensibilidades e fações postos de parte em nome de um bem comum: a sobrevivência política do PSD enquanto verdadeiro partido de poder. A escolha da próxima lista às europeias será, também por isso, uma ameaça à rara unidade que vai animando o partido. Montenegro não tem intenção de desfazê-la antes do tempo.

“Tenho o desejo de apresentar uma candidatura suficientemente mobilizadora para vencer as eleições. “Não tenho nenhum nome na cabeça. Não tenho absolutamente nada decidido”, garante. Essas serão cenas para capítulos distantes. Este é o tempo de cozer o PS na praça pública. Avaliando pela cabidela servida na noite de quarta-feira,  Montenegro sabe o que tem de fazer; mas, ao contrário do que aconteceu na Quinta da Maria Neta, não está sozinho nesta cozinha. Vai ser mais difícil recuperar eleitoralmente do que alimentar 28 pessoas.

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