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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Costa acusa Rio de "atingir dignidade desta campanha" com caso Tancos

Depois de uma reunião de emergência com o staff de campanha para decidir a resposta a Rio, António Costa optou pelo ataque: "A mim Rui Rio não atingiu, mas atingiu a dignidade da campanha eleitoral"

António Costa estava num encontro com startups em Lisboa quando Rui Rio fez uma conferência de imprensa sobre o caso Tancos e, no final, esteve uns minutos reunido com o staff para decidir se respondia aos jornalistas que o esperavam. Acabou por fazê-lo e nem ouviu a pergunta (que era sobre se a acusação de Tancos era política, como diz Azeredo Lopes), disparou direto a Rui Rio: “A mim Rui Rio não atingiu, infelizmente atingiu a dignidade desta campanha eleitoral e temo que tenha desiludido muitos dos que o entendiam como uma pessoa com princípios que não mudam de dois em dois dias”.

Costa foi forte na resposta à conferência de imprensa do líder do PSD: “Não é aos 58 anos que eu lhe reconheço autoridade para fazer julgamentos morais sobre a minha atitude política”. Além disso, o secretário-geral socialista tinha outro recado para Rio, já que “ainda há dois dias” o ouviu “dizer que tinha como princípio fundamental não fazer julgamentos na praça pública. Eu não mudo de princípios fundamentais de dois em dois dias”. Isto para concluir logo de seguida que “quem sacrifica aquilo que são princípios fundamentais da forma de estar na vida política envergonha-se a si próprio mais do que ataca quem quer atingir”.

Na declaração de dois minutos à imprensa, começou logo por atirar ao social-democrata ao considerar que Rio “tinha a estrita obrigação de saber” que Costa respondeu “por escrito a todas as questões que a comissão de parlamentar de inquérito colocou sobre este caso e que concluiu que nada tinha a apontar” ao primeiro-ministro. Também disse que nos dois anos que durou a investigação, a justiça “nunca” lhe “colocou qualquer questão e se tivesse alguma dúvida sobre o meu comportamento certamente tê-lo-ia feito”. Saiu sem se disponibilizar para responder a qualquer pergunta.

Entre as cinco e as sete da tarde, o socialista esteve numa iniciativa de campanha, em Lisboa, com representantes de startups a fazerem perguntas e Costa a responder, não esteve ligado à antena e nem às declarações de Rio . Alguns elementos do seu staff desapareceram da sala no momento em que Rui Rio falava a partir das Caldas da Rainha. No fim do evento, quando os jornalistas aguardavam o líder socialista no fundo da sala, Costa foi rodeado por Mariana Vieira da Silva (ministra e sua conselheira direta), um dos assessores de imprensa, o diretor adjunto de campanha Duarte Cordeiro, o chefe de gabinete Francisco André e também Jorge Lacão (o socialista estava no evento). Depois de conferenciarem uns minutos, a indicação inicial de que Costa não faria mais declarações hoje, mudou: “Vai falar”, anunciou a assessoria de imprensa. E Costa reagiu com peso às acusações que chegaram da candidatura social-democrata, depois de uma resposta matinal sobre as notícias que davam conta do desconforto na Presidência da República sobre o suposto envolvimento do chefe de Estado no caso.

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Marcelo e a manhã em Moscavide

De manhã, na Avenida de Moscavide, já a banda aguardava há uns minutos quando António Costa chegou. Foi a primeira manhã em que houve música na caravana socialista e foi também a primeira arruada digna desse nome — pelo menos com a presença de jornalistas — do PS, em terreno seguro, já que este é um passeio tradicional dos socialistas (e numa freguesia da mesma cor). Digamos que se aqueles 450 metros fossem o país, António Costa arranhava a maioria absoluta. Mas Moscavide não chega. O que também pode não ter chegado foi a forma como no dia anterior respondeu de raspão às notícias que envolviam o Presidente da República no caso Tancos. E esta manhã, Costa não quis deixar margem para dúvidas: “Está acima de qualquer suspeita”.

No fim da arruada e questionado pela primeira vez, com disponibilidade, sobre as notícias do caso Tancos, cuja acusação está prestes a sair e apanha em cheio o PS, o socialista refugia-se no seu mantra para as questões de casos judiciais: “Há cinco anos [desde a detenção de Sócrates] que mantenho sempre a mesma regra, e não é agora seguramente que a vou quebrar, que é os casos da justiça tratam-se na justiça. Não se tratam na rua, muito menos em campanha eleitoral”.

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Certo é que, ao terceiro dia de campanha oficial, Tancos é mesmo um dos principais temas a pesar sobre a campanha, sobretudo a socialista que vê um ex-ministro prestes a ser acusado e até um deputado, recandidato ao cargo, apanhado num SMS intercetado pela investigação. Houve também a escuta, noticiada pela TVI, sobre uma suposta referência a Marcelo, a acusação, como “papagaio-mor do reino”, que veio fazer o Presidente reagir de imediato. Costa só se disponibilizou a responder aos jornalistas para declarações (até esse momento não tinha sido possível) ao segundo dia da notícia e para estranhar os “disparates que se dizem” sobre ele e o Presidente da República. Depois declarou, para afastar dúvidas:

O Presidente da República está acima de qualquer suspeita sobre o que quer que seja”.

Tancos. “É bom que fique claro que o Presidente não é criminoso”, diz Marcelo

António padroeiro dá música e António candidato dá rosas que até servem para a “Nossa Senhora lá de casa”

Começámos a arruada pelo fim, porque as declarações só chegaram no final fa iniciativa de campanha socialista, já junto à Igreja Santo António. É o nome do padroeiro da cidade e do (re)candidato ao país. Nem por acaso, a caravana tinha começado, na outra ponta da rua, ao som da marcha lisboeta. “Santo António já se acabou”. Também se acabou a rosa da senhora que aguarda Costa em cima do muro de um dos canteiros do passeio. É baixinha e assim fica mais visível no meio daquela turba que vem por aí abaixo. Fica tão entusiasmada ao ver o líder socialista que ao estender-lhe os braços parte o pé da rosa vermelha que a comitiva lhe tinha oferecido. “Ai que já parti a rosinha!”.

O candidato diz logo que tem de lhe dar outra e o jota diligente, mesmo ali ao lado esquerdo, estende-lhe a flor de pé inteiro (e espinhoso — afinal, são rosas, senhora). Costa e a mulher trocam chapadinhas de afeto e a caravana passa. “A outra com o pé partido ainda dá para pôr num copinho ao pé da Nossa Senhora lá de casa”, fica a dizer a mulher que acabou por ficar com as duas.

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A Avenida é amiga da caravana, é um bastião socialista em Lisboa e passagem obrigatória em tempo de campanha. Sempre foi PS, desde o 25 de abril, e só se perdeu quando houve a junção com a freguesia da Portela, em 2013. Mas nas mesas de voto de Moscavide o PS nunca perdeu em autárquicas e agora reconquistou a freguesia unida. É, por tudo isso, terreno amigo e mesmo o senhor da camisa às riscas que se queixa a Costa de Fernando Medina — porque quer ficar com a casa de habitação social em que habita há mais de 40 anos e a Câmara não a vende —  vota no PS. “Pois claro, desde sempre. Eu e a minha mulher”, diz ao Observador.

Junto a Costa circula Ferro Rodrigues, candidato número três da lista por Lisboa, e alguns membros do Governo, sobretudo secretários de Estado — dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, e o secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita. Aliás, este último chegou mesmo a receber, das mãos de Costa uma reclamação que lhe chegou às mãos, junto ao oculista da rua. Elsa tem 68 anos e há dois que meteu os papéis para a reforma, sem nunca ter tido resposta. O líder socialista faz ali mesmo uma perninha como primeiro-ministro e despacha o assunto para o secretário de Estado do Emprego ali ao lado.

A rua não enche de loucura mas, a dada altura, a polícia tem de afastar as pessoas da estrada para deixar passar o 302 que pára na Praça José Queirós. Costa vai no mesmo sentido, mas tenciona parar novamente no Palácio de São Bento.

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