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Quando receberam a tarefa de pensar e produzir vídeos curtos de fact check, dirigidos às redes sociais e com base nos fact checks que o Observador faz diariamente no jornal, a Madalena Guinote Ramos e o Rodrigo Mendes, ambos da equipa Multimédia, decidiram começar a “conspirar”. A expressão é deles, que se confessaram agora, quando lhes pedi detalhes para escrever esta newsletter. |
Os dois conhecem bem estes processos na nossa redação: desenha-se uma ideia, debate-se, ajusta-se, desenha-se de novo se for preciso, debate-se outra vez e multiplicam-se versões — umas em que só mudam detalhes, outras que parecem feitas de raiz. Não sei se é defeito ou feitio, mas gostamos mesmo de ter tudo muito bem pensado antes de avançar. E somos muito picuinhas com o resultado final — todos, graças a Deus. |
Desta vez, e para tentar evitar tudo isso, a Madalena e o Rodrigo decidiram à socapa que não iam apresentar uma ideia, um guião, um esboço: iam apresentar o episódio-piloto já pronto. Talvez assim (imagino que tenham pensado) todos os editores e elementos da direção que, depois, iriam opinar sobre o trabalho percebessem imediatamente o génio do produto final e respondessem apenas: “Publique-se!” |
Só que não. |
A culpa não é do vídeo, atenção. Por mais que me custe admitir, agora que sei do “plano conspirativo”, o episódio-piloto estava bastante bom, de facto. Mas, se pode ficar melhor, porque não tentar mais um bocadinho? |
A Madalena Guinote Ramos já tinha passado horas a tentar perceber como é que se diz em menos de um minuto — o tempo máximo de cada um dos vídeos — tudo o que é preciso dizer para desmentir uma informação falsa. Escreveu um primeiro guião, gravou-o e percebeu que ultrapassava largamente a meta. Reescreveu-o, gravou-o novamente e voltou a não conseguir. Teve de repetir o processo umas quatro vezes até ficar abaixo dos 60 segundos mágicos. Só aí percebeu que, para resultar, o texto que serve de base ao vídeo não pode ter mais do que 120 palavras — 140, vá. |
O Rodrigo Mendes também já tinha andado muito tempo à procura de soluções criativas que ajudassem a ilustrar o guião da Madalena. Achava todas as referências que lhe mandaram “demasiado simples e pouco cativantes”. E também já tinha percebido que, além das imagens e dos grafismos, o som seria igualmente fundamental para garantir a atenção dos espectadores. |
As alterações que era preciso fazer ao episódio-piloto não eram assim tão complexas, mas ainda os obrigaram a testar cenários em sete sítios diferentes da redação. Durante uma tarde, era vê-los a montar arraiais nas escadas, no corredor ao pé dos cacifos, sentados nos sofás da receção ou junto à equipa comercial. E isto antes de poderem avançar para as gravações definitivas, com os dois apresentadores da rubrica, o André Maia e a Maria Miguel Duarte, e já com a ajuda do João Manuel Lopes, na imagem. |
Claro que, quando essa parte ficou concluída, o vídeo já tinha mais de 60 segundos outra vez. |
O problema é que muitas das informações falsas que correm nas redes sociais parecem tão bem fundamentadas que, acreditam muitos, só podem ser verdade. E para as desmontar — e desmentir —, às vezes é preciso ir ponto por ponto, argumento por argumento. Nos artigos que fazemos no Observador não há limite de palavras, podemos escrever quantas quisermos para garantir que fica tudo bem explicado. E também já estamos habituados a esse trabalho: começámos a publicar fact checks regularmente em 2015; fazemos parte do International Fact-Checking Network (IFCN) — uma rede de fact checkers que aderem ao código de conduta do Poynter Institute — desde 2017; e em 2019 passámos a integrar uma rede mundial de fact checkers independentes que verifica a autenticidade de conteúdos partilhados no Facebook. Agora só temos de garantir que conseguimos fazer o mesmo em 120 palavras. |
O primeiro episódio dos novos vídeos de fact check do Observador foi publicado nas nossas redes sociais na segunda-feira, 19 de agosto, pouco mais de um mês depois de o Rodrigo e a Madalena terem começado a conspirar. Entretanto, já publicámos mais três. Pode vê-los aqui, aqui, aqui e aqui — e avaliar se o plano secreto deu bom resultado. |
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Um Rei na Boca do Inferno
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Podcast Plus
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No primeiro episódio de “Um Rei na Boca do Inferno”, o Duque de Windsor chega a Portugal em 1940 e fica em casa de Ricardo Espírito Santo. Começa um mês de intrigas que envolvem nazis e Aliados.
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Podcast Plus
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Pressionado pelo governo britânico, o Duque de Windsor decide ceder e regressar a Inglaterra um dia depois de chegar a Portugal. Mas na embaixada recebe uma informação inesperada que vai mudar tudo.
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No final da guerra, os Aliados descobrem centenas de documentos secretos nazis comprometedores para o Duque de Windsor. E que revelam o plano que foi posto em prática em Portugal.
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Podcast Plus
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Ricardo Espírito Santo, o dono da mansão onde o Duque de Windsor ficou em Cascais, em julho de 1940, era um dos homens mais poderosos do país. Que papel teve o banqueiro nas conspirações daquele mês?
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Podcast Plus
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Os nazis enviam um agente a Portugal para garantir que o plano para atrair o Duque para o lado da Alemanha é bem sucedido. Quando nada funciona, Hitler ordena o rapto.
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Podcast Plus
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O agente alemão toma uma decisão inesperada. Os alemães recorrem a uma última jogada desesperada: pedem ao banqueiro Ricardo Espírito Santo para fazer uma abordagem direta ao Duque.
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Talvez lhe tenha escapado
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Incêndios
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Em poucos dias arderam mais de quatro mil hectares. Mas, afinal, como e onde começaram as chamas e por onde foram passando? Os meios e os momentos-chave.
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Orçamento do Estado
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Ambiente político favorável a negociação orçamental está a degradar-se. Socialistas estão divididos sobre OE, mas veem Montenegro apostado em eleições e esperam resposta de Pedro Nuno na rentrée.
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Câmara Municipal Lisboa
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Dirigente já falou com presidente do PS Lisboa para voltar à política autárquica, quatro meses depois de ter renunciado à junta a que presidia. Nesta entrevista também fala do OE e destoa da direção.
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Eleições Presidenciais
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Bloco de Esquerda rejeita nomes mais populares no PS, Livre quer ver se Sampaio da Nóvoa ou Ana Gomes avançam. PS acredita que esquerda acabará por se unir - nem que seja à segunda volta.
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Partido Chega
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Ventura recorda um ano de vitória (sem referência às europeias), volta a colar PSD e PS e não apresenta mais propostas para pressionar o Governo no OE, mas acredita que Pedro Nuno está "encurralado".
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Iniciativa Liberal
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Mayan é candidato à liderança da IL e trabalha numa segunda tentativa de destronar a linha da direção. A equipa recusa-se a olhar para a próxima convenção como uma segunda ronda pós-Carla Castro.
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Comissão Europeia
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Fator-supresa que Montenegro tem utilizado adensa as dúvidas sobre o novo comissário, mas há sinais de que a escolha possa ser uma mulher. Primeiro-ministro tenta guardar o nome até ao final do mês.
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Guerra na Ucrânia
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Ucrânia garante que não avisou aliados da ofensiva de Kursk e estes confirmam. Um facto consumado que, porém, pode ter contado com um aviso em cima da hora. Para já, o apoio é total. Até quando?
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Eleições EUA
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A candidata democrata usou o discurso da nomeação a candidata à presidência para se aproximar do centro e tentar apresentar um programa onde Gaza foi a questão mais relevante.
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Guerra na Ucrânia
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Nunca houve reintrodução de controlos fronteiriços em Schengen por razões políticas, mas atribuição de vistos a cidadãos russos pode levar a Comissão a aplicar essa sanção à Hungria.
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Serviço Nacional de Saúde
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Muitas unidades aceitam que médicos concentrem férias no verão, receando que deixem o SNS. Urgências ressentem-se e Ordem revê mínimos das equipas. Cinco inspeções de 2022 consultadas pelo Observador.
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Hospitais
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Dois médicos especialistas do hospital gozaram férias em simultâneo, deixando a unidade sem capacidade de resposta em agosto. Solução foi enviar doentes para Coimbra. Direção Executiva em silêncio.
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Hospitais
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Governo anunciou em julho sistema de suplementos para incentivar trabalho extra nas urgências, mas até agora ninguém recebeu. Serviços do Ministério admitem "complexidade" e hospitais mantêm dúvidas.
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Arterial
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Como reage uma médica ao prognóstico reservado? Como se adapta, com todas as cautelas? Delfina Carvalho está a reaprender a viver com amiloidose cardíaca, com uma impressionante rede de apoio.
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Transporte Ferroviário
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Ex-secretário de Estado diz que CP ia ser compensada pelo passe criado em 2023. Como terá de ser pelo passe mais barato. Regulador tem de dar parecer ao título, mas ainda não foi consultado.
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Transporte Ferroviário
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Há mais perguntas do que respostas sobre o passe de 20 euros na CP. A medida é "simpática", mas especialista avisa que preço não é o fator mais importante e há risco de piorar qualidade do serviço.
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Lisboa
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Três das quatro estruturas dos antigos depósitos da fábrica do gás de Lisboa vão sobreviver a mega-reconversão urbanística de uma área industrial. O investimento estimado é de 320 milhões de euros.
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Cinema
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Nova longa-metragem do cineasta brasileiro Karim Aïnouz traz crime e sexo até a um motel no Ceará. Estreado em Cannes, vai ser exibido em Portugal em simultâneo com o Brasil. Falámos com o realizador.
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Música
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A pop está a afastar-se das suas duas rainhas e anda à procura de novas princesas. Mesmo que as tabelas digam que estamos errados, Sabrina Carpenter, Charli XCX e Chappell Roan estão por todo o lado.
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Livros
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A violência, o ódio, a opressão. A escritora espanhola Layla Martínez quis vingar as mulheres que a antecederam e fê-lo ao primeiro romance, "Caruncho".
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Opinião
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As coisas são difíceis nas oposições mas não era preciso serem tão más: os últimos dias anunciam-nos justamente que o estado da mediocridade é para continuar.
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Como se distinguem os pagamentos extraordinários de Costa dos de Montenegro? Não distinguem. São o resultado da política vice-versa: aquela em que cada líder opta por fazer o mesmo que o seu contrário
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A prosaica consulta no anexo do Palácio Ratton, feita a esferográfica e com horário limitado, era mais rápida, menos burocrática e muito mais transparente do que a prática da nova Entidade.
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Ter um vulcão activo à vista da janela é talvez o lembrete sereno de que não é por termos o fim à espera desde que nascemos que deixamos de viver.
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As crianças brincam cada vez menos, e isso é trágico. Por mais que “brinquem” cada vez mais horas por dia com o telemóvel; e isso é alarmante. Mas a sua saúde mental não está em perigo só por isso.
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