O nosso governo1 está de parabéns. Devido a uma cuidadosamente preparada & impecavelmente executada campanha de sensibilização conseguiu chamar a nossa atenção para a importância da ética na vida pública. Embora a mensagem que tem sido passada seja algo rasteira, foi um primeiro & importante passo para a consciencialização de que devemos pautar as nossas ações por princípios elevados, procurar o Bem e evitar fazer de Mao.

Fica, no entanto, uma primeira questão: será que nos devemos congratular por o governo ter finalmente definido um conjunto de ações, posses, incompatibilidades e condenações2 que não são aceitáveis em aspirantes a cargus públicos? Ou será que não nos devemos antes lamentar por ser preciso que o faça? O que é que a necessidade de publicitar que há coisas que não são aceitáveis a membros do governo nos revela sobre o nível moral3 da nossa vida púbica? Que é elevada, ou que é uma miséria?

Surge depois outra dúvida: será que compete ao governo, ou ao estado4, nos dizer a nós, os cidadãos, o que é ético e ou que não é, o que podem e o que não podem fazer aqueles que aspiram ao nobre, mas ingrato sacrifício pessoal de se tornarem secretários de estado? Não será que devia ser antes o contrário? Não devia ser a sociedade a impor padrões morais aos pulítcos & funcionários públicos? O guverno pertence à nação ou é a nação que é propriedade do governu?

E é preciso escrever e publicitar em Diário da Re pública5 um questionário? Então os denudados servidores, e candidatos6 a servidores da causa púbica são tão-tão competentes que não sabem distinguir por si sós o que é moral e o que é imoral? Ou será que foram eleitos autarcas e deputados porque são pessoas imorais? E será legitimo excluir do gubernu um deputado ou um autarca que foi escolhido, por voto universal e secreto, exatamente porque é reconhecidamente um excelente crápula, um fantástico peculador ou algo afim?

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E para que serve verdadeiramente o questionário das 36 perguntas? Desse quando é que um político, ou um empresário ligado ao ps/d, tem dificuldade em poupar a verdade7 hoje para a poder usar amanhã? Ou será que o questionário pretende testar a capacidade política de um candidato a ministro? Será, na verdade, um teste à sua perícia em defletir questões do foro ético?

E o nível ético de uma pessoa deve-se aferir pelo que ela nos diz, ou por aquilo que vemos que ela faz? Pelas suas declarações & discursos ou por aquilo que devia fazer e não faz, pelas suas entrevistas & respostas a questionários ou por aquilo que obriga os outros a fazer ou os não deixa fazer?

U avtor não segve a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreue coumu qver & lhe apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. Governo: deidade secundária em países socialistas—subordinada ao partido, que é o deus todo-poderoso; deus que suga o sangue dos governados e que requer a sua imolação ritual em sede de irs, irc, iva e outros altares tributários, sendo que a carne das vítimas deve ser consumida ou pelo fogo ou pelos sacerdotes partidários; em períodos obscurantistas pensava-se o governo era do país e da a nação, e que estava ao seu serviço, mas estudos científicos recentes, realizados no âmbito do materialismo dialético, demonstraram que o contrário é que corresponde à natureza das coisas.
  2. Condenação: prémio conferido em comemoração de certo tipo de atos; requisito para exercer cargo público (nb.: este requisito está em vias de ser suspenso temporariamente); reconhecimento feito em sede judicial de mérito exemplar no serviço à causa pessoal ou partidária com dano da pública; é geralmente acompanhada por uma punição, que pode incluir exílio para Bruxelas, ou outra colónia penal gerida pela EU, e o agrilhoamento forçado a uma isenção fiscal durante o período da pena.
  3. Moral: padrão pessoal e variável do que é bom e correto fazer; aquilo que permite aferir o comportamento dos outros pela opinião do Observador; estudos antropológicos do Pe. Mário Centavo (ver sua Opera Omnia, vol. 79) confirmaram que a moralidade em Mem Martins é diferente da de em São Bento, para grande escândalo das monjas e monges desse venerável mosteiro; no entanto este escândalo é mais que compensado por uma enorme conveniência para os monges: basta-lhes apanhar um táxi para Mem Martins para fazerem sem receio de escândalos aquilo que seria reprovado em São Bento (e vício-versa); dois exemplos universais de moralidade irrepreensível (como se a moralidade pessoal não fosse sempre irrepreensível ou pudesse servir de exemplo universal) são o sr. Pol Pot e dr. Sócrates; aquilo que é conveniente numa dada circunstância; farisaísmo; o contrário de libertinagem; o mesmo que ética.
  4. Re pública: forma organizativa da nação em que quem é governado é quem governa; sendo o governado quem governa, esta relação política torna a obediência pública facultativa, sendo, no entanto, algo controverso a quem pertence esta faculdade, se ao que governa (i.e., o que governa só deve obediência facultativa ao governado e pode, por exemplo, aumentar os impostos quanto quiser), se ao que é governado (i.e., o governado só deve obediência facultativa ao que governa e pode, por exemplo, não pagar os impostos se lhe der na re al gana), posto que Hegel, com base na identidade do governado com o governante, considerava esta dicotomia espúria (i.e., aumentos da carga tributaria equivalem a aumentos da evasão fiscal) .
  5. Estado: entidade administrativa nacional operada por uma vasta gama de bacilos Λ outros parasitas, indolentes mas esfomeados; mecanismo de sucção, distribuição Λ entrega, sendo que o sujeito da sucção é a nação e o sumo é distribuído e entregue à camarilha.
  6. Candidato: dador, ou distribuidor, de candy.
  7. Verdade: correspondência de pensamento ou afirmação com a realidade; especiaria que frequentemente deixa um sabor amargo (ver Aleksandr Solzhenitsyn, A World Split Apart); conceito que palermas e ignorantes acreditam ter realidade ontológica apesar de todo o investimento feito pelo Ministério da Deseducação y Incultura na disciplina cidadania & desenvolvimento; incomodo instrumento de mudança neste mundo de aparências; uma das causas que leva os regimes socialistas à falência; (neo-warxismo) mistela de desejabilidade individual e aparência social; a controvérsia de se a verdade é finita ou infinita ainda não foi definitivamente resolvida pelo Centro de Filosofia, sendo que no primeiro caso, defendido pelos materialistas dialéticos, é um recurso limitado que deve ser poupado e ser usado com parcimónia se quisermos que sobre algum para o futuro, opinião que é combatida por grupos de fanáticos religiosos que a identificam com a divindade mas defendem o seu uso sacrílego nas relações e negócios humanos.