Para nós, aqui no Observador, este ano teve mais do que 12 meses. Só pode, porque aconteceu mesmo muita coisa.

A 25 de fevereiro, apenas um dia depois do começo da invasão russa, o João Porfírio e a Cátia Bruno entraram na Ucrânia. O editor de Fotografia e a jornalista de Internacional do Observador tinham saído de Lisboa na madrugada anterior. Levavam na mala coletes à prova de bala, capacetes, conservas e barras energéticas — sabiam que iam estar algum tempo em locais perigosos. Mais tarde, a Cátia foi substituída pelo diretor adjunto Pedro Jorge Castro, a que se seguiu o editor de Sociedade e Internacional Carlos Diogo Santos. No total, o João Porfírio ficaria 75 dias na Ucrânia. Graças a eles, os leitores do Observador e os ouvintes da Rádio Observador puderam seguir o que se passava na guerra através de um ponto de vista próprio.

Esse trabalho seria premiado internacionalmente. A reportagem multimédia sobre Andriivka, que contava os 30 dias da violenta ocupação russa de uma pequena aldeia na Ucrânia, ganhou o Gabo, o mais importante prémio de jornalismo ibero-americano. Esse trabalho e um outro feito no terreno em Kharkiv foram ainda distinguidos no European Newspaper Awards, que elegem o que de melhor se faz no design de jornais europeus.

A nossa série de entrevistas sobre saúde mental também receberia uma menção honrosa dos prémios de jornalismo da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. As conversas do Labirinto, conduzidas pela subdiretora Sara Antunes de Oliveira e pela editora da rádio Carla Jorge de Carvalho, são feitas com tempo e têm ajudado a dar visibilidade a um dos principais problemas dos nossos tempos.

Este também foi um ano de grande agitação política. E o Observador tem cumprido a sua missão de escrutinar todos os poderes. Foi nossa a notícia sobre a empresa do marido da ministra da Coesão que recebeu fundos comunitários. Foi também nossa a notícia sobre a empresa do ministro Pedro Nuno Santos e do pai que fez um contrato com o Estado. Foi ainda nossa a notícia sobre a acusação do Ministério Público a Miguel Alves, que levaria à demissão do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. Foram tantas as notícias que o próprio António Costa disse publicamente que o Observador “tem sido a grande fonte de comunicação sobre estes assuntos”. É, de facto, a nossa obrigação.

Ao longo destes 12 meses (que pareceram mais), o Observador esteve em todos os sítios onde estavam as notícias — do Brasil, onde se deu a eleição de Lula da Silva, ao Qatar, onde se jogou o Mundial, passando por todos os locais em Portugal onde havia documentos comprometedores para revelar ou informações incómodas para escavar.

Nunca é de mais dizer: tudo isto só foi possível com o apoio dos nossos milhares de assinantes e também dos que, entre eles, nos deram o privilégio de se tornarem Patronos — se quiser também ser um, só precisa de vir aqui. Por isso, obrigado por ter estado ao nosso lado durante este ano — quando as coisas correram bem, muito bem ou menos bem; quando acertámos e quando, infelizmente, errámos; quando demos notícias que informaram, ajudaram, escrutinaram, alegraram ou infernizaram. Espero que o próximo ano também tenha, para todos nós, mais do que 12 meses.

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