Bernie Sanders não estava a jogar em casa, mas quase — Vermont e New Hampshire ficam mesmo ao lado —, e fez aquilo que se esperava: venceu esta terça-feira as eleições primárias do Partido Democrata naquele estado e segue como um dos favoritos à nomeação do partido para a corrida à Casa Branca.

Ainda assim, o senador do Vermont, que em outubro sofreu um ataque cardíaco e esteve temporariamente fora de combate,  ficou bastante longe da prestação de 2016, em que bateu Hillary Clinton por mais de 22 pontos — no fim, recorde-se, a vitória retumbante no estado, que tem apenas 24 dos 1991 delegados necessários, não lhe serviu de muito e não conseguiu a nomeação do partido para as eleições presidenciais.

Apesar de a contagem dos votos ainda não estar encerrada, Sanders lidera a contagem nas primárias do New Hampshire com 25,7%. Pete Buttigieg, o ex-maior da pequena cidade de South Bend, no Indiana, vencedor-surpresa do caucus do Iowa, segue em segundo lugar, com 24,4%. A senadora do Minnesota Amy Klobuchar teve 19,7%, Elizabeth Warren 9,4% e o ex-vice-Presidente Joe Biden, até há pouco mais de uma semana considerado o grande favorito ao embate com Donald Trump, foi o grande derrotado da noite, não passou dos 8,4%.

Na noite desta terça-feira, enquanto festejava a vitória, Bernie Sanders proclamou: “Isto é o início do fim de Donald Trump”. Depois, porque para poder disputar a grande guerra tem primeiro de ganhar uma série de batalhas em casa, o senador do Vermont apontou aos rivais democratas, nomeadamente a Buttigieg, que vai vencendo a luta do dinheiro e é neste momento o candidato com mais doações angariadas, e garantiu que a sua campanha vai fazer cair os multimilionários e os “candidatos financiados por multimilionários”.

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“A razão por que acredito que vamos vencer, é o facto de termos um movimento popular sem precedentes, de costa a costa, de milhões de pessoas”, começou por dizer. “Vamos vencer porque estamos a reunir um movimento político sem precedentes, multigeracional e multirracial. Este é um movimento de costa a costa, que exige que finalmente tenhamos uma economia e um governo que trabalhe para todos nós — e não para os ricos que fazem doações para as campanhas”, terminou, perante a multidão entusiasmada.

Pete Buttigieg, o candidato de apenas 38 anos que até há bem pouco tempo poucos conheciam e que continua a surpreender nas contagens — segue em primeiro lugar na corrida à nomeação do partido para as eleições presidenciais do próximo 3 de novembro, com 22 delegados, logo seguido por Sanders, que tem 21 —, elogiou o adversário mais próximo, garantiu que o admira desde os tempos de liceu, e acabou a acusá-lo de querer partir o partido e o país. “Nesta época de eleições, alguns têm-nos dito que ou somos a favor da revolução ou a favor do status quo. Mas onde é que isso deixa o resto de nós? A maioria dos americanos não sabe onde se encaixa nessa visão polarizada, e não podemos derrotar o presidente mais fraturante da história americana moderna se deitamos abaixo qualquer pessoa que não concorde connosco 100% do tempo.”

As primárias do Partido Democrata seguem a 22 de fevereiro no Nevada e a 29 na Carolina do Sul. A “super terça-feira”, em que de uma vez vão a votos 14 estados e os democratas no estrangeiro, acontece no próximo 3 de março.

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