Portugal anunciou esta segunda-feira um fundo de 1,2 milhões de euros, dos setores público e privado, para apoio às vítimas da violência armada em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e quer mobilizar outros parceiros.

“Conseguimos mobilizar recursos financeiros e materiais, entre o setor público e privado em diversas áreas e que ascendeu a 1,2 milhões de euros“, disse Francisco André, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português.

Francisco André falava na cerimónia de lançamento do Fundo de Apoio Humanitário a Cabo Delgado, em Maputo, durante uma visita a Moçambique que vai durar até quinta-feira.

O governante referiu que se pretende “mobilizar outros parceiros e Estados também amigos de Moçambique” para se juntarem ao fundo de apoio à província, considerando que o montante entregue esta segunda-feira “não resolve o problema”.

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“O nosso apoio não se esgota nem hoje, nem nesta ação de apoio humanitário. Estamos muito empenhados em continuar a apoiar e a solidarizar-nos com Moçambique e com esta crise humanitária em Cabo Delgado”, referiu o secretário de Estado.

O fundo reúne contribuições públicas e de empresas portuguesas presentes em Moçambique, destinado a apoiar as atividades de agências das Nações Unidas em Cabo Delgado.

O Governo de Moçambique considera que a iniciativa vai “ajudar a minimizar o sofrimento de mais de 800 mil pessoas vítimas dos ataques” armados naquela província, disse Luísa Meque, diretora-geral do INGD – Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres de Moçambique.

“Valorizamos o esforço e o empenho realizado pelas diferentes empresas portuguesas para ajudar o nosso Governo”, acrescentou.

Entre as entidades que contribuíram para o fundo de apoio a Cabo Delgado constam as empresas Casais, Teixeira Duarte, Mota-Engil, Gabriel Couto, Fidelidade, Águas de Portugal, Apifarma, Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Fundação Aga Khan, Galp, Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português (Millennium BCP) e o Banco Português de Investimento (BPI).

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.