Donald Trump terá questionado os assessores se a China tinha “tecnologia secreta” capaz de fabricar furacões e depois lançá-los em território norte-americano. Quis ainda saber se tal representaria uma operação de guerra e, em caso afirmativo, se os Estados Unidos (EUA) poderiam retaliar militarmente.

Estas perguntas foram feitas várias vezes, revelaram três antigos oficiais, sob anonimato, à Rolling Stone. “Não tive a sensação de que Trump estava a brincar, de todo”, ressalvou uma das fontes, considerando o inquérito “quase estúpido demais para palavras”.

Já outro ex-funcionário governamental garantiu que não compreendia onde o então Presidente teria ouvido falar sobre a utilização de furacões como bombas e, uma vez, até perguntou sobre “furacões nucleares”.

Eu estava presente [uma vez] quando ele perguntou se a China ‘produziu’ furacões para lançar no nosso território. [Trump] queria saber se a tecnologia existia. Um homem na sala respondeu: Não, no melhor dos meus conhecimentos”.

Não foi a primeira vez que Donald Trump fez perguntas sobre este fenómeno climático. Em 2019 veio a público que o político terá sugerido que os Estados Unidos utilizassem armas nucleares para impedir que os furacões chegassem a território norte-americano: “Já entendi, já entendi. Porque é que não os bombardeamos?”. A reação chegou através do Twitter ( antes de ser expulso), rede social onde Trump escreveu que eram “apenas mais notícias falsas” e a ideia era “ridícula”.

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Donald Trump desmente ter sugerido parar os furacões com bombas. “Nunca disse isso”

No mesmo ano surgiu mais uma polémica com furacões. Tudo começou a 1 de setembro com um aviso do ex-Presidente no Twitter sobre o furacão Dorian, em que se lia: “Em adição à Florida, a Carolina do Sul e do Norte, a Geórgia e o Alabama vão muito provavelmente ser atingidos com (muita) mais intensidade do que se antecipava”. A Agência Meteorológica de Birmingham rapidamente desmentiu, na mesma rede social, a previsão, garantindo que o Alabama não seria afetado.

Está instalada a confusão. Gráfico do Dorian mostrado por Trump foi ou não alterado?

Três dias depois, a 4 de setembro, no Salão Oval, Trump mostrou aos jornalistas o mapa oficial com a esperada trajetória do furacão Dorian — a branco –, que parecia ter sido alterada com um marcador negro de forma a incluir o Alabama, como se vê no tweet partilhado pela cientista Kait Parker, por exemplo. O caso viria a ficar conhecido como Sharpiegate, devido à caneta da marca Sharpie que Trump usava.

Um porta-voz de Trump não quis prestar declarações sobre a história da Rolling Stone. Já Stephanie Grisham, conselheira do Presidente republicano na época do Sharpiegate, garantiu à revista que, enquanto esteve na Casa Branca, não ouviu falar sobre a possibilidade de a China fabricar furacões, contudo não ficaria “nada” surpreendida se tivesse ouvido tal coisa.

Ele deixava escapar coisas malucas o tempo todo e dizia aos assessores para investigar ou fazer algo a esse respeito. A sua equipa diria que ia investigar, sabendo que, na maioria das vezes, ele esqueceria rapidamente – como uma criança pequena”.