Índice
Índice
“A ciência ficou refém da política”, “o medo toldou a razão” e o “egoísmo prevaleceu”. Foi assim que os escritores africanos Mia Couto e José Eduardo Agualusa reagiram ao que aconteceu na passada semana. A África do Sul e o Botswana partilharam com o mundo que tinham encontrado uma nova variante (sobre a qual ainda muito pouco se conhece) e, da Europa, em vez de receberem ajuda, viram as fronteiras fechar-se a sete chaves.
“Cientistas sul-africanos foram capazes de detetar e sequenciar uma nova variante do SARS-CoV-2. No mesmo instante, divulgaram de forma transparente a sua descoberta. Ao invés de um aplauso, o país foi castigado. Junto com a África do Sul, os países vizinhos foram igualmente penalizados. Em vez de se oferecer para trabalhar juntos com os africanos, os governos europeus viraram costas e fecharam-se sobre os seus próprios assuntos”, criticam os escritores moçambicano e angolano. A mesma ideia foi partilhada pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que vê mais danos para a economia e dificuldades em responder à pandemia.
“O povo africano não pode ser responsabilizado pelo nível imoralmente baixo das vacinas disponíveis em África, e não deve ser penalizado por ter identificado e partilhado as informações científicas e sanitárias essenciais com o mundo”, disse também António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, citado pela AFP.
O encerramento das fronteiras a vários países da África austral também foi criticado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Uma abordagem muito agressiva”, disse Nicksy Gumede-Moeletsi, virologista na OMS África. “Encerrar fronteiras ou proibir voos vai provocar um estigma sobre os países onde foram detetados os casos. O risco é que outros países não anunciem os casos da variante com receio de serem sujeitos às mesmas restrições”, reforçou.
Tulio de Oliveira, diretor do Centro para a Resposta Epidémica e Inovação na África do Sul, alertou no Twitter para um outro problema: a proibição do voos para a África do Sul poderá implicar que não cheguem ao país os reagentes necessários para se investigar a nova variante (ou qualquer outra).
Today, I spent a big part of my day talking to genomic and biotech companies as soon we will run out of reagents as airplanes are not flying to South Africa! It will be 'evil' if we can not answer the questions that the world needs about #Omicron due to the travel ban!
— Tulio de Oliveira (@Tuliodna) November 29, 2021
Assim que os países europeus e a América do Norte “acabarem a vacinação, vão impor restrições de viagem e a África vai tornar-se o ‘continente da covid’”, disse John Nkengasong, diretor dos Centros para o Controlo e Prevenção da Doença de África. A previsão foi feita em março, como recordou o jornal El País, mas os últimos dias confirmaram o receio do virologista camaronês. “No início da pandemia, todos disseram as coisas certas sobre solidariedade global e equidade no acesso [às vacinas], mas isso não se traduziu em atos”, disse John Nkengasong na entrevista de março ao semanário sul-africano Mail & Guardian.
Falta solidariedade na distribuição das vacinas
É preciso vacinar os mais vulneráveis em todo o mundo, voltou a reforçar Tedros Adhanom Ghebreyesus. O diretor-geral da OMS lembrou (mais uma vez) da importância da equidade no acesso à vacina, ou seja, que a vacina possa chegar aos países mais pobres, nomeadamente em África, como tem chegado aos países mais desenvolvidos. Ghebreyesus considerou “um escândalo” que todos os dias sejam dadas seis vezes mais doses de reforço em todo o mundo do que primeiras doses.
The new #COVID19 virus variant – Omicron – has a large number of mutations, some of which are concerning. This is why we need to speed up our efforts to deliver on #VaccinEquity ASAP and protect the most vulnerable everywhere. https://t.co/b9QBMJXtJl
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) November 26, 2021
“A falta de solidariedade já estava presente (e aceite com naturalidade) na chocante desigualdade na distribuição das vacinas. Enquanto, a Europa discute a quarta e quinta dose, a grande maioria dos africanos não beneficiou de uma simples dose”, escreveram também Mia Couto e José Eduardo Agualusa.
A falta de solidariedade acontece não só nos países europeus — como o Reino Unido que se prepara para dar mais uma dose para toda a população, incluindo uma quarta dose para as pessoas imunodeprimidas (com sistemas imunitários debilitados) —, mas também no próprio continente africano. Dois países africanos (Tunísia e Argélia) já começaram a dar a terceira dose, Cabo Verde conta começar a fazê-lo em dezembro, mas quase 90% da população africana não recebeu sequer a primeira.
Na Europa, América do Norte, Oceânia, na China e vários países asiáticos, e até nos maiores países da América do Sul, pelo menos 50% da população já está totalmente vacinada. Em África, pelo contrário, só um país atingiu essa marca: Marrocos, com mais de 60% da população vacinada. Grande parte do território africano, incluindo os países da África ocidental, central e oriental, da Guiné-Bissau a Moçambique, passando por Angola, têm 10% ou menos da população totalmente vacinada contra a Covid-19.
Em muitos países, a população têm-se mostrado hesitante na toma da vacina, quer pela desconfiança das vacinas que vêm dos países ricos, quer pela enorme quantidade de desinformação que circula no continente. A chegada das vacinas a conta gotas também não ajuda a aumentar a confiança da população, nem na implementação das campanhas de vacinação. Os serviços de saúde já de si frágeis, enfrentam assim um novo conjunto de desafios.
Em África faltaram vacinas, mas também preparação e financiamento. Agora, vai melhorar
É mesmo preciso apostar na vacinação em África?
Os casos de infeção com SARS-CoV-2 e as mortes associadas à Covid-19 registadas nos países africanos desde o início da pandemia é incomparavelmente menor do que aquela que se verifica nos países desenvolvidos. A estrutura da população é completamente diferente da dos países do hemisfério norte, mas existe outra palavra-chave neste caso: registo.
Se não podemos garantir que todos os óbitos e muito menos os casos de infeção foram contabilizados na Europa ou Estados Unidos, muito mais difícil será fazê-lo nos países em que o acesso aos serviços de saúde é difícil, onde existem outras doenças com uma elevada taxa de mortalidade e com sintomas que se podem confundir com outras doenças. Estima-se que apenas um em cada sete casos de infeção seja detetado em África.
A população dos países africanos é, em geral, mais jovem e com uma esperança média de vida mais baixa do que nos países industrializados e sofrem muito menos de certas comorbilidades, como diabetes ou hipertensão. São pelo menos dois fatores de risco a menos para doença grave, internamento e morte com Covid-19. Tratando-se de uma população mais jovem e ativa, também é comum que os sintomas sejam mais ligeiros, o que torna mais difícil a deteção da infeção e potencia a rápida transmissão nas populações que têm muitos contactos.
O mistério africano: a pandemia avança, mas mata (muito) menos do que no resto do mundo. Porquê?
Mesmo na presença de casos de doença ligeiros e sem conseguirem proteger totalmente da transmissão, as vacinas continuam a desempenhar um papel muito importante para esta população: um sistema imunitário que seja capaz de bloquear, travar ou dificultar a replicação do vírus não está só a impedir que a pessoa fique doente e que transmita aos outros, mas também está a reduzir a probabilidade de o vírus sofrer mutações e dar a origem a novas variantes.
Porque é que com menos vacinas há mais mutações?
A variante Ómicron, disse o diretor-geral da OMS, é a prova dos efeitos negativos das injustiças na distribuição das vacinas. “Quanto mais tempo demoramos para alcançar a equidade nas vacinas, mais permitimos que o vírus circule, sofra mutações e se torne potencialmente mais perigoso.”
The Omicron variant reflects the threat of prolonged vaccine injustice. The longer we take to deliver #VaccinEquity, the more we allow the #COVID19 virus to circulate, mutate and become potentially more dangerous. pic.twitter.com/tfN5SlBiA5
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) November 28, 2021
Os receios manifestados com o que pode acontecer em África também já surgiram em outras partes do mundo. Em abril deste ano, o Brasil era classificado como a potencial fábrica de variantes que seriam dispersas por todo o mundo.
De facto, o Brasil e outros países da América do Sul viram surgir novas variantes, embora nenhuma com o impacto que teve, por exemplo, a variante Alfa na Europa, uma variante que surgiu no Reino Unido. A Índia e o subcontinente indiano também tiveram o seu papel na pandemia de Covid-19: entre outras variantes que tiveram algum impacto no subcontinente, a Delta acabou por dominar grande parte do mundo.
Não importa o continente, o que interessa é que se reúnam as condições propícias ao surgimento de novas variantes. Tudo começa com um vírus que só há pouco tempo (dois anos ainda é pouco tempo) começou a infetar humanos. As mudanças em alguns dos genes do ARN do vírus permitiram-lhe entrar nas nossas células, usá-las para se multiplicar e sair para infetar outras pessoas. Mas, tirando isso, o vírus tinha (e tem) um grande leque de modificações para testar neste “novo” hospedeiro (nós), como lembrou o STAT News num artigo de agosto.
De cada vez que o vírus se multiplica, como uma impressora mal calibrada, podem acontecer erros na cópia da informação. Por vezes, a mensagem torna-se ilegível ou transmite uma informação errada, é prejudicial ao vírus e estes descendentes não vingam. Outras vezes, as mudanças nos genes tornam-nos mais bem adaptados a conviver (e aproveitar-se) do hospedeiro: entram mais facilmente nas nossas células, multiplicam-se melhor e mais rapidamente, são libertados em maior quantidade e mudam o suficiente para conseguirem dificultar o trabalho do nosso sistema imunitário.
Em cada nova variante podem existir uma ou mais mutações de interesse — ou 30, na grande exceção que representa a Ómicron —, mas o efeito de cada uma delas não é necessariamente somado ao das restantes. Na verdade, um vírus que seja muito bom a escapar-se ao nosso sistema imunitário pelas mudanças na proteína spike, pode ter mais dificuldade em entrar nas nossas células por causa dessas mesmas mudanças. É como uma pessoa que se disfarça tão bem que não é reconhecida na rua, mas que depois não consegue entrar em casa porque nem a porteira percebe quem é.
Das mutações que aumentam a capacidade de infeção às que se deixam atacar pelos anticorpos
Ora, se de cada vez que o vírus se multiplica podem acontecer erros (quem não se lembra dos erros nas cópias e ditados?) e desses erros podem surgir mutações favoráveis ao vírus, quando mais se replicar, maior a probabilidade de surgirem variantes mais aptas.
Quanto mais disseminado estiver o vírus, circulando livremente e infetando as pessoas sem entraves, maior a probabilidade de surgirem estes erros e mutações. Mesmo que não seja totalmente eficaz, um pequeno exército criado pelo sistema imunitário graças à vacina ou a uma infeção anterior, ajuda a travar esta multiplicação sem controlo.
No caso da Ómicron, tal como terá acontecido com a Alfa, suspeita-se que um tão grande número de mutações numa só variante possa ter tido origem numa pessoa com um sistema imunitário debilitado, que demorou muito tempo a livrar-se da infeção com SARS-CoV-2. O tempo prolongado de permanência no organismo de uma pessoa, sem ser removido pelo sistema imunitário, permite que o vírus acumule inúmeras mutações e que, tornando-se bem sucedido, se comece a espalhar a outras pessoas.
Covid-19. Cientistas britânicos desdramatizam efeitos de nova variante
Com tantas mutações, esta variante é mesmo perigosa?
Todos concordam que ainda não existem dados suficientes sobre a nova variante, mas a opiniões dividem-se quanto ao seu perigo: dos líderes europeus e autoridades de saúde do Reino Unido, que consideram o vírus muito perigoso e defendem o encerramento das fronteiras, aos especialistas de várias nacionalidades (e até o Presidente norte-americano, Joe Biden) que não veem ainda motivo para pânico.
“As mutações [da Ómicron] existem noutras variantes, e as vacinas conseguiram prevenir a doença grave com as [variantes] Alpha, Beta, Gamma e Delta”, afirmou o imunologista Andrew Pollard, diretor do grupo de investigação de vacinas da Universidade de Oxford que desenvolveu a vacina da Covid-19 para o laboratório AstraZeneca, à BBC.
A própria OMS teve uma postura mista: criticou o encerramento das fronteiras e as medidas restritivas impostas à África austral e outros países africanos, mas ao mesmo tempo foi rápida a classificar a Ómicron como variante de preocupação e a apresentá-la como tendo potencial para ser mais resistente à imunização e mais contagiosa, com um risco de transmissão alto. “Pode haver novas ondas de Covid-19 com consequências graves, dependendo de muitos fatores, como os locais onde essas ondas ocorrem”, lê-se num documento da organização.
João Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (Insa), criticou a posição da OMS, dizendo que deveria ter havido “um pouco mais de prudência” por parte da organização, uma vez que ainda não há dados que digam que a Ómicron é uma variante mais severa. “Penso que foi lançado o pânico de uma forma um bocadinho desnecessária mesmo pela própria Organização Mundial de Saúde”, disse à Lusa o coordenador do estudo sobre a diversidade genética do coronavírus em Portugal.
A OMS pediu aos países que aumentem as medidas de vigilância e que notifiquem possíveis casos ou surtos associados à variante. O investigador do Insa espera que dentro de duas ou três semanas já existam dados que permitam tirar mais conclusões sobre esta variante.
A experiência mostra-nos que houve algumas variantes que causaram bastante alarme inicial, mas poucas se tornaram realmente importantes no curso da pandemia a nível mundial. A Beta (que teve origem na África do Sul) e a Gamma (com origem em Manaus, Brasil) são bons exemplos disso. As mutações que apresentavam poderiam dar-lhes as ferramentas necessárias para se dispersarem a nível mundial, mas acabou por ser a Delta a ocupar esse lugar.
Esta pandemia provou também que o vírus vai para onde forem os viajantes e pode, assim, correr o mundo, mas se uma determinada variante vai conseguir estabelecer-se num determinado local e tornar-se dominante dependente de muitos fatores e não só das mutações que leva consigo. Se os níveis de transmissão forem realmente baixos, se a população estiver com uma boa proteção imunitária ou se a cadeia de transmissão for travada, a variante não terá grande expressão. Mas se o vírus encontrar um caminho, como pessoas não vacinadas ou que não desenvolveram resposta imunitária, é como um fósforo em mato seco.
Ómicron é mais transmissível ou escapa melhor ao sistema imunitário?
Trevor Bedford, líder de um laboratório de investigação no Centro de Investigação em Cancro Fred Hutchinson, alertou no Twitter que pode ter havido “alguma confusão em relação à transmissibilidade vs. o escape à imunidade na Ómicron”. Foi assumido que a Ómicron era mais transmissível que a Delta porque a frequência aumentou rapidamente na província de Gauteng, na África do Sul, mas a razão pode ser por ter maior capacidade de escape ao sistema imunitário, quer pela infeção anterior, quer pela vacinação, defende o investigador.
De facto, Nicksy Gumede-Moeletsi, virologista da OMS África, confirmou que, pelo menos uma parte dos infetados, já tinha estado infetado com SARS-CoV-2 antes ou estava totalmente vacinado. Também em Portugal, Cafú Phete jogador do Belenenses SAD e da seleção sul-africana, terá sido infetado com a Ómicron na última visita à África do Sul e, segundo o presidente do clube, Rui Pedro Soares, Cafú já terá estado infetado mais do que uma vez.
O investigador do Insa, João Paulo Gomes, lembrou que é tudo muito recente: “Estamos a falar de casos com duas, três semanas em todo o mundo, portanto, terá ainda uma circulação muitíssimo residual”. E acrescentou que a variante aumentou muito a frequência numa região particular da África do Sul, onde existe uma grande densidade populacional.
“Podem existir aqui fatores muito específicos que façam com que nos levem a suspeitar da sua maior transmissibilidade, mas não passam de suspeitas, não existem e repito, até à data, dados não só epidemiológicos como laboratoriais que permitam concluir acerca da sua maior transmissibilidade ou da sua potencial associação a uma menor eficácia das vacinas”, reforçou o investigador português.
Numa publicação no Twitter, Christian Althaus, epidemiologista computacional da Universidade de Berna, também destacou que os dados são ainda muito preliminares e que podem ser influenciados por se estar a fazer uma análise dirigida, focada nesta variante ou em vírus com estas características, ou eventualmente por se tratarem de eventos onde houve uma grande transmissão do vírus. Por outro lado, também é difícil conseguir bons resultados quando a incidência dos casos (seja com que variante for) é baixa — como ainda é o caso na África do Sul, onde só começaram a crescer em meados de novembro.
This plots Rt as a function of intrinsic transmissibility and immune escape. With high levels of population immunity, a hypothetical Omicron virus with modest R0 but partial immune escape will spread faster than a Delta-like virus with high R0 but little immune escape. 9/15 pic.twitter.com/Aa0S1YJRzb
— Trevor Bedford (@trvrb) November 29, 2021
Trevor Bedford, que é um dos fundadores da plataforma Nextstrain (que reúne dados do genoma do SARS-CoV-2), disse que apesar de a variante ter muitas mais mutações na proteína spike do que qualquer outra variante conhecida, faltam-lhe muitas mutações, fora da proteína spike, que parecem ter contribuído para tornar a variante Delta melhor adaptada. Por outro lado, apesar de Ómicron ter um número efetivo de reprodução inferior ao da Delta (R0 de 6), pode espalhar-se mais rapidamente só porque escapa mais facilmente ao sistema imunitário, conforme um modelo preliminar que partilhou na rede social.
Ou seja, menos que o número efetivo de reprodução de Ómicron seja 2 ou 3 (significando que cada pessoa infetada, pode infetar outras 2 ou 3), o facto de escapar mais facilmente ao sistema imunitário faz com que o índice de transmissibilidade (Rt) seja maior do que a Delta e origine um crescimento de casos mais rápido.
Como é que o vírus se escapa ao sistema imunitário?
Os agentes estranhos no nosso organismo são reconhecidos pelo sistema imunitário que monta vários tipos de respostas para nos proteger, incluindo os anticorpos. Cada tipo de anticorpo vai ligar-se, especificamente, a uma região do vírus — ou, no caso das vacinas já aprovadas, a uma região da proteína spike (aquela que o vírus usa para entrar nas células humanas). Serão como ventosas específicas daquelas regiões e vão fazer muitas cópias iguais para se preparem para novos ataques.
Os anticorpos vão conseguir fazer bem o seu trabalho se conseguirem bloquear a proteína spike e impedirem que ela se ligue às células humanas e as infete. Mas quando a proteína spike sofre alterações, devido às mutações nos seus genes, pode acontecer que as ventosas preparadas para certas regiões não se consigam colar tão bem ou não se consigam colar de todo.
O que não quer dizer que todas as ventosas diferentes, ou seja, todos os tipos de anticorpos produzidos pelo organismo contra aquela proteína estejam inutilizados, alguns ainda conseguem cumprir a sua função. No global, no entanto, a resposta pode já não ser tão eficaz.
De referir que o organismo tem também outro tipo de resposta (as células T), que não estão dependentes das mutações que ocorram nos genes do vírus. Um agente estranho, que seja reconhecido como tal (e nisso os anticorpos também ajudam) é para eliminar. Assim, a resposta imunitária pode não ser tão eficaz, ter menos capacidade de proteger da infeção, mas, nas variantes conhecidas até agora, continuou a proteger da doença grave.