Nessa sexta-feira o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil formou maioria para declarar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por oito anos, em virtude de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

O Brasil, mais uma vez, se divide entre os que tentam encontrar algum tipo de justificativa que amenize os comportamentos ilegais do ex-presidente (e consequentemente torne injusta a decisão do tribunal) e aqueles que celebram, aliviados por algum tipo de sanção, ainda que mínima, aos comportamentos de Jair Bolsonaro.

Ao longo de seu mandato, o ex-presidente se utilizou constantemente de desinformação proposital e informações distorcidas como ferramentas de manutenção de apoio popular, bem como formas de justificar suas condutas ao longo da pandemia de COVID-19.

O fato é que a inelegibilidade deveria ser apenas uma das primeira sanções aplicadas às ilicitudes protagonizadas por Bolsonaro e, acima de tudo, impedir seu retorno aos altos postos do governo brasileiro, é uma questão de interesse público internacional.

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O Brasil, como país de dimensões continentais, de grande produção e exportação agrícola e pecuária, de industrialização efervescente e como berço de florestas fundamentais para a saúde do meio ambiente mundial, quando mal gerido (ou gerido de forma criminosa) representa uma ameaça que transcende os limites das fronteiras.

A ameaça do desmatamento, das ofensas aos direitos humanos, do desrespeito às instituições e à tripartição dos poderes, segue absolutamente viva dentro do bolsonarismo. Tornar Bolsonaro inelegível não evita a existência do pensamento que toma como louvável o que é inadmissível e que justifica o injustificável.

A declaração da inelegibilidade de Bolsonaro é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada para tentar proteger não apenas o Brasil, mas toda a comunidade internacional, de condutas que ameaçam o planeta como um todo, seja na esfera ambiental, sanitária ou social.