O conservadorismo, nas suas diferentes formas, está presente nos vários partidos portugueses. Do ponto de vista ideológico, no CDS-PP, por tradicionalismo; do ponto de vista tático, no PS, por situacionismo; do ponto de vista prático, no PSD, por necessidade; do ponto de vista costumeiro, no PCP, por antiguidade. O Bloco de Esquerda e o PAN, no seu populismo, são as exceções em crescendo. Mas a III República, na sua velha juventude, não pode reclamar falta de conservadorismos. Nada disso, no entanto, significa que não precisará de conservadores. A questão é: de que tipo de conservadores?

Portugal tem, constate-se, um regime com quarenta e cinco anos de existência, onde as condecorações já não representam honra, mas cadastro. Em menos de meio século de democracia alcançámos um tamanho degredo institucional e social que os nossos louvados são, igualmente, os nossos arguidos. Dá que pensar, não é? Um país tão jovem enquanto livre com uma elite tão medíocre durante essa liberdade. E, de facto, há quem pense e aproveite. O líder do maior partido da Assembleia mantém um autêntico caso amoroso com a profecia de fim do regime. “O Estado Novo também tinha quarenta e um anos quando acabou”, aludia Rui Rio, quando se candidatava a líder do PSD. Em 2019, a profecia evoluiu para promessa com a fundação do Chega, de André Ventura, que “não parará até à III República acabar”, jura o próprio. Ainda acham que não precisamos de conservadores?

Num país mais atento a si mesmo, este tipo de propostas políticas seria encarado com cautela e até repúdio. Mas, naturalmente, quem é que se preocupa com o fim de algo a que não dá valor? O primeiro passo para preservar um regime é garantir que ele reúne princípios que a comunidade nele inserida valorize. A nossa República contém esse conjunto de princípios? Apesar de tudo, creio que sim. E tem valorizado esses princípios? Infelizmente, creio que não. Quando digo que a III República vai precisar de conservadores, digo-o por quatro razões muito simples.

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