Julho, mês de sol, mês de férias, mês de patinarmos como não se via há 12 anos. Neste mês de Julho morreram, em Portugal, mais 2137 pessoas do que em Julho do ano passado. Mas, importantíssimo, só 1,5 por cento destes óbitos foi causado pela Covid-19. Sim, sim, o coronavírus está controlado, que não tiramos os olhos desse patife. Aliás, o problema parece ser mesmo esse. Enquanto está tudo especado a olhar para a Covid, as outras doenças vão passando lá por trás, de fininho, para ninguém dar por elas e, quando se vai ver, já estamos todos bichados. Por estes dias, falece-se de ataque cardíaco, é verdade, mas nos últimos quatro meses controlou-se a febre sete vezes por dia e nunca esteve acima dos 36,4º. Bem bom. Além de nunca ter havido tosse, que é sempre aborrecida. E de não ter sido necessário utilizar nenhum ventilador, que teria sido tão útil a alguém com Covid-19. E tudo isto é estupendo. Falece-se na mesma, mas é outro descanso.

Estamos a viver um verão atípico, sem dúvida. E o Algarve é o exemplo disso. Não que o Sul do país não continue a ter imensa procura, que continua. Só não é tanto por parte de turistas ingleses, como era tradicional, mas mais por redes ilegais de emigrantes vindos de Marrocos. Uma coisa é certa, neste segmento de mercado da emigração ilegal, os nossos destinos de praia começam, enfim, a competir com os destinos balneares do Sul de Espanha e de Itália e até com as ilhas gregas. Agora é só esperar, quê?, 100, 150 anos até as condições de vida em Marrocos melhorarem o suficiente, ao ponto destes visitantes poderem passar a dormir nos quartos dos hotéis e não nos parques de estacionamento dos hotéis. E temos o futuro do turismo no Algarve garantido. Não sei o que António Costa Silva contemplou para este sector na sua “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030”, mas aqui fica o meu contributo. De nada.

A propósito de férias em Portugal, especulou-se que o rei emérito de Espanha, Juan Carlos, que abandonou o país vizinho, poder-se-ia ter refugiado em Cascais. Ainda que o paradeiro do pai do Rei Filipe VI seja desconhecido, fonte “muito próxima” do Palácio da Zarzuela afiança que ele “está onde ninguém o encontre”. O que reforça a ideia de que Juan Carlos poderá estar, de facto, em Portugal. Embora perca força a hipótese de ser em Cascais. A dica de que “está onde ninguém o encontre” aponta mais para a Praia da Luz.

De alguma importância para atrair turistas, é ter meios de transporte que não esbarrem fortemente com equipamentos utilizados para manter esses mesmos meios de transporte a funcionar em condições. Digo eu. Ora, foi exactamente isto que não aconteceu, há dias, com o comboio Alfa Pendular, em Soure. A propósito deste acidente, a Infraestruturas de Portugal esclareceu que se tomou a decisão, há 23 anos, de automatizar a sinalização da rede ferroviária, mas que ainda falta um terço do trabalho. Vinte e três anos. Vinte e três anos para automatizar a sinalização. 23! Em menos de dez anos de programa “Apollo”, os americanos puseram um homem na Lua. Na Lua! Em dez anos! E nós não conseguimos automatizar sinalizações de linhas férreas em 23 anos. E tudo isto passou-se em Soure, meus senhores, que, da última vez que olhei para o mapa, fica ligeiramente mais em caminho do que a Lua.

Para terminar com alguma jocosidade, o Ministério Público acusou o antigo deputado do PSD, Agostinho Branquinho, de receber “pelo menos 225 mil euros” para influenciar a Câmara de Valongo a aceitar a violação de normas urbanísticas na obra do Hospital de São Martinho. Qual a relevância desta notícia? Não muita, concedo. Mas quem é que quer saber de pertinácia noticiosa quando se está em condições de constatar que Agostinho Branquinho recebeu um dinheirinho para dar um jeitinho ao Hospital de São Martinho e que tudo isto é tão tipiquinho? Certamente, não este vosso amiguinho.

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