Como é que António Costa vê Portugal daqui a 10 anos? É a pergunta que gostaria de lhe colocar. Bem sei que a resposta sairia veloz e pejada de lugares comuns. Mas as questões quando se colocam não se fazem com uma pergunta e já está, assunto encerrado. Questiona-se de uma forma, depois de outra, procuram-se discrepâncias, buracos, falhas que em Costa são em demasia.

Como é que António Costa vê Portugal daqui a 10 anos? Com um crescimento económico na ordem dos 1% a 2% do PIB e contas públicas equilibradas à custa de mais cativações e  mais impostos? Como é que Costa espera que se invista quando por cada investimento, por cada mercado encontrado, descoberto, uma nova taxa ou um imposto novo aguardam por nós ao virar da esquina? Será que Costa imagina um Portugal com mais justiça social? Se sim, significa isso que vai pôr termo às cativações? E se novamente sim, como pretenderá conseguir excedentes orçamentais? Justiça social significará também mais portugueses a pagarem impostos? E se os que passarem a pagar impostos deixarem de votar no PS? Não sendo suposto um primeiro-ministro resolver a questão demográfica, mas adaptar o país a este problema, como é que António Costa tenciona garantir as reformas dos futuros pensionistas? E se precisarmos de mão-de-obra estrangeira, o que fazemos? Abrimos ou fechamos as portas? E esses estrangeiros terão de se aportuguesar ou seremos nós, Portugueses, a mudar?

Não tenho dúvidas que António Costa não tem resposta a muitas destas e de outras questões, porque o primeiro-ministro não tem uma visão do país para daqui a dez anos. Costa pretende governar como tem feito, uma cativação aqui, outra acolá, uma taxa sobre uma nova actividade, um imposto sobre uma receita, uma décima a mais outra a menos, jogar com os números adaptando-os às necessidades do equilíbrio eleitoral encontrado. Para tal tem em Mário Centeno um ministro das finanças à altura. As pessoas (a maioria dos comentadores da praxe) andam deslumbradas com o feito de Centeno, mas conseguir um excedente orçamental não é difícil em tempo de vacas gordas e quando o país está sintonizado com essa necessidade. Será caso único neste regime, é certo, mas também este é o único momento da democracia em que um excedente orçamental é bem visto. É popular. Não fosse e presumo que o entendimento de António Costa fosse outro. Ora, fazer o que é popular não é ter uma visão para o país, é querer ser popular.

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