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Vaccination Against Covid-19 In Chile
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Apesar de mais de metade da população chilena já ter tomado as duas doses da vacina, o país está a ter dificuldade em controlar a pandemia e travar o crescimento da variante Lambda

Israel Chavez/NurPhoto via Getty Images

Apesar de mais de metade da população chilena já ter tomado as duas doses da vacina, o país está a ter dificuldade em controlar a pandemia e travar o crescimento da variante Lambda

Israel Chavez/NurPhoto via Getty Images

O que se sabe sobre a Lambda, a variante que cresce numa das regiões mais atingida pela pandemia

Já foram registados mais de 200 casos na Europa, 2 em Portugal. Na América do Sul houve pouco mais de mil casos, mas apenas 1% das amostras positivas é analisada. Pode ser mais transmissível.

Portugal identificou apenas dois casos da variante Lambda desde abril de 2021, mas ela é a responsável pela maior parte dos casos no Peru, tem uma larga dispersão pela América do Sul e já chegou aos Estados Unidos, Austrália e Europa.

A Organização Mundial de Saúde classificou-a como variante de interesse no dia 14 de junho e diz que são precisos mais estudos para perceber quão alertas devemos ficar. Tal como para as atuais variantes de preocupação, podem estar em causa o aumento de transmissibilidade e a resistência a anticorpos neutralizantes, ou seja, às vacinas.

O que se sabe sobre esta nova variante que já deixou a comunidade científica em alerta?

[No mapa selecione “Reset Zoom”, depois “Play” e verá a evolução temporal da variante e a dispersão pelo mundo desde dezembro de 2020.]

O que preocupa nesta nova variante?

O que mais intriga os cientistas neste momento é o conjunto de mutações apresentado pela variante, por não ter paralelo com outras variantes já conhecidas. Neste momento, estão mais focados numa das sete mutações da proteína spike (que se liga às células humanas), a L452Q. Esta mutação é parecida com a L452R que se pensa ter um contributo na maior virulência da variante Delta, que se está a tornar dominante no mundo (já o é quase a 90% em Portugal).

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Uma equipa da Universidade de Nova Iorque verificou que a variante Lambda tinha três vezes mais capacidade de se ligar à proteína ACE2 nas células humanas (que serve de porta de entrada ao vírus). Assim, a mutação L452Q confere à proteína uma vantagem ao vírus tal como a mutação N501Y, presente nas variantes Alpha, Beta e Gamma.

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As outras mutações na proteína spike são a Δ246-252, G75V, T76I, F490S e T859N, mas o “impacto destas mutações na capacidade de causar infeção ou escapar aos anticorpos neutralizantes é totalmente desconhecida”, escreveu a equipa de Mónica Acevedo, da Universidade do Chile, num artigo em pré-publicação na plataforma medRxiv.

“É possível que a capacidade de transmissão esteja aumentada”, disse Jairo Mendez, conselheiro regional da PAHO, lembrando que não é possível fazer comparações com a Gamma ou a Delta.

Pablo Tsukayama ilustrou estes crescimento: em dezembro representava um caso em cada 200 amostras, em março já representava 50% das amostras de Lima e atualmente é 80%. Esta variante ultrapassou assim a variante Gamma (com origem em Manaus) que era dominante no país. “Isso sugere que a transmissibilidade é maior do que a de outras variantes”, disse, citado pelo Financial Times.

No Reino Unido, um relatório da autoridade de saúde pública inglesa (PHE, Public Health England) sugeriu que a variante teria, potencialmente, maior transmissibilidade ou uma maior resistência aos anticorpos neutralizantes (aqueles que se colam ao vírus impedindo-o de invadir as células humanas), mas não existe evidência que cause doença mais severa ou que torne as vacinas menos eficazes.

As vacinas são menos eficazes contra esta variante?

Os poucos estudos que já foram feitos com esta nova variante são preliminares, carecem de confirmação e, ainda que tornados públicos, não foram revistos por investigadores independentes, para aferir a qualidade do estudo e das conclusões ou as suas limitações.

"Não se sabe se a variante Lambda também é capaz de se escapar à imunidade celular desencadeada pela vacina."
Mónica Acevedo et. al (2021) medRxiv

Talvez por isso mesmo, existem conclusões que parecem contradizer-se em relação à eficácia das vacinas contra a variante Lambda.

No Chile, foi recolhido plasma sanguíneo de profissionais de saúde que tinham sido vacinados com duas doses da vacina contra a Covid-19. Os anticorpos presentes no plasma (parte líquida do sangue) tiveram três vezes menos capacidade de neutralizar a variante Lambda do que o SARS-CoV-2 original (de Wuhan).

Apesar de o Chile ter mais de metade da população vacinada com duas doses, não é possível extrapolar o que se passa no país para o resto do mundo. Isto porque a vacina mais usada é a Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac.

Esta vacina “já tinha demonstrado induzir a produção de anticorpos neutralizantes, mas em menor quantidade do que a quantidade presente no plasma de doentes recuperados da infeção”, escreveu a equipa de Mónica Acevedo, que realizou o estudo.

Além disso, a vacina usa o coronavírus inativado e não faria sentido compará-la com as vacinas que usam apenas a proteína — as de adenovírus (como a da AstraZeneca) ou de mRNA (como a da Pfizer). “É um bom ponto de partida, mas certamente que não tiraria conclusões a partir deste estudo para a prática clínica”, disse Kirsty Short, virologista na Universidade de Queensland (Austrália), citado pelo ABC.

Vacina chinesa Coronavac autorizada pela OMS

Os próprios autores do estudo reconhecem que, apesar de a variante ser capaz de se escapar aos anticorpos induzidos pela vacina Coronavac, “não se sabe se a variante Lambda também é capaz de se escapar à imunidade celular desencadeada pela vacina”, nomeadamente pelas células T.

Um outro estudo, conduzido pela Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova Iorque, também confirmou que a quantidade de anticorpos capazes de neutralizar a nova variante era cerca de três vezes menor — tanto no plasma de doentes convalescentes, como no de pessoas vacinadas com a vacina da Pfizer ou Moderna. Os autores, porém, consideram que “não é provável que isso cause uma perda significativa de proteção contra a infeção”.

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Numa outra parte do estudo publicado na plataforma bioRxiv, a equipa de Takuya Tada verificou que o medicamento que combina dois anticorpos monoclonais (criados em laboratório), o Regeneron, continuava a ser eficaz contra a variante — a variante escapava a um dos anticorpos, mas era apanhada pelo outro.

Em que países já foi detetada?

A variante Lambda foi registada pela primeira vez no Peru, mas poderá ter tido origem no Chile (que identificou a presença da variante mais ou menos na mesma altura) ou em qualquer país vizinho com menor capacidade de identificação e sequenciação genética do vírus (leitura dos genes para identificação das mutações), escreveu o investigar peruano Pablo Tsukayama, no Twitter.

O Chile é o país que mais casos identificou desta variante (840), seguido dos Estados Unidos (623) e Peru (242) — o que não quer dizer que o Peru tenha menos casos, bem pelo contrário.

O Peru não reporta novos casos da variante há um mês, segundo a plataforma internacional GISAID, o que pode significar que o problema reportado em maio pelo investigador Pablo Tsukayama se mantém: não se fazia sequenciamento de amostras do vírus desde abril por falta de financiamento.

O investigador da Universidade Cayetano Heredia (em Lima, Peru) acrescentou, também no Twitter, que a maior parte das análises genéticas do coronavírus são feitas nos países mais ricos — Austrália, Estados Unidos e alguns países da Europa. Na América do Sul, onde a variante está mais disseminada é feita a sequenciação (leitura dos genes do vírus) de menos de 1% dos casos positivos.

Desconhece-se, assim, qual a verdadeira extensão da variante Lamdba no subcontinente. A Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO) estima que a variante Lambda tenha causado mais de 80% dos casos de infeção no Peru em maio e junho e mais de 30% dos casos no Chile no mesmo período.

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Na Europa, há quatro países que registaram mais de 10 casos da variante, entre eles Alemanha (99) e Espanha (55). Em Portugal, foram registados dois casos desde abril.

O que é uma variante de interesse?

A variante Lambda (anteriormente chamada de variante andina ou C.37) foi identificada no Peru em 2020 e classificada como variante de interesse pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a 14 de junho.

As novas variantes do SARS-CoV-2 são classificadas como “de interesse” quando têm transmissão comunitária, já provocaram vários surtos ou foram identificadas em múltiplos países.

"[A Lambda] representava, em março, cerca de 50% das amostras de Lima e agora é cerca de 80%. Isso sugere que a transmissibilidade é maior do que a de outras variantes."
Pablo Tsukayama, Universidade Cayetano Heredia

Já as variantes de preocupação são aquelas que se sabem serem mais transmissíveis ou mais infecciosas, como acontece com as quatro que têm esta classificação: Alpha, Beta, Gamma e Delta. Sobre a Lambda são precisos mais estudos para perceber se pode ter o mesmo tipo de características.

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