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"Pedro Nuno e Ventura despertam paixão. Mas amor só se faz com quem se ama"

Em entrevista, António Cunha Vaz, assessor na campanha de Montenegro, defende que o líder do PSD transmite confiança, ao contrário de Pedro Nuno Santos, a quem dava um Xanax, ou o "mentiroso" Ventura.

Reconhece que Pedro Nuno Santos e André Ventura, por serem “mais populistas”, despertam mais paixões do que Luís Montenegro, o que pode ajudar a explicar a evolução tímida do líder da Aliança Democrática nas intenções de voto. Ainda assim, não tem dúvidas: no momento da decisão, na política como na vida, ganham aqueles que garantem segurança, confiança e estabilidade. “Estas coisas do amor e da paixão e do sexo são coisas que andam juntas. Mas uma pessoa só faz amor com quem ama, não é? Pode fazer sexo quando lhe apetece se à contraparte lhe apetecer também – e até pode fazer com muita paixão; mas amor só se faz com quem se ama”, teoriza.

Em entrevista ao Observador, António Cunha Vaz, um dos maiores especialistas em comunicação do país e assessor na campanha de Luís Montenegro, acredita que Pedro Nuno Santos acabará por ser penalizado nas urnas pelos erros que cometeu enquanto ministro. E mesmo admitindo que o socialista tem qualidades políticas enquanto candidato, Cunha Vaz sugere que o adversário só vai lá à base de tranquilizantes. “Isto não é com maldade nenhuma, a sério, mas dava-lhe um Xanax para ele acalmar um bocadinho. Tinha de acalmar um bom bocado, porque não tem necessidade de ir tão depressa.”

Dizendo que acredita piamente que Montenegro ainda vai recuperar nesta corrida eleitoral — “a procissão ainda vai no adro” — Cunha Vaz defende a integração de Pedro Passos Coelho na campanha. “Teve, tem e vai ter lugar na campanha, nos momentos que Montenegro e Pedro Passos Coelho acertarem entre eles.” Quanto à rivalidade que vai mantendo com Luís Paixão Martins, entretanto elevado a guru de António Costa, Cunha Vaz não resiste à provocação: “Ao contrário de outros, também não digo: ‘Cheguei lá, dei a minha ideia e resolvi tudo’. Nada disso”.

[Ouça aqui a Vichyssoise com António Cunha Vaz]

O 31 de Montenegro, 21% de Ventura e o “Amor e Sexo” de Pedro Nuno

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“Acredito que haja outros que saibam menos sobre como perder eleições”

O seu arquirrival, Luís Paixão Martins, escreveu um livro intitulado “Como perder uma eleição”. António Cunha Vaz está a trabalhar com Luís Montenegro nesta campanha para as legislativas. Já está a preparar o segundo volume de “Como perder uma eleição”?
Nunca colaborei em eleições legislativas. Colaborei em muitas autárquicas e muitas legislativas no estrangeiro, de Israel, Argentina, Angola, Moçambique, Cabo Verde a Guiné-Bissau. Mas em Portugal nunca fiz legislativas. Quanto a autárquicas, perdi uma eleição com honra, foi como se tivesse ganho. Foi a seguir a termos ganho a primeira vez com Carmona Rodrigues. Perdemos as eleições seguintes porque Marques Mendes e Paula Teixeira da Cruz não quiseram que Carmona Rodrigues fosse candidato, porque havia um processo judicial em que  não era acusado, não era nada. Mas ficámos em segundo lugar e o PSD ficou atrás de nós. Foi a única eleição que perdi. Mas acredito que haja outros players no mercado que saibam menos sobre como perder eleições do que eu.

Acredita em sondagens ou também acha que nos mentem?
Não acho que nos mentem. Acho que as pessoas mentem às sondagens, há pessoas que brincam. Há pessoas que deviam falar apenas com uma entidade de sondagens e falam com todas e a cada uma dão uma resposta completamente diferente. Nas eleições de 2011, a um mês das legislativas, tanto o Expresso como o Público publicaram sondagens que diziam que o PS ultrapassava o PSD e que o CDS disparava para os 13,4%. Em 2022, também ninguém dizia que o PS ia ter uma maioria absoluta. Também ninguém dizia que Carlos Moedas ia ganhar a Câmara de Lisboa e ganhou.

Portanto, não compra a tese do seu arquirrival, Luís Paixão Martins.
É  a mesma coisa que dizer mal dos jornalistas porque escrevem mal de um cliente meu. Não vou estar a dizer que as sondagens são ótimas quando me dão maiorias absolutas, quando me são favoráveis. A única parte em que posso concordar com alguém é que não é legítimo acreditar na isenção de sondagens feitas por empresas que são propriedade ou participadas, direta ou indiretamente, por donos de grupos de comunicação social, que, pouco antes de serem compradas, foram participar, por exemplo, nas eleições brasileiras, apoiando Lula da Silva e ao lado de José Sócrates. Quando uma empresa de sondagens é comprada pela empresa a que pertence um órgão de comunicação social destes, tem a encomenda feita. Não me parece que seja uma sondagem a ter em conta.

Está a referir-se a quem?
Não dou dados desses. Se quiserem investigar, investigam e sabem perfeitamente quem foi o empresário dos media que esteve com o engenheiro José Sócrates, ao lado do candidato Lula da Silva. Depois, de repente, apareceu um fundo, um fundo suíço que não é bem suíço, é suíço-libanês, mas também não é bem suíço-libanês, mas tem origem nos libaneses de São Paulo. Que comprou meios de comunicação social em Portugal e também empresas de comunicação, e tentou comprar outras, e comprou uma empresa de sondagens, e tentou comprar outras. Não me recordo de nomes de empresas de pessoas que não me garantem seriedade de procedimentos.

André Ventura e o Pedro Nuno Santos são aqueles apaixonam mais. Mas estas coisas do amor e da paixão e do sexo são coisas que andam juntas. Mas uma pessoa só faz amor com quem ama, não é? Pode fazer sexo quando lhe apetece se contraparte lhe apetecer também – e até pode fazer com muita paixão; mas amor só se faz com quem se ama. Luís Montenegro não anda a prometer mundos e fundos.

“Se trabalhasse com Pedro Nuno, dava-lhe um Xanax”

Falando sobre Luís Montenegro, o líder do PSD é um líder fácil de vender do ponto de vista de comunicação?
O líder do PSD é um líder genuíno. Como português, quero um grande primeiro-ministro para o meu país. Qual é que é mais fácil ser um grande primeiro-ministro, o líder do PSD ou o líder do PS? Eu digo que é Luís Montenegro, sem qualquer hesitação. Depois das práticas que vimos do candidato a primeiro-ministro do PS, não podemos ter dúvidas de que Luís Montenegro vai ser largamente melhor primeiro-ministro do que poderia ser Pedro Nuno Santos.

Estava a dizer que Luís Montenegro é genuíno. Ele tem conseguido passar essa imagem?
Quando escolhemos um líder temos de pensar se estamos a escolher o que faz maior barulho, que grita mais alto ou o que nos dá mais segurança. Montenegro será muito melhor primeiro-ministro do que é candidato mediático.

Porquê?
É do feitio das pessoas. Luís Montenegro, quando lhe fazem uma pergunta, ele ouve e depois responde. Pedro Nuno Santos, quando dizemos bom dia ele já está a responder à pergunta. Talvez se precipite por causa disto. Atenção, ele tem muitas qualidades, como candidato, ele bem trabalhado, seria um excelente candidato.

Não está ser bem trabalhado?
Ele não se deixa trabalhar. Tem tanta ânsia de chegar à frente, que não se deixa trabalhar.

O que é que mudava em Pedro Nuno Santos se estivesse a trabalhar com ele? 
Vou simplificar. Isto não é com maldade nenhuma, a sério, mas dava-lhe um Xanax para ele acalmar um bocadinho. Tinha de acalmar um bom bocado, porque não tem necessidade de ir tão depressa. Não tem necessidade de anunciar, quando acorda, que o aeroporto vai ser ali, sem dizer ao primeiro-ministro.

Não consegue apagar aquela imagem de impulsividade?
Há tintas que não se apagam. Se escrevemos a lápis, apaga-se com borracha. Outras coisas ficam.

Mas qual é a maior qualidade política que vê em Pedro Nuno Santos?
Se ele não fosse tão ansioso por anunciar o que vai fazer, se ele fizesse o que anuncia, era um grande primeiro-ministro. Mas era um bocadinho como o André Ventura: ia gastar tanto dinheiro, tanto dinheiro, tanto dinheiro, que a economia paralela tanto podia valer oito como 80 mil milhões de euros. A grande qualidade política dele é a intenção. Mas o mais ridículo é ele dizer numa semana que o avô era sapateiro e, na semana seguinte, dizer que era muito abastado mas vivia ao lado de pessoas com muito mais dificuldades. Não há forma de entender isto, não é?

"Isto não é com maldade nenhuma, a sério, mas dava um Xanax a Pedro Nuno Santos para ele acalmar um bocadinho. Tinha de acalmar um bom bocado, porque não tem necessidade de ir tão depressa. Não tem necessidade de anunciar, quando acorda, que o aeroporto vai ser ali, sem dizer ao primeiro-ministro"

“Amor só se faz com quem se ama. Montenegro não anda a prometer mundos e fundos”

Luís Paixão Martins disse há um ano, neste mesmo programa, que se o PS quisesse ganhar as próximas eleições teria de resolver a questão da TAP. Não conseguiu resolver e teve maioria. Apesar de tudo o que aconteceu com Pedro Nuno Santos e a TAP, a verdade é que não está a afastar assim tanto o eleitorado. É boa ideia o PSD insistir na questão da TAP?
As sondagens que têm sido publicadas têm de ser bem lidas. Há uma espécie de voto envergonhado que não se quer revelar e, portanto, os partidos com mais militância ou os líderes com mais militância, que são André Ventura e o Pedro Nuno Santos, aqueles que são mais populistas e que chamam mais a claque de futebol…

Os que apaixonam mais.
Exatamente. É isso mesmo. Não são aqueles que despertam amor, são aqueles que despertam paixão.

Luís Montenegro desperta mais amores verdadeiros?
Acredito que sejam mais duradouros e fiáveis. Estas coisas do amor e da paixão e do sexo são coisas que andam juntas. Mas uma pessoa só faz amor com quem ama, não é? Pode fazer sexo quando lhe apetece se à contraparte lhe apetecer também – e até pode fazer com muita paixão; mas amor só se faz com quem se ama. Luís Montenegro não anda a prometer mundos e fundos.

E é por isso que também não dispara nessas sondagens?
Quem responde às sondagens são aqueles que são mais militantes. O número de pessoas ouvido não é grande. A amostra não é grande e as respostas são 34% a 35%. Ainda torna aquilo muito mais pequenino.

Portanto, os números não preocupam o núcleo duro, não estão preocupados com esses resultados.
Eu, ao contrário de outros colegas meus de profissão, não acho que seja do núcleo duro, nem sou eu que faço as minorias, nem maiorias. Acho que quem fala são os políticos. Mas o núcleo duro do PSD tem sondagens próprias, que não tem que divulgar, tem vários consultores a trabalhar na campanha – eu sou apenas um deles

Precisa assim de tanto aconselhamento?
Não é uma questão de precisa. Já participei em campanhas lá fora. Como júnior, muito júnior. estive numa campanha democrata nos Estados Unidos, já estive em Israel, na Argentina, no Brasil… Nos sítios em que os eleitores são mais esclarecidos a mensagem é muito mais suave e longa. Nos sítios em que os eleitores têm mais paixão do que racionalidade, as coisas tendem a ter que ser mais trabalhadas. Vou dar um exemplo: acho que, neste momento, os debates de Ventura–Montenegro e Pedro Nuno Santos–Montenegro vão dar um contributo importante para a decisão de alguns eleitores. Aquelas elites que ainda têm dúvidas sobre quem é quem, sobre qual é a capacidade de cada um, vão ficar mais esclarecidas e essas elites influenciam.

Fala muito sobre as virtudes do PSD, de Luís Montenegro, mas, numa ideia, consegue dizer o que está a falhar? Ou não está a falhar nada e estamos todos a ver mal?
A campanha, como diria um senhor muito conhecido chamado Mário Alberto Nobre Lopes Soares, não é uma corrida de 100 metros, nem de 60 metros em pista coberta. É uma maratona. Esta maratona foi um bocadinho apressada porque era para acontecer em 2026 e passou a ser agora. Mas a procissão ainda vai no adro.

“Passos não tem de estar escondido. Nem vai”

O PSD tem apostado muitas fichas na ideia de se reconciliar com o eleitorado mais velhos, os pensionistas. A sondagem revelada pelo SIC e pelo Expresso mostra que esse esforço não tem resultado. Os pensionistas continuam maioritariamente ao lado do PS. O PSD deve inverter a estratégia? 
Obviamente que não posso falar daquilo que se passa dentro [da campanha], e, ao contrário de outros, também não digo: “Cheguei lá, dei a minha ideia e resolvi tudo”. Nada disso. É preciso explicar às pessoas, 30 e 40 vezes, que há uns anos Teixeira dos Santos e José Sócrates chamaram a troika e pediram a intervenção externa. A troika impôs medidas e para cumprir medidas, um primeiro-ministro sério, chamado Pedro Passos Coelho, implementou essas medidas. Mas quem chamou a troika? Mas quem levou o país à desgraça?

Mas claramente isso não ficou na memória das pessoas.
Eu percebo. Eu, se fosse o cidadão com 78 anos, que vive em Arcos de Valdevez, em Aguiar da Beira, em Loulé ou em Ponta Delgada, que sentiu no bolso o que Pedro Passos Coelho tirou… Não senti no meu bolso o que o Sócrates antes fez.

Portanto, não acha que não acha que o fantasma da troika já está ultrapassado?
Acho que ainda está alguma coisa associada. Acho que está menor do que estava, como é natural. Também passou bastante tempo. Sabem uma técnica muito boa que André Ventura usa? Ele usa nas mentiras, mas pode se usar nas verdades, que é repetir muitas vezes a mesma coisa. O André Ventura é um problema que efetivamente a democracia tem e por ser uma democracia permite tudo e portanto temos um íder xenófobo, homofóbico e outras coisas mais que me recuso a qualificar, para além de mentiroso e de incongruente, mas que tem uma aceitação enorme junto de quem? Da população que apoiava o PCP no Alentejo, de populações que tradicionalmente se juntam à extrema-esquerda para revolta…

Mas também há muito eleitorado do PSD.
Vão reparar que, no momento do voto, as coisas invertem. Há outra coisa que as pessoas não percebem: o Chega não vai ter nem perto dos 21%. Porquê? Porque há um eleitorado que se diz que está muito com o Chega, os miúdos das faculdades, etc, mas que não vai sair de casa, não.

Não vão sair de casa, não votam. 
Basta chover.

Falámos da questão da troika, um fantasma que de alguma forma não está ultrapassado. Também referiu a questão de Pedro Passos Coelho. A ausência de Pedro Passos Coelho na campanha eleitoral do PSD pode fazer bem ou mal a Luís Montenegro?
Não há ausência. Ele já participou em duas ou três coisas prévias e a campanha ainda não começou. Quando começar a campanha logo se verá se está ausente ou não está ausente.

Mas em abstrato: a ausência é boa ou má?
Todos os meios de comunicação social falam da sombra de Passos Coelho, da ausência Passos Coelho. Tenho a certeza absoluta que a ausência de Passos Coelho é mais notada por razões que seriam positivas do que a ausência de José Sócrates na campanha de Pedro Nuno Santos. Como a sombra de Passos Coelho é uma coisa que honra os os sociais-democratas e a AD; a sombra de José Sócrates não me parece que honre tanto os colegas dele, como António Costa, Pedro Nuno Santos e quejandos.

É uma ótima forma de fazer spin, mas não respondeu à minha pergunta: para Luís Montenegro, é bom ou mau ter Pedro Passos Coelho na campanha?
Teve, tem e vai ter lugar na campanha, nos momentos que Montenegro e Pedro Passos Coelho acertarem entre eles. O PSD tem muitos líderes ao longo deste tempo, o último líder que governou foi Pedro Passos Coelho.

Não tem de ficar escondido?
Não tem, nem vai estar, nem esteve e já apareceu em vários sítios. Não tem aparecido todos os dias. Luís Montenegro não tem vida, passa o dia todo na estrada, em todo o lado e em todos os sítios, se o Passos Coelho fizesse isto não trabalhava e tem de trabalhar e, portanto, tem a vida dele pessoal, organizada…

No fim de semana da convenção da AD.
Mas foi o único.

Mas foi gritante, não acha?
Vou voltar a perguntar e se calhar podem dizer que é spin: o Sócrates já esteve nalgum sítio?

Sócrates já não é militante do PS.
O meu arquirrival, como vocês dizem, também não é consultor de comunicação, ou é? Está tão reformado que até tem um programa na CNN. Eu recusei o que me ofereceram, porque entendo que enquanto eu estiver a fazer campanhas não é correto, mas são posturas e cada um tem a sua e leva a sua conduta por diante, não espanta que tenha aceite. Há uma diferença enorme entre a postura de Luís Montenegro e as outras posturas. Há um líder que podia ter estado presente que ninguém gostou, ninguém gosta, que era o Rui Rio. Todos gostaram do Rui Rio quando foi esta situação da justiça e todos diziam ‘o Rui Rio bem dizia que era preciso fazer um acordo e o Costa não aceitou’.

"A campanha, como diria um senhor muito conhecido chamado Mário Alberto Nobre Lopes Soares, não é uma corrida de 100 metros, nem de 60 metros em pista coberta. É uma maratona. Esta maratona foi um bocadinho apressada porque era para acontecer em 2026 e passou a ser agora. Mas a procissão ainda vai no adro"

“É a última vez que o Chega cresce; é um fenómeno PRD”

As sondagens mostram o Chega a aproximar-se do PS e do PSD, sendo que a maioria de direita também parece o cenário mais provável. Isso quer dizer o que é que a estratégia das linhas vermelhas em relação ao Chega não funcionou?
Luís Montenegro já foi muito claro nisso.

Essa linha vermelha não está a ajudar o Chega?
Não ajuda nada o Chega, isto é uma questão de militância. Sabem aquelas sessões de voto telefónico [em que se diz que] 84% votaram a favor de A e 32% de B. Dez minutos depois, se eu puder cinco telefones a fazer chamadas para aquele número gratuito, as coisas já estão em 60, 40 e 20 minutos já está o que tinha 40 ou 24 à frente. As pessoas do Chega têm isto organizado, são muito militantes, não recusam um voto destas sondagens telefónica.

Mas, comparando com eleições anteriores, há aparentemente um crescimento óbvio ou não?
E vai haver. Vou dizer assim: é a última vez que o Chega cresce; é um fenómeno PRD.

Mas se crescer para este patamar faz dele um partido…
Relevante, se atingisse esse patamar seria revelante. Não vai atingir os 20%, vai ficar nos 16 ou 17%, o que já é demasiado para aquilo que a democracia devia ter num partido de extrema-direita.

Diz que é última vez que cresce. Porquê?
Porque o Chega sentiu muito, ao contrário do que as sondagens dizem, a criação da AD. Muita gente do CDS não sei se sabem, mas eu fui militante do CDS até aos 22 anos, e fui presidente da Juventude Centrista da Ilha da Madeira e da direção nacional. Os militantes do CDS da minha idade, com 60 anos para cima, não se veem a votar no PSD, mas veem-se a votar na AD; e muitos que não se viam a votar no PSD votariam Chega e alguns votariam CDS por respeito à causa e manter-se-iam. Mas quando fui anunciada a AD isto baralhou muito o Chega, que tem que continuar a fazer barulho porque é o seu papel e é única coisa que sabe fazer. E tem um outro pequeno problema: as pessoas, quando chegar a hora da verdade, vão perceber que o Chega só promete o que promete, como o PCP só promete o que promete e o Bloco só promete o que promete, porque não vão ser poder, poder efetivo, não vão dirigir um governo. Um partido que não vai eleger um governo pode prometer o que quiser.

Mas esse crescimento do Chega, se chegar a esse patamar, é por mérito próprio ou por incapacidade do PSD?
Não, é por mérito próprio e por mérito do PS, que criou e deu-lhe imenso jeito dar força ao Chega.

Criou no sentido de não ter respondido às necessidades das pessoas?
Exatamente. O PS plantou os cogumelos, que são fungos, nascem e, desculpem a expressão, quanto mais porcaria há, mais nascem. Quando a terra não é de qualidade e os fungos nascem, alguma coisa está mal com a terra. Quando as ervas daninhas nascem dão cabo das outras plantas. Essa foi a melhor estratégia que o PS criou até hoje.

"A campanha, como diria um senhor muito conhecido chamado Mário Alberto Nobre Lopes Soares, não é uma corrida de 100 metros, nem de 60 metros em pista coberta. É uma maratona. Esta maratona foi um bocadinho apressada porque era para acontecer em 2026 e passou a ser agora. Mas a procissão ainda vai no adro"

“Ventura? Preferia trabalhar com Pedro Nuno”

Vamos agora para o “Carne ou Peixe”, onde só pode escolher a uma de duas opções. Preferia fazer consultoria em Belém para Luís Marques Mendes ou para António Costa?
Marques Mendes.

Mais depressa ia Monfortinho almoçar com o Luís Paixão Martins ou tomava um café em Lisboa com o Manuel Maria Carrilho?
Não conheço Monfortinho e não sei quem é Manuel Maria Carrilho.

Em que campanha preferia vir a trabalhar noutras legislativas que não estas: a de André Ventura ou de Pedro Nuno Santos?
Vou dizer com toda a franqueza, e sou de centro direita, mas nem hesitaria: Pedro Nuno Santos.

Quem preferia receber durante 15 dias de férias, depois de Abril, em Angola: Luís Montenegro ou Pinto da Costa?
Ia dizer ambos, mas acho que Luís Montenegro tem de vir cá primeiro.

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