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Marcelo é reeleito à primeira volta (62,3%) e conquista mais de 10 pontos percentuais face ao resultado que o conduziu à Presidência da República há cinco anos. Ana Gomes chega à véspera das eleições no segundo lugar, com 13,6% das intenções de voto. André Ventura falha os dois objetivos a que se propôs (segundo lugar, à frente de Ana Gomes, e segunda volta) ao ficar-se pelos 10,5% nesta derradeira sondagem Observador/TVI/Pitagórica. Depois, uma sequência inesperada: Tiago Mayan Gonçalves em quarto lugar (com 4,8%), Marisa Matias (3,7%) e, só depois, João Ferreira (3,4%), com o candidato da Iniciativa Liberal na frente, mas tecnicamente empatados, já que estão dentro da margem de erro de 4,07%. Por fim, Vitorino Silva, com 1,7% de potenciais votos. Os dados foram todos recolhidos nesta última semana de campanha para as presidenciais.

Estes são resultados que já refletem, contudo, o tratamento dos dados da abstenção prevista pela sondagem e que, por isso, obrigam a uma contextualização prévia. O resultado direto do estudo de opinião conduzido entre os dias 18 e 21 de janeiro — portanto, sem análise do impacto da abstenção — revela diferenças face aos números anteriores: nessa leitura direta das intenções de voto, Tiago Mayan Gonçalves continua à frente de Marisa Matias e de João Ferreira, mas a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda surge em sexto lugar, atrás do adversário apoiado pela CDU. No entanto, o estudo revela que, do universo de inquiridos, 28,3% admitem (uns com mais certeza que outros) a possibilidade de não votar no próximo domingo. E, dentro desse grupo, são os eleitores mais velhos (com mais de 54 anos) os mais prováveis abstencionistas. Logo a seguir, é a faixa dos 18 aos 34 anos que manifesta menos disponibilidade para ir votar no este domingo, dia 24. E isto tem consequências.

Numa análise dos números em que se considera o impacto da abstenção, além de João Ferreira ser ultrapassado por Marisa Matias — que sai beneficiada pelo facto de o seu eleitorado ser mais persistente na intenção de participar nas eleições —, Ana Gomes e André Ventura também reforçam as suas posições. Mantêm-se, respetivamente, no segundo e terceiro lugares, mas a ex-eurodeputada sobe 1,3 pontos percentuais e o candidato apoiado pelo Chega sobe 1,5 pontos. Marcelo é o mais prejudicado pela não ida às urnas do seu eleitorado, perde 3,1 pontos.

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Outra nota a reter: a margem de erro da sondagem é de 4,07%. O que significa, desde logo, que a ordenação dos lugares de Marisa Matias, João Ferreira e Tiago Mayan Gonçalves pode sofrer alterações, em função da maior ou menor participação dos respetivos eleitorados. E até Ana Gomes e André Ventura estão nos limites dessa margem.

Ouça aqui a análise aos dados desta sondagem.

“Ana Gomes tem ser aplaudida como mulher de coragem por vir a terreiro”

Naquela que é a última sondagem Observador/TVI/Pitagórica antes das eleições presidenciais do próximo domingo, Marcelo — vencedor incontestável, com 62,3% dos votos — obtém o resultado mais baixo de sempre (4,3 pontos abaixo do pior que tinha alcançado até agora). Tal como Marisa Matias (3,7%).

Por contraste, Ana Gomes, com 13,6% das intenções, conquista o seu melhor resultado da tracking poll (seis décimas acima da melhor prestação). E o mesmo se pode dizer de Tiago Mayan Gonçalves: com 4,8% das intenções de voto, o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal fica 2,5 pontos percentuais acima da sua melhor prestação até ao momento.

André Ventura já esteve acima dos resultados desta sondagem, mas também já obteve piores prestações que os atuais 10,5%. João Ferreira (3,4%) também tem oscilado nas intenções e surge numa posição mais favorável face ao pior resultado que já tinha obtido nos estudos de opinião da Pitagória (para o Observador e a TVI) que temos vindo a publicar semanalmente. E Vitorino Silva fica perto, mas aquém dos 2,1% que conquistou anteriormente.

Marcelo é a preferência de todos — exceto entre eleitores da CDU

Na derradeira fotografia antes das eleições, Marcelo continua a alimentar-se eleitoralmente de todos os lados ideológicos. O recandidato a Belém vai buscar 62,8% dos votos dos inquiridos que votaram PS nas legislativas de 2019 (de resto, o seu principal fornecedor de votos); 58,2% de votos ao PSD; 35,3% ao CDS (tantos quanto André Ventura); e uns idênticos 28,6% à CDU e ao Bloco de Esquerda. Juntam-se a estes números os 38,6% de abstencionistas que admitem votar em Marcelo e os 29,3% de eleitores que entregaram o voto a partidos sem representação parlamentar nas últimas legislativas ou votaram branco ou nulo (O+BN).

Ana Gomes já chegou a ter o triplo dos votos vindos do Bloco de Esquerda, em comparação com os que lhe chegam do PS. Neste momento, essa divisão está mais equilibrada, mas o partido liderado por Catarina Martins continua a ser, em termos percentuais, o que mais contribui para o resultado da socialista que corre como independente às eleições presidenciais. Há 14,3% de eleitores bloquistas que pretendem confiar-lhe o seu voto, contra os 13,7% de socialistas que seguem essa opção. Há, ainda, 10,7% de eleitores comunistas que dizem querer contribuir para o reforço da posição de Ana Gomes e 3,3% de social-democratas alinhados com a ex-eurodeputada. Noutros dois parâmetros relevantes para o resultado da socialista, identificam-se os eleitores de partidos mais pequenos ou que votaram branco ou nulo (9,3%) e os abstencionistas (5,9%).

André Ventura, já aqui vimos, vai buscar 35,3% dos votos ao partido de Francisco Rodrigues dos Santos (que defendeu o voto em Marcelo). Há, depois, 20% de votantes brancos ou nulos e 8,2% de votos de eleitores PSD — um valor abaixo dos 11,9% da última sondagem. Soma, ainda, 7,1% de votos de eleitores na CDU. Os inquiridos que votaram PS e que agora admitem votar Ventura não vão além dos 1,8%.

No caso de Tiago Mayan Gonçalves, cresce o apoio vindo de eleitores do PSD (chegam agora aos 4,9%), mas encolhem os votos vindos do CDS, que caem dos 9,1% para os 5,9%. Sobem também os votos vindos de escolhas em brancos ou nulos (10,7%) e os votos de eleitores que se abstiveram em 2019 (são, agora, 4% do total).

Marisa Matias volta a perder força junto daqueles que seriam os seus eleitores mais prováveis: apenas 22,9% dos que votaram Bloco nas últimas legislativas admitem agora contribuir para o resultado da eurodeputada que se candidata, pela segunda vez, a umas presidenciais. Por outro lado, consegue conquistar votos junto dos eleitores da CDU (3,6% do total) e, até, do CDS (5,9%). Há, ainda, que somar 2,2% de eleitores do PS e 1% de abstencionistas.

O candidato apoiado pela CDU continua a ser o único dos que, concorrendo com ou sem o apoio do próprio partido, vence Marcelo Rebelo de Sousa “em casa”. O eurodeputado recolhe 50% dos votos de eleitores comunistas e soma-lhe 2,9% de votos que foram do Bloco de Esquerda nas últimas legislativas. Há, também, 1,3% de votos que foram brancos ou nulos, 1% de abstencionistas e 0,4% de votos que em 2019 foram para o PS.

Por fim, Vitorino Silva consolida o seu resultado com base nos votos de 5,3% de eleitores de pequenos partidos, ou que votaram branco ou nulo; 2,9% de eleitores do Bloco, 1% de abstencionistas e 0,9% de ex-camaradas de partido (PS).

Numa nota final, importa destacar que, sobretudo entre o quarto e o sexto lugar das sondagens — ou seja, nos lugares atribuídos a Mayan Gonçalves, Marisa Matias e João Ferreira — os valores deste estudo de opinião são de tal forma próximos que tudo continua em aberto. O único resultado à partida mais sólido é o de Marcelo Rebelo de Sousa, com uma distância enorme quer face ao segundo lugar quer à fasquia dos 50% — e, portanto, ao risco de ter de concorrer a uma segunda volta.

Ficha técnica

O trabalho de campo decorreu entre os 18 e 21 de Janeiro 2021.

Foi recolhida uma amostra total de 604 entrevistas que para um grau de confiança de 95,5% corresponde a uma margem de erro máxima de ±4,07%.

A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos 3 principais operadores identificados pelo relatório da ANACOM, sempre que necessário são selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing).

A distribuição geográfica foi: Norte 22%; Grande Porto 12%; Centro 27%; Lisboa 23%; Sul 12% e Ilhas 4%.

O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores Portugueses sobre a intenção de voto nos vários partidos.

A taxa de resposta foi de 50,28% . A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva.

A taxa de abstenção na sondagem é de 58,2% a que correspondem os entrevistados que aquando do momento inicial se recusaram a responder à entrevista por não pretenderem votar nesta eleição.

A ficha técnica completa bem como todos os resultados foram disponibilizados junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizara oportunamente para consulta online.