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O último Podcast Plus do Observador envolve um mito — na verdade um semi-mito, já que a personagem existiu mesmo e até aparece no quarto episódio, mas é apenas secundária. O habitual amuleto da sorte — desta vez um postal ilustrado da época em que a história se passa, comprado na internet e que veio da Irlanda para ser devidamente emoldurado e colocado num local de inspiração. E uma narradora de tal forma envolvida que chegou mais cedo das férias para assegurar as gravações — e até já se disponibilizou para próximos projetos. |
Então vamos lá começar pelo princípio, que facilita sempre imenso. O novo Podcast Plus do Observador chama-se “Um Rei na Boca do Inferno” e antes de qualquer dedução a partir do título, a história é bem bicuda. Envolve uma teia de espiões em plena II Guerra Mundial e uma conspiração nazi para raptar o Duque de Windsor, Eduardo VIII — que tinha abdicado do trono por amor e casado com a americana duplamente divorciada Wallis Simpson —, hospedado na mansão cor de rosa dos Espírito Santo em Cascais. Mas o plano que Hitler tinha para conquistar a Europa e o Mundo através do Duque falha. O Führer é traído precisamente por quem menos espera. Em Portugal. |
Resumida a história, é preciso contar que ela começou com um equívoco que levou o editor de Podcasts, João Santos Duarte, e a jornalista Tânia Pereirinha a ter de dar uma guinada no sentido em que seguiam, mas que os colocou num caminho não só certo, mas muito mais interessante. Um dos mitos que existia era o de que o agente duplo que inspirou Ian Fleming a criar a personagem de James Bond tinha estado envolvido nesta trama. Dusko Popov, o agente sérvio ao serviço dos alemães e dos Aliados, diziam, teria evitado, no último momento, a tentativa de os nazis raptarem o Duque de Windsor em Cascais. A investigação veio comprovar que essa teoria era impossível. Popov esteve facto em Lisboa, onde passou temporadas, mas os arquivos do MI6 mostram que a primeira vez que chegou a Portugal foi em novembro de 1940, meses depois de Eduardo e Wallis terem passado por Cascais, em julho desse ano. |
Popov, contudo, acaba mesmo por aparecer no podcast (episódio 4) para ajudar a ilustrar o ambiente que se vivia naquela época em Lisboa. A capital portuguesa era um dos centros da espionagem internacional na II Guerra Mundial. E os hotéis — como o Palácio, no Estoril, ou o Avenida e o Aviz, em Lisboa — os grandes cenários de intrigas e conspirações. O agente duplo era conhecido por ser um playboy. Tinha o nome de código “Triciclo” e criou-se o a ideia de que era por gostar de andar sempre com uma mulher bonita de cada lado. Na verdade, era apenas porque tinha outros dois espiões duplos na sua dependência (“Gelatine” e “Balloon”). |
Quem soube disso foi a Tânia Pereirinha. Quando foi desafiada por uma amiga para fazer uma caminhada cultural pela “Lisboa dos Espiões” (já tinha feito outra semelhante sobre crimes), a “Operação Willi” (o nome de código que os nazis deram à operação para passarem o Duque de Windsor para o lado da Alemanha) não tinha sido ainda escolhida como tema para um Podcast Plus. Mas a 16 de dezembro, quando foi ter à porta do Tivoli, na Avenida da Liberdade, para fazer o passeio, o tema do podcast já estava fechado e em andamento. A guia era Marisa Filipe, licenciada em história a fazer uma tese de doutoramento sobre a espionagem em Portugal na II Guerra Mundial. Para além de a Tânia ter começado logo a tirar notas — “uma noite no Hotel Aviz custava 400 escudos por noite”; “o tal mito do ‘Triciclo’” —, esperou por uma pausa, apresentou-se, pediu-lhe o número de telemóvel e explicou-lhe que o João Santos Duarte lhe havia de ligar em breve, para falar sobre um podcast. |
A Marisa Filipe acabaria mesmo por ser uma das entrevistadas do podcast. Foram feitas nove entrevistas, entre investigadores, historiadores, autores conhecidos de livros sobre a família real britânica, Eduardo VIII e Wallis Simpson e ainda um membro da família Espírito Santo: José Maria Ricciardi, neto de Ricardo Espírito Santo, o dono da mansão cor de rosa da Boca do Inferno, em Cascais, onde os Duques de Windsor ficaram alojados em julho de 1940. O projeto arrancou no início do ano, em janeiro. Depois de dois meses de pesquisa e investigação, a escrita dos guiões aconteceu em maio e a narração foi gravada durante duas semanas no início de junho. |
Narração que é de Soraia Chaves. No primeiro contacto com a sua agente, a atriz não estava em Portugal e dificilmente regressaria a tempo das gravações, que não podiam atrasar mais do que uma semana. Mas poucos depois chegou a boa notícia. A Soraia queria mesmo muito participar no projeto e voltava alguns dias antes da nova data proposta. No primeiro dia, antes de começar a gravar, há sempre uma conversa prévia com o ator para definir o perfil do narrador. Neste caso, Soraia Chaves uma espécie de agente dupla, uma Popov no feminino, que sabia de todas as histórias que se passavam num lado e no outro da guerra, e que nos conta toda a história como se estivesse num dos hotéis da Lisboa de 1940, rodeada de espiões, quem sabe com um “vesper martini” na mão. |
Por azar, nas datas em que a gravação da narração acabou por acontecer seria o João Santos Duarte, autor do guião, a ter férias marcadas. Por isso, acompanhou apenas o primeiro dia de gravações e todo o processo foi depois coordenado pela Tânia Pereirinha. Mas tudo correu tão bem que, no dia de estreia de “Um Rei na Boca do Inferno”, em direto no “Explicador” da Rádio Observador, a atriz garantiu que está disponível para voltar a dar voz a todos os próximos Podcast Plus. Estava a brincar (estaria mesmo?). A música original, essa, é da não menos talentosa Cláudia Pascoal. |
Em todos os Podcast Plus tem havido um símbolo. Já é superstição. Uma espécie de amuleto de boa sorte: desta vez o João e a Tânia foram desencantar um postal com a foto do Duque de Windsor. Um postal original, sublinhe-se. Está datado de 1939 (um ano antes de os Duques chegarem a Portugal) e a foto mostra o Duque mais novo, ainda na qualidade Príncipe de Gales (o título que tinha quando era ainda o herdeiro ao trono), vestido a rigor com o uniforme da marinha britânica, sorridente, de cigarro na boca e assinar um documento ou livro de honra. Foi comprado pela Internet e veio da Irlanda. Foi devidamente emoldurado e esteve sempre ao lado dos sonoplastas Beatriz Martel Garcia e Artur Costa, a servir de “inspiração”. |
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Ao longo das próximas cinco semanas, todas as terças-feiras, vai ser disponibilizado um novo episódio de “Um Rei na Boca do Inferno”. Mas os assinantes não têm de esperar: já podem ouvir antecipadamente todos os seis episódios no site do Observador. É o sétimo Podcast Plus do Observador, depois de O Sargento na Cela 7, o Piratinha do Ar, Um Espião no Kremlin, O Encantador de Ricos, Operação Papagaio e Matar o Papa. |
Uma emissão especial de judo |
O lema da Rádio Observador é Aconteça o que Acontecer. E esta quinta-feira aconteceu a primeira medalha de bronze para Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris. Por isso, toda a programação mudou mal se percebeu que o pódio era uma possibilidade. E o Miguel Cordeiro e o Diogo Varela asseguraram uma Emissão Especial do judo feminino -78 kilos. O ponto de partida foi uma conversa ao meio dia com Vasco Fortunato, diretor desportivo da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, em Tomar. Logo depois, o repórter Miguel Gato seguiu para a terra de Patrícia Sampaio para fazer reportagem durante a tarde e acompanhar o que viria a ser a festa entre os colegas da judoca. A mãe de Patrícia, Teresa Sampaio, entrou no noticiário das 13h00. E a partir das 15h15, Nuno Delgado (medalha de bronze em Sidney 2000), em estúdio, e António Roquete (o judoca português com mais participações olímpicas) e Luís Alves Monteiro (Presidente da Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal, ao telefone, acompanharam com comentários um relato inédito de judo, que acabaria de terminar de novo com a mãe de Patrícia a comentar as palavras da filha já medalhada, enquanto se ouvia noutra divisão da casa o pai a falar com o filho, Igor Sampaio, em Paris, que é o treinador da irmã. Aconteçam mais medalhas, que as emissões especiais estão asseguradas. E o Bruno Roseiro, editor de Desporto do Observador, continuará a palmilhar os caminhos parisienses sob chuva. |
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Reuniu conselheiros experientes, viu explodirem memes e tiktoks de apoiantes e sondagens que a mostram à frente de Trump. Republicanos falam em "lua de mel", democratas querem aproveitar onda Kamala.
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As negociações entre o Governo e a IL já permitiram avanços, mas sinais não satisfazem inteiramente Rui Rocha. Liberais sabem que Montenegro precisa de um sinal político e vão explorar essa vantagem.
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Líder do Chega ainda não tomou decisão sobre o Orçamento, mas o partido divide-se: há quem considere um suicídio provocar uma crise; e quem entenda que Ventura não pode claudicar perante Montenegro.
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Em 2 dias, Israel confirmou morte de dois dos líderes mais importantes do Hamas. Desde outubro, metade dos responsáveis militares já morreu. É o fim do Hamas? Israel otimista, grupo promete resistir.
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Falha de segurança "embaraçosa" do Irão levou à morte de um dos líderes políticos do Hamas. Teerão não quer escalada, mas promete retaliar e deverá atacar Israel. Cessar-fogo em Gaza mais longe.
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Rússia fez tudo para libertar Vadim Krasikov, condenado à prisão perpétua na Alemanha. EUA tiveram de convencer parceiros alemães, mas pressão funcionou. 24 detidos estão agora em liberdade.
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Nicolás Maduro foi declarado vencedor da eleição presidencial, mas oposição rejeita resultados e fala em fraude eleitoral. Afinal, que provas tem a oposição? O que pode fazer para impugnar o processo?
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Tribunal decidiu que perdão do Covid não é aplicável ao novo cúmulo jurídico de 5 anos e 6 meses do caso Marquês e Face Oculta. Defesa vai recorrer da decisão que implica regresso à prisão de Vara.
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Ex-presidente da Câmara de Lisboa diz que apoios suspeitos de 200 mil euros foram decididos pelo executivo. E que nem terá participado na reunião que os aprovou. Caso Tutti-Frutti já tem 40 arguidos.
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Operação na Mouraria aconteceu após denúncias de um suposto aumento de insegurança na zona, mas a PSP nega qualquer relação ao Observador. E enumera todas as ações já feitas este ano naquela zona.
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Cultura
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Séries e filmes rodados com o sistema de incentivos "cash rebate" reclamam atrasos de até um ano nos pagamentos. Há produções a procurar apoio noutros países. O Governo promete regularizar situação.
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Nativo do Harlem, exilado em Paris, James Baldwin, o escritor que ousou amar a sua herança de negro e filho da terra é, no centenário do seu nascimento, o rosto da justiça que falta cumprir.
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“Laço” é o surpreendente disco de estreia de uma voz amadurecida, escrito por um dos poetas mais celebrados no cancioneiro português dos últimos 40 anos. Entre sardinhas e vinho, falámos com ambos.
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Primeiro, ofereceu máquinas descartáveis a "gente à margem". Depois, seguiu os passos do moldavo Valentin, que regressou a casa. O resultado está em "Walking Thru The Sleepy City". Falámos com ele.
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Na Azaruja, onde vive, vizinhos dizem que o cantor, suspeito de abuso de menor, andava sem dinheiro, apesar de a PJ ter encontrado sinais de uma vida de luxo. E há várias denúncias na PSP por burlas.
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Opinião
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As eleições em regimes autoritárias têm uma função absolutamente vital: obter informação acerca dos membros da oposição, dos seus recursos materiais e dos apoios externos de que gozam.
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Sem um reconhecimento pleno de que ao seguir a agenda revolucionária neoconservadora a direita errou gravemente não será possível construir uma alternativa credível às correntes populistas.
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As populações locais começam a revoltar-se contra o turismo. Se queremos ter turismo, o caminho mais racional é gerir a procura, para ela não desaparecer.
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Com um único movimento de peças, Marcelo pode ter garantido a legislatura até 2026 e evitado a crise. Percebe-se que o Presidente esteja tão empenhado: é a última oportunidade de preservar o legado.
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A comissão das gémeas é um golpe de Estado: quer pôr o Presidente da República a responder politicamente ao Parlamento – e a verdade é que não tem de o fazer, em caso nenhum.
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