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Não é propriamente uma novidade para o João Porfírio. Com a zaragatoa desta quinta-feira, o editor de fotografia do Observador chegou aos 27 testes para detetar o SARS-CoV-2 desde que a pandemia começou — um deles feito por ele próprio, em Filadélfia, por altura das eleições nos Estados Unidos, com uma enfermeira do outro lado da sala a gritar-lhe instruções difíceis de compreender, num inglês macarrónico. |
Em todos eles, a mesma pergunta: “Já alguma vez fez o teste?”. Bom, talvez não nesse de Filadélfia. |
Desta vez, só teve de fazer como as 400 pessoas que compraram bilhete para assistir ao espetáculo do humorista Fernando Rocha, em Braga — o primeiro grande evento cultural pós-desconfinamento e que serviu de teste para o futuro. E, tal como ele, a Maria Martinho, que escreveu a reportagem para o jornal, e a Ana Catarina Peixoto, que acompanhou o evento para a rádio. |
Não é a primeira vez que vemos pessoas a assistirem a espetáculos de máscara posta e devidamente distanciadas. E também já conhecemos de cor as imagens de testes à Covid-19, da forma como as zaragatoas são usadas, das caretas de quem está a ser testado e de médicos e enfermeiros vestidos como astronautas. Só ainda não tínhamos visto, pelo menos em Portugal, estas duas coisas no mesmo sítio. |
Para chegar ao recinto exterior do Altice Fórum Braga, público, equipa técnica e jornalistas tiveram de, primeiro, passar pelo rastreio. Mais ou menos sensíveis, quase todos saíam da sala de testes da mesma maneira: com lágrimas nos olhos e a pedir um lenço de papel para assoar o nariz (se nunca fez um teste, não se preocupe: não custa nada, só faz alguma impressão). |
Depois foi preciso esperar cerca de 30 minutos para que o resultado chegasse por SMS e por email, com um QR Code que servia de chave para passar pelos seguranças — sem risco de declarações fraudulentas — e chegar às cadeiras de lugares marcados e afastadas umas das outras, em frente ao palco. |
Os testes foram feitos durante 10 horas, ao longo de todo o dia, e permitiram juntar no recinto 432 pessoas — um número ainda longe da lotação habitual, mas que passou a parecer uma enchente depois de 14 meses de pandemia. Os organizadores dizem que o espetáculo mostrou que, entre testes e regras, “isto consegue fazer-se com segurança”. |
E hoje está tudo a acontecer de novo, mas com um nível extra de dificuldade: para assistir ao concerto de Pedro Abrunhosa, esta noite, no mesmo local, 400 pessoas estão de pé e divididas em grupos de 100 pessoas, em quatro quadrados delimitados por grades, mas sem distanciamento forçado dentro de cada um deles — apesar de o terem mantido voluntariamente. |
É por isso que, entretanto, o João Porfírio já chegou aos 28 testes — todos negativos. Amanhã pode ler a reportagem no Observador. |
P.S. A Maria Martinho enviou-me agora mesmo uma mensagem com um vídeo do público a dançar enquanto Pedro Abrunhosa canta “socorro, estou a apaixonar-me”. E só com uma legenda: “Um pouco de normalidade”. Estamos mesmo a precisar disto. |