É uma dificuldade que tenho no mundo atual. Numa idade de extremismos – onde os meios termos, as nuances, a tentativa de perceber o argumento contrário e a vontade de obter compromissos estão todos fora de moda – alguém que se esforça, e cada vez mais me esforço, por ser moderada tem a vida dificultada. Praticamente toda a gente prefere a simplicidade monocromática dos extremos, onde tudo é absoluto, não há necessidade de questionar ou ponderar, existem hordas acéfalas nas redes sociais prontas a ulular para qualquer posição radical e, de preferência, carregada de ódio ao extremo oposto. Não estão tempos famosos para a defesa do meio termo, esse bom princípio que veio quer da filosofia grega quer do confucionismo.
Um dos temas em que os extremistas pululam são as alterações climáticas. Por um lado temos os que ainda não se convenceram que há urgências a serem atendidas, desde as ilhas de plástico nos oceanos, ao aceleramento da deflorestação na Amazónia (quando uma das melhores estratégias para anular as emissões de carbono é plantar mais árvores por todo o planeta e vários países fazem-no ou pretendem fazê-lo), aos microplásticos que estão em todo o lado e, sim, ao aumento das temperaturas e esperadas consequências. É obra.
Por outro há os que preferem uma calamidade ambiental e o fim da espécie humana a aceitar que os Estados e os governos intervenham de alguma forma para contrariar os perigos ambientais, desde incentivar ou desincentivar atividades económicas através da fiscalidade até gastar dinheiro dos contribuintes em pesquisa científica, regular ou proibir consumo de certos materiais e por aí adiante. Antes desaparecermos todos que reconhecermos algum papel necessário ao Estado.
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