O cabeça de lista do Livre às europeias, Francisco Paupério, defendeu esta quarta-feira um pacto europeu de migração e asilo que apoie a integração e considerou que o atual, adotado em maio, “não defende os direitos dos migrantes”.

“Este pacto não defende os direitos dos migrantes, defende uma ideia errada de que podemos controlar a imigração através do fecho de fronteiras“, criticou Francisco Paupério, que esteve a visitar um projeto direcionado à comunidade migrante asiática em Marinha das Ondas, Figueira da Foz.

O projeto “Aprender Português”, criado em 2017, envolve cerca de 200 imigrantes, oriundos sobretudo do Nepal, Índia e Bangladesh, e pretende apoiar os recém-chegados à freguesia abrindo-lhes a primeira porta para a sua integração na comunidade local e no mercado de trabalho através da língua portuguesa.

Há fundos (europeus) precisamente para este tipo de projetos e o Livre quer que sejam aumentados. Não é só uma questão de segurança das fronteiras. Precisamos de ter estes projetos de inclusão, de mostrar que estes projetos resultam e temos, em Portugal, vários casos em que a integração funciona”, disse o candidato do Livre às europeias de 9 de junho, em declarações aos jornalistas.

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Sublinhando a importância do papel daquele projeto, numa freguesia onde 10% a 20% da população é imigrante, Francisco Paupério defendeu ainda a flexibilização do acesso aos fundos europeus existentes, que não pode estar dependente da capacidade financeira das instituições para produzirem “grandes candidaturas”.

Queremos que seja facilitado o processo, (…) para tornar justo e para que todas as juntas de freguesia, mesmo com poucos recursos, consigam ganhar, porque vimos que temos aqui um projeto ganhador, um projeto que resulta”, afirmou, referindo que a Marinha das Ondas “tem feito um trabalho hercúleo, com poucos recursos”.

Essa falta de recursos foi também confirmada pelo próprio presidente da Junta de Freguesia, José Alberto Suzana, que, em conversa com o candidato às eleições europeias, explicou como o projeto tem ajudado a integrar os cidadãos imigrantes, mas os recursos vão faltando para dar resposta à crescente comunidade. “As juntas de freguesia trabalham no limite, não temos muitos recursos”, disse o autarca, que se queixou de ser, muitas vezes, esquecido pelo Governo.

Regressando ao contexto europeu, Francisco Paupério insistiu que já existem muitas regras para a entrada de migrantes, mas está a falhar a sua integração. “Isso não tem acontecido e é isso que este pacto não prevê. Temos que incentivar este tipo de projetos”, reforçou.

Num encontro com alguns dos cidadãos imigrantes que integram o projeto “Aprender Português”, Francisco Paupério ouviu o relato de quem já passou por vários países europeus, mas foi em Portugal que encontrou uma casa longe de casa.

Jaya Gautam, nepalês, chegou a Portugal há cerca de cinco anos. Ainda não domina a língua portuguesa, mas fala suficientemente bem para manter uma conversa e quando descreveu a sua experiência ao candidato do Livre, “bom” foi a palavra que mais utilizou para falar do país, da Marinha das Ondas e da forma como foi recebido.