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Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Católica, diz que grupos sem televisão estão mais vulneráveis a investidores que querem ter status ou defender agendas
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Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Católica, diz que grupos sem televisão estão mais vulneráveis a investidores que querem ter status ou defender agendas

Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Católica, diz que grupos sem televisão estão mais vulneráveis a investidores que querem ter status ou defender agendas

Apoio do Estado não deve servir para ter "mais jornalistas a perguntar a Pedro Nuno Santos como reage a Montenegro"

Investigador defende apoios do Estado focados na função social e não subsidiar jornalismo que se limita a fazer eco do que disse o político A e a reação do político B, nem empresas ligadas à máquina.

Com a crise a abalar títulos históricos da imprensa portuguesa e as dúvidas instaladas sobre a identidade e os objetivos dos investidores do fundo que comprou a maioria da Global Media, ganha força a discussão sobre a importância do jornalismo para a democracia, a viabilidade das empresas do setor e o que pode (e deve) fazer o Estado.

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Numa entrevista ao Observador, Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica, admite que há tabus em redor do tema, mas defende apoios públicos focados nas áreas em que os media cumprem uma função de serviço público, como dar visibilidade às comunidades e aos temas da proximidade. O que poderia passar, por exemplo, por dar apoio direto a órgãos e jornalistas com uma atividade mais dispersa pelo território. E não apoios dirigidos a empresas “ligadas à máquina” que não são capazes de atrair os cidadãos e gerar receitas. O investigador da área dos media critica o que descreve como o “fazer eco do que disse o político A e o que responde o político B”, defendendo que o jornalismo também tem de mudar.

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Nelson Ribeiro alerta que os meios de comunicação social, e em particular quem depende mais da imprensa e não tem televisão, estão mais vulneráveis a investidores que entram no setor não para ganhar dinheiro, mas para ter visibilidade ou promover uma agenda. E, apesar de considerar que no passado já surgiram estes investidores, nem sempre conhecidos, que entram para depois sair, como sucedeu com o capital angolano a seguir à crise financeira, o investigador reconhece que o caso da Global Media é muito estranho. Não só porque não se conhece o detentor do capital, mas porque este tipo de investidor, quando entra, sabe que o negócio não é lucrativo e tem algum dinheiro para investir sem esperar um retorno imediato. O que não aconteceu na Global Media onde três meses depois falhou o pagamento de salários.

Devemos ficar surpreendidos com o que está a acontecer na Global Media?
Não. O modelo de financiamento do jornalismo era feito através de publicidade que as marcas compravam nos meios. Como não havia outras formas de chegarem aos consumidores, acabavam por financiar o jornalismo. Nunca poderemos dizer que estas marcas tinham interesse genuíno em financiar o jornalismo. A partir do momento em que passaram a ter outras formas de chegar às pessoas através das plataformas digitais, obviamente canalizaram a grande fatia do seu investimento publicitário para essas plataformas.

O jornal foi uma vítima e não foi capaz de encontrar outras formas de financiamento. O entretenimento, apesar de tudo, atrai mais consumidores e consegue algum financiamento. Mas no jornalismo o modelo tradicional acabou. Não acabou a 100%, mas em 90%. O Google deve faturar mais em publicidade em Portugal do que todos os meios de comunicação social. Há uns anos, falava-se muito da concentração dos meios que recebiam quase 100% da publicidade. Hoje em dia essa concentração acontece a nível mundial.

Provavelmente se (a Cofina) não tivesse entrado estaria numa situação bastante mais preocupante. O que estes três grupos — Cofina, Impresa e Media Capital — têm em comum é que estão na televisão.
Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica e investigador em media e propaganda

Mas talvez por causa da concentração, temos grupos que resistem melhor do que outros. Porque é a Global Media foi mais afetada do que uma Impresa ou uma Cofina?
Embora todos os meios estejam a ser afetados, claramente os que tinham uma grande dependência da imprensa escrita são os que estão a sofrer mais. A Global Media tem imprensa e uma estação de rádio. Hoje em dia, é muito difícil a sustentabilidade da imprensa escrita e, no mercado português, é também muito difícil a sustentabilidade de rádios que se dedicam à informação. E é este o portefólio da Global Media — Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Dinheiro Vivo, Jogo e TSF. Quando pensamos em outros grupos, a Impresa, a Media Capital e a Cofina têm televisão.

A Cofina entrou mais tarde na televisão com a CMTV…
Provavelmente se não tivesse entrado estaria numa situação bastante mais preocupante. O que estes três grupos têm em comum é que estão na televisão. Não quer dizer que este seja um setor florescente a nível de receitas. Ainda assim, quando estes grupos têm esta diversidade conseguem lidar mais com quebras do que quando estão focados em áreas muito problemáticas. E são problemáticas porque a imprensa cometeu um erro no passado a nível global que, em grande medida, está a custar a sua sobrevivência. Quando apareceu na internet achou que a melhor forma de ganhar com isso era oferecer notícias aos leitores, colocar tudo online.

A imprensa andou a alimentar a internet, investiu na perspetiva de ter receitas que acabaram por ir parar a outros intermediários…
Exatamente. E quando dizemos a um consumidor que há um produto que ele pode ter gratuitamente é muito difícil depois dizer ‘agora tem de passar a pagar’. Isso aconteceu a nível mundial. Alguns meios estão a ter sucesso a implementar subscrições, mas é um número bastante limitado. O que obriga a uma gestão muito profissional e criteriosa dos meios de comunicação e que se vai adaptando a novos formatos e formas de captação de receitas. Quando estamos muito ligados a um modelo tradicional é muito difícil a sustentabilidade dos projetos.

"A vulnerabilidade acaba por significar que estes meios ficam um pouco reféns de investidores que querem estar presentes nos media, não necessariamente porque tenham um projeto editorial e jornalístico, mas porque querem usar estas empresas de media para aumentarem o seu status empresarial ou porque tem por trás interesses políticos".
Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica e investigador em media e propaganda

Neste quadro de dificuldades, como é que se justifica, e a Global Media é um bom exemplo, a existência de investidores interessados em entrar neste negócio?
A vulnerabilidade acaba por significar que estes meios ficam um pouco reféns de investidores que querem estar presentes nos media, não necessariamente porque tenham um projeto editorial e jornalístico, mas porque querem usar estas empresas de media para aumentarem o seu status empresarial ou porque tem por trás interesses políticos.

Não é para ganhar dinheiro…
Existem hoje em dia muitos investidores no setor dos media que percebem que não vão ganhar dinheiro. Ainda assim, estão interessados porque vão ter outro tipo de ganhos. Quer seja aumentar a sua visibilidade social, quer seja dar visibilidade a determinadas agendas políticas. Não é a primeira vez que temos isto em Portugal. Se calhar temos tido sempre só que em alguns momentos ficam mais visíveis.

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Acionistas angolanos nos media queriam dar visibilidade a investimentos feitos em Portugal

O caso do investimento angolano que estudou enquadra-se nesse perfil?
Sim. Acabamos por perceber que muitos dos investimentos nos media que aconteceram a seguir à crise financeira vieram de investidores angolanos que eram pessoas próximas do ex-Presidente, José Eduardo dos Santos. E com a entrada de investimentos angolanos em empresas portuguesas, os meios de comunicação eram também uma forma de dar visibilidade e uma imagem positiva a esses investimentos angolanos. Isto numa situação em que as empresas de media têm muita dificuldade em manterem-se rentáveis, acabam por ficar fragilizadas e aceitam este dinheiro independentemente da sua proveniência.

Mas esses investidores (não apenas angolanos) entram para depois sair. É porque se fartam de perder dinheiro?
Digamos que não há aqui um interesse estratégico. Quando deixa de fazer sentido defender uma agenda esses investidores desaparecem porque não querem continuar a ver sair dinheiro sem ter retorno financeiro. Esse é outro problema. Este tipo de investimentos tem uma duração no tempo limitada. Enquanto serve determinada agenda mantém o investimento, quando deixa de servir não se quer colocar mas dinheiro nas empresas. O jornalismo não é bem o foco, é o instrumento para alguma coisa.

No caso da Global Media houve investimento angolano e de Macau e agora temos um fundo cujos financiadores não são conhecidos …
Isso também aconteceu no passado, a seguir à crise financeira quando tivemos grupos de comunicação comprados por fundos que só mais tarde soubemos quem estava por trás. Eram grupos mais pequenos, mas alguns desses investimentos estavam em grandes empresas portuguesas, só que através de posições minoritárias. [A Newshold da família Madaleno — e de Álvaro Sobrinho — comprou através de uma sociedade offshore o jornal Sol e, mais tarde, o i e teve participações minoritárias na Cofina e na Impresa]. Aqui a grande novidade é termos um acionista que nós não sabemos quem é e que comprou a maioria do capital de um grupo que é significativo.

"Tenho alguma dificuldade em explicar (o caso Global Media). Muitas vezes esses investidores, fundos dos quais não conhecemos os proprietários, têm interesse estratégico em estar num país e querem ficar bem vistos, pelo menos no imediato. Quantos entram, tem algum dinheiro para investir porque se conhecerem minimamente o negócio saberão que estão a entrar numa área que não é lucrativa"
Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica e investigador em media e propaganda

E aparentemente comprou sem disponibilidade para injetar os fundos necessários para manter a empresa e funcionar …
Tenho alguma dificuldade em explicar…. Penso que todos teremos. Muitas vezes esses investidores, fundos dos quais não conhecemos os proprietários, têm interesse estratégico em estar num país e querem ficar bem vistos, pelo menos no imediato. Quantos entram têm algum dinheiro para investir porque, se conhecerem minimamente o negócio, saberão que estão a entrar numa área que não é lucrativa. Já sabem que vão entrar para meter dinheiro e não ter logo um retorno.

Propriedade dos media. A lei portuguesa não prevê todo o rastreamento de quem investe

O que falhou aqui em termos de legislação ou atuação do regulador?
A legislação portuguesa já foi bastante aprimorada para enfrentar este tipo de situações na questão da propriedade. E a ERC pode atuar [abriu, no caso da Global, dois processos], mas a regulação tem zonas cinzentas que permitem este tipo de situação. Julgo que há sempre formas de tentar contornar o legislador. A lei prevê que tem que haver transparência na propriedade dos media. Num cenário em que temos uma empresa com corpos sociais conhecidos, mas não sabemos exatamente quem detém essa empresa, a legislação não prevê todo este rastreamento.

Quem são os novos donos e quem manda na Global Media? As dúvidas que levam a ERC a abrir processo

É uma limitação da lei portuguesa?
Acontece em outros países, mas hoje em dia também há legislações que tornam estes casos um pouco mais difíceis. Vão mais a fundo no sentido de rastrear de onde vem o dinheiro. Em Portugal, a situação é agravada porque é um mercado bastante pequeno. E o negócio dos media também é de escala. Sempre foi assim, mas com a internet é mais. Conseguimos angariar mais receitas consoante conseguimos chegar a mais pessoas. E no mercado português a internacionalização, sobretudo na área do jornalismo, é totalmente incipiente. Já no caso da ficção não é. Grupos como a Impresa e a Media Capital conseguem ter mais robustez. No caso de grupos exclusivamente focados no jornalismo, como é o caso da Global Media, o negócio é bastante mais difícil.

Podem surgir outros casos Global Media?
Em Portugal não damos muita importância à imprensa regional porque sempre foi bastante deprimida do ponto de vista das receitas. Mas em muitos países com a dimensão de Portugal, a imprensa regional é considerada um pilar da construção democrática. Às vezes até mais do que a nacional porque dá visibilidade aos problemas locais das pessoas. A nossa imprensa regional tem imensas dificuldades, mas não tem a visibilidade da Global Media, o que se percebe não só pela dimensão, mas por termos esta situação estranha de um grupo que quando comprou não podia ter a expectativa de que a Global Media estaria a gerar lucros.

Haveria aqui a expectativa de encaixar alguma receita com a venda da participação na Lusa…
Tendo em conta o valor que poderiam ter recebido [foram noticiados 2,5 milhões de euros] não era esse valor que iria permitir manter a Global Media a funcionar nos próximos anos. É verdade que poderia ter permitido durante alguns meses. Não deixa de ser estranho que um grupo que faça esta aquisição necessite dessas receitas no imediato. É uma situação estranha. Não consigo dizer mais.

Qual deve ser a intervenção do Estado? Deve ajudar um grupo que todos reconhecem ser muito importante ou deve dirigir apoios a toda a comunicação social, como defendeu o ministro da Cultura Pedro Adão e Silva?
Há muitos tabus sobre essa intervenção porque há sempre o receio de que o Estado ao intervir esteja a modelar a agenda editorial. E o Estado já tem serviço público de rádio e de televisão. Parecer-me-ia muito mais saudável um reforço dos apoios à comunicação social em geral do que o Estado intervir diretamente numa empresa. Até porque, ao fazê-lo, estaria a expandir a sua influência no ecossistema mediático português que é pequeno.

E o Estado já é hoje o maior grupo de Comunicação Social….
Perante o cenário que os meios de comunicação atravessam em Portugal e, tendo em conta o papel que acreditamos que o jornalismo desempenha numa democracia, vejo como muito normal que o Estado possa reforçar a sua política de subsídios aos meios de comunicação social em geral.

"Parecer-me-ia muito mais saudável um reforço dos apoios à comunicação social em geral do que o Estado intervir diretamente numa empresa. Até porque ao fazê-lo, estaria a expandir a sua influência no ecossistema mediático português que é pequeno".
Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica e investigador em media e propaganda

De que forma? O Estado não dá subsídios diretos…
Apoios transversais, sim. Mas também acho que tem que ser um apoio que não deve servir para manter ligadas à máquina empresas que efetivamente são incapazes de gerar receitas próprias. Isso seria financiar projetos que também não são capazes de atrair o interesse dos cidadãos e podemos questionar até que ponto estão a desempenhar um papel importante no sistema democrático. Acho que temos de preservar o jornalismo, mas temos de pensar que o jornalismo tem de dar o seu contributo que é algo que eu ouço pouco no discurso. O jornalismo precisa de mudar e essa é uma discussão a nível global.

Estado poderia subsidiar correspondentes fora de Lisboa e Porto

Mas precisa de mudar para ir ao encontro daquilo que as pessoas procuram?
O jornalismo tem de estar mais preocupado com o que interessa ao cidadão e tem de dar menos espaço a uma coisa que em Portugal acontece muito apenas no confronto de palavras entre as elites políticas. É uma questão discutida a nível global. Quando o jornalismo se limita a fazer eco do que disse o político A a B e o que responde o político B a A, em vez de ir ao terreno e ver os problemas concretos e discutir… Se é só para ser caixa de correio entre o político A e o político B o papel do jornalismo não é tão relevante.

Para isso existem as redes sociais…..
O jornalismo precisa de se focar na sua missão de serviço público e em levantar questões do interesse público e a questão da proximidade é muito importante. Veria com bons olhos uma estratégia de subsídios que ajude os meios de comunicação a estarem mais próximos das pessoas ou até mais dispersos no território. O Estado poderia subsidiar correspondentes em diferentes localidades para não estar só em Lisboa e no Porto. Poderá haver mecanismos de apoio do Estado, mas sempre pensado para reforçar o que o jornalismo pode e deve contribuir para a democracia. Esse apoio tem de ser pensado de forma estratégica.

Não financiar as empresas, mas determinadas atividades?
Sim. Tudo o que seja financiar o ter mais jornalistas dispersos pelo território daria sentido a uma função social do Estado, e que o jornais podem cumprir, que passaria por dar visibilidade às comunidades e ao que preocupa as pessoas. Estar a subsidiar o jornalismo para ter mais jornalistas a perguntar ao Pedro Nuno Santos como é que ele reage ao que disse Luís Montenegro e vice versa… acho que isso não é merecedor de um subsídio.

Mas não há o risco de interferir de alguma forma nas escolhas editoriais de cada órgão?
Claro que cada órgão tem de continuar a decidir e a fazer como acha que faz sentido. Mas se o Estado quer apoiar o lado social do jornalismo, deve identificar em que é que as empresas de comunicação social precisam de ajuda e acho que elas devem ser ouvidas. Não para fazer exatamente aquilo que as empresas querem, mas vale a pena ouvir quem está a gerir as redações e que saberá identificar em que precisa de ajuda. É muito importante ouvir as pessoas que têm responsabilidade editorial e que são as que mais podem dar um retrato real do que hoje representa gerir uma redação e não tomar decisões a partir do topo.

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