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A intenção de comprar “a casa de Cascais na Estrada da Boca do Inferno” surge pela primeira vez numa carta escrita pelo próprio Ricardo Espírito Santo, avô de Ricardo Salgado, em 7 de Novembro de 1932. Foi o ano em que se tornou presidente do banco com o nome da família, quando tinha 32 anos, substituindo o irmão mais velho, depois de um escândalo amoroso. José Espírito Santo estava apaixonado por Vera Cohen, a cunhada do seu irmão Ricardo. Mas tanto ele como ela eram casados. No fim deste ano, enviou-lhe um bilhete: “Faz a mala que eu vou-te mandar raptar”. Ostracizados pela alta sociedade portuguesa e até por uma parte da família, fugiram de comboio para Paris, onde ficaram a viver. Foi por isso que o avô de Ricardo Salgado comprou as ações ao irmão e passou a liderar o Banco Espírito Santo, onde tinha sido secretário-geral nos 12 anos anteriores.

▲ Ricardo Espírito Santo em 1931, um ano antes de assumir a presidência do banco, depois do escândalo amoroso do irmão (Fonte: Ricardo do Espírito Santo Silva: coleccionador e mecenas)
DR
Rapidamente se tornou um dos homens mais influentes na economia portuguesa, uma espécie de primeira versão do Dono Disto Tudo, a alcunha aplicada ao seu neto oito décadas mais tarde. Era ao mesmo tempo um ávido colecionador de antiguidades, desde que comprou o primeiro tapete com apenas 16 anos, o que levou aliás a que os irmãos fizessem troça dele quando entrou em casa. Ao longo da vida, juntou tantos quadros, esculturas, porcelanas, azulejos e móveis antigos, que se dedicava a decorar não só as suas casas como também, mais tarde, as das suas quatro filhas. “O meu avô fazia casas para as filhas e dava-as completamente decoradas. Era só levar a escova de dentes”, recorda ao Observador uma das suas netas, que pediu para não ser identificada.
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