Desde 10 de outubro que um vídeo do Presidente russo, Vladimir Putin, começou a circular nas redes sociais. As legendas do vídeo traduzem e citam Putin, que fala em russo. Garante-se que o líder político diz o seguinte: “Os EUA querem destruir Israel. Tal como destruímos a Ucrânia no passado. Estou a avisar os Estados Unidos. A Rússia vai ajudar a Palestina e a América não pode fazer nada.

A mensagem alarmante foi disseminada no Facebook, X, Instagram e TikTok, com milhares de utilizadores a confiarem na tradução apresentada das palavras de Putin. Mas o conteúdo traduzido não corresponde às declarações originais de Putin.

Este vídeo foi gravado em 2022, facto comprovado através da pesquisa inversa destas imagens do Presidente russo. Na ocasião, Putin referia-se ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia e não ao recente conflito no Médio Oriente. No canal de YouTube do USA Today foi partilhado um excerto da declaração de Putin, em que o líder russo afirmou que o arsenal nuclear da Rússia é um “meio de proteção” e que a “ameaça [de guerra nuclear] está a aumentar” durante uma reunião com o Conselho dos Direitos Humanos.

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Na mesma intervenção, congratulou-se ainda pela anexação contestada de territórios ucranianos como uma vitória militar crucial, afirmando que transformou o “Mar de Azov num mar interior para a Rússia”.

O Presidente russo criticou, a 11 de outubro, a decisão dos EUA de enviarem um porta-aviões para o Mediterrâneo para apoiar Israel na guerra contra o movimento islâmico Hamas, pedindo a Washington para não agravar a situação.

Putin pede aos EUA para não agravarem situação em Israel

“É claro que é uma tragédia e que há muitas queixas de ambos os lados. Mas, agora, o que devemos tentar é minimizar as perdas entre os idosos, mulheres e crianças”, argumentou Putin, acrescentando que esperava que “num futuro próximo a situação se acalme”. Putin, numa conversa com Netanyahu, já se ofereceu para mediar o conflito entre Israel e Hamas. De facto, nunca se referiu abertamente a um apoio à Palestina, ou até uma aliança, como se chega a sugerir com a tradução descontextualizada do vídeo gravado no ano passado e que aparece agora nas redes sociais associado ao conflito recente.

Conclusão

Putin já se pronunciou publicamente sobre a guerra israelo-palestiniana, pedindo aos EUA para não “agravarem a situação”. No entanto, este vídeo não mostra as referidas declarações e vai bem mais longe, criando informação falsa através da deturpação da tradução de um discurso de Putin que remonta a 2022.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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