Mesmo num sistema político concebido para proporcionar governos maioritários, a posse de uma maioria absoluta deve ser encarada com responsabilidade. David Cameron, que conseguiu uma inesperada maioria parlamentar em 2015, livrando-se até dos seus parceiros de coligação, duraria menos de dois anos como primeiro-ministro após esse sucesso. Theresa May, que lhe sucedeu e convocou eleições antecipadas de modo a reforçar-se, acabaria por perder essa mesma maioria em 2017.
Perante a estrondosa do Partido Conservador nas eleições de ontem, Boris Johnson deve aprender com os erros dos seus antecessores e valorizar a maioria parlamentar que conquistou, preservando-a.
Digo-o, essencialmente, pela sua singular circunstância partidária (dificilmente voltará a enfrentar um líder da Oposição tão fraco quanto Corbyn), pela irrepetível conjuntura eleitoral (que permitiu que vencesse com votos de brexiteers e remainers face à ambiguidade trabalhista) e, principalmente, pelas expectativas que criou.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.