A primeira sondagem para as eleições europeias deu cerca de 10% ao Chega. Entretanto começaram os debates e o Chega já chegou aos 15% nas sondagens. Obviamente, não foram as prestações do cabeça de lista, Tanger Correia, que explicam a subida. Eu tenho uma tese: foram os jornalistas, sobretudo os que dão notas (um exercício absolutamente ridículo iniciado pelo Professor Marcelo), que ajudaram o Chega. A Chegofobia do jornalismo português vale 5% dos votos do Chega. E ainda estamos a duas semanas das eleições.

Os jornalistas não analisam os debates do candidato do Chega com o mínimo de objectividade. Atacam simplesmente os candidatos do Chega, sejam eles quem forem, digam o que disserem. Aparece o Chega, e os jornalistas perdem qualquer resto de racionalidade que ainda possuam. É assim nas televisões, nos jornais e até no Observador.

As prestações de Tanger Correia estão longe de ser brilhantes, são muitas vezes confusas, mas considerá-lo invariavelmente o pior em todos os debates é simplesmente irracional. Por exemplo, os candidatos do Livre e do PAN mostraram uma ignorância atroz sobre a Europa em geral, falam através de lugares comuns e chavões ideológicos sem qualquer capacidade de um raciocínio um pouco aprofundado, e apenas preocupados em colocar o candidato do Chega na “extrema direita.” A incapacidade de perceber que as prestações de muitos candidatos foram mais fracas do que as de Tanger Correia só pode ser explicado por um vírus que se espalhou pelo jornalismo lisboeta, chamado Chegofobia. Sobre a guerra na Ucrânia, o candidato do Chega tem exactamente a mesma posição do PS, da IL e da AD, ao contrário dos cabeças das listas do PCP e do Bloco. Na emigração, tem sido absolutamente claro: é apenas contra a emigração ilegal; nada mais. A sua preferência pela emigração brasileira foi muito atacada. Mas apenas exprimiu, de um modo trapalhão, a política oficial do Estado português. Os emigrantes brasileiros e dos países africanos de língua portuguesa têm privilégios diferentes de todos os outros emigrantes. Está na lei, e nunca ouvi algum partido opor-se a essa política do Estado português.

A grande maioria dos comentadores dos órgãos de comunicação social resolveram colocar a sua Chegofobia à frente da sua credibilidade como jornalistas. Fizeram o mesmo nas eleições legislativas e nada aprenderam. Devem achar que os portugueses que assistem aos debates são estúpidos. Os portugueses simplesmente perceberam o ridículo em que caiu a comunicação social e a maioria deixou de a levar a sério. É muito mau porque uma democracia precise de uma imprensa independente, objectiva e credível. A maioria dos jornalistas deixou de cumprir a sua obrigação de produzir jornalismo de qualidade e resolveu fazer política. Podem chamar o Chega de “extrema direita” ou até de “fascista”. A maioria dos portugueses não liga nada a isso porque a comunicação social em geral perdeu credibilidade. A credibilidade perde-se rapidamente, mas demora muito tempo a reconstruir. Continuem assim e continuarão a ser os principais aliados do Chega nas futuras eleições, como já foram nas últimas.

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