Este ano, não tendo havido os habituais festejos dos santos populares, não se escutou o tradicional “Cheira bem, Cheira a Lisboa” pelas ruas da capital. Em contrapartida, ou muito me engano, ou cheira-me bem que, já em Agosto, e depois de ter sido eleita Capital Verde Europeia 2020, Lisboa levará também a palma de Capital Europeia Covid-19, à conta da organização da fase final da Liga dos Campeões.

Ainda assim, sejamos optimistas, pois este certame futebolístico pode vir a revelar-se muito importante para o turismo nacional. Depois de tantos meses sem recebermos visitantes estrangeiros, eis que a indústria da hospitalidade voltará em força. Não tanto pela quantidade de italianos, espanhóis e franceses que alojaremos nos nossos hotéis, mas mais pela invasão de coronavírus oriundo de Itália, Espanha e França que se hospedará nos nossos organismos. Não tarda nada, voltaremos a taxas de ocupação de 100%, mas desta vez das camas de Cuidados Intensivos.

O pontapé de saída na polémica em torno da fase final da Liga dos Campeões foi dado logo aquando da cerimónia de anúncio da competição. Isto porque no evento marcaram presença figuras políticas de destaque em número suficiente para formar os planteis das oito equipas que disputarão a prova. Mais as equipas de arbitragem para os sete jogos. Com VAR e tudo. Por acaso, a mim pareceu-me uma cerimónia até bastante intimista. Não creio que na apresentação houvesse mais membros do Governo do que, por exemplo, num jantar dos amigos íntimos de António Costa. Nem me parece que lá estivesse mais gente com cargos de responsabilidade política do que, digamos, na festa de Natal em casa de Carlos César.

A propósito da fase final da Liga dos Campeões, o Presidente da República disse que o evento é óptimo porque poupamos o balúrdio que custaria uma campanha internacional de turismo capaz de produzir o mesmo efeito que esta competição. Sem dúvida. Aliás, não sou o único a concordar com Marcelo Rebelo de Sousa. O indivíduo que promoveu aquela festa ilegal em Lagos já começou a preparar o argumentário para quando o Ministério Público o levar a tribunal:

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Senhor juiz, então eu organizo um evento que promove o nome de Odiáxere por todo o mundo e esta é a paga? Se uma campanha para promover Portugal com o mesmo efeito da fase final da Liga dos Campeões custaria um balúrdio, imagine quanto não custaria uma para dar a conhecer o nome da nossa Odiáxere. Era coisa para custar para cima de alguns 500 balúrdios, senhor juiz! Então eu poupo esta batelada de dinheiro ao Estado e ainda me vêm pedir uma indemnização?!

Incrível, a ingratidão do nosso Governo.

Por falar em Governo, onde diz que se está mesmo muito bem é na chamada Capitol Hill Occupied Protest, em Seattle, nos Estados Unidos. Trata-se de uma parte desta cidade que, desde há duas semanas, é governada – com a conivência da presidente da Câmara – por uma chusma de activistas, anarquistas, comunistas, progressistas e os vários outros “istas”, cuja ideia política central é a de que tomar banho com frequência faz mal à saúde. A 11 de Junho, rejubilava o jornal Expresso: “Na «Zona Autónoma» de Seattle a polícia não manda, a comida é grátis e as ideias fluem”. Imaginem que sonho. Imaginem que paraíso. Imaginem que, para receberem a carteira profissional, os jornalistas tinham de ter um idade mental superior a 14 anos.

Surpreendentemente, as coisas na zona ocupada de Seattle têm vindo a piorar um bocadinho. No dia 15 de Junho, a chefe da polícia da cidade informava que as chamadas de emergência recebidas daquela área por motivo de violação, roubo e toda a sorte de actos violentos tinham mais do que triplicado, não estando a polícia autorizada a lá entrar. Já ontem, a imprensa dava conta que, depois de dois tiroteios no fim-de-semana, a autarca de Seattle parecia, afinal, quem sabe, talvez, eventualmente, disposta a pôr cobro àquela palhaçada criminosa. Com pena minha, diga-se. É que sempre achei a série The Walking Dead um bocado rebuscada, mas depois de ver as imagens pós-apocalípticas daquela zona de Seattle, onde a lei é a da selva e reina o caos, confesso – não sem alguma vergonha – que pensei “Eh pá, já agora deixem lá ver para onde é que isto vai”.