A escassos dias das eleições, é expectável uma nova torrente de histórias fantásticas sobre familiares, é natural que cresça a expectativa em torno da aparição de José Sócrates na campanha do PS, e é de esperar que os céus deste país, à semelhança do céu de Guimarães, se encham de vasos voadores.

A propósito. Não contem comigo para desvalorizar o acto do concidadão vimarenense que, a partir da sua varanda, arremessou, com basebolística velocidade, um vaso ao cortejo do PS. Mas também, que diabo, um cidadão mais entusiasmado já não pode atirar flores ao seu pretendente favorito ao cargo de primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos?

É muito triste estes clássicos do romance estarem tão fora de moda. Bem, pelo menos a comitiva do PS, ao bom estilo de Romeu e Julieta, ainda dedicou ao indivíduo na varanda uma bela serenata. E percebia-se que eram estudiosos de Shakespeare, porque a obra original foi traduzida quase à letra, com discursos do tipo, “Eh pá, se eu vou aí acima faço amor contigo e é à bruta, ouviste?!”

Precisamente porque os ânimos estão exaltados e por temos tantas e tão más alternativas nas quais não votar, sinto que o leitor precisa da minha ajuda para discernir se valerá mesmo a pena perder parte do Somos Portugal na TVI para ir votar no domingo. Assim sendo, aqui ficam as minhas dicas.

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PAN – Se estiver a pensar votar no Pessoas-Animais-Natureza lembre-se que as pessoas são nojentas, pois imensas votam no Chega; recorde que dos 10 bichos mais venenosos do mundo todos, sem excepção, são animais; e não olvide que é da sua natureza ter imensa celulite nas coxas e/ou até na própria pança.

PCP – Está a pensar votar no Partido Comunista Português? Não espere por mais sintomas, vá de imediato ver isso. Até porque domingo é óptimo dia para visitar as urgências de um hospital público e não as urgências de um daqueles hospitais que funcionam mesmo. Com sorte, para si e para o resto do país, a espera na fila vai impedi-lo de votar nas próximas duas eleições legislativas. Gratos pelo seu serviço.

PS – É a escolha acertada para pais e avós a receberem reformas tangencialmente acima de miseráveis e cujos filhos e netos emigraram para nunca mais voltarem. As vossas reformas talvez – talvez – estejam seguras, também graças a uma esperança de vida que, a contar com a ajuda do SNS gerido pelo Partido Socialista, não deverá propriamente crescer nos próximos tempos. É esmifrar a tetinha desta vaca e quem cá fica que vá com os porcos.

IL – A Iniciativa Liberal é o partido ideal para quem gosta de combinar a racionalidade económica com a racionalidade da escola pública ensinar a criancinhas de 8 anos que há 73 géneros. Se não faz o seu género preocupar-se com guerras culturais e gostava de poder comprar mais umas coisas antes das guerras culturais acabarem com o mundo ocidental, é a melhor opção.

AD – Para aqueles radicais de extrema-direita que desejam só um bocadinho menos de socialismo do que o PS tem para oferecer, é votar Aliança Democrática. De entre as siglas com duas letras que menos entusiasmam, AD está no topo, a par de qualquer um dos significados da sigla EP: Empresa Pública, Estabelecimento Prisional e Ejaculação Precoce. Basta recordar que a AD conta com Nuno Melo e Gonçalo da Câmara Pereira. O que, nem assim, lhe consegue retirar favoritismo.

BE – Opção perfeita para quem tem corpo de, pelo menos, 18 anos, cabeça de, no máximo, 13 e sonhava ter mudado de sexo aos 16. Porque isto da fluidez de género passa-se muito, lá está, na cabeça. E nem é preciso procurar muito pelo tema, pois estas cabeças do Bloco de Esquerda são unidades de armazenamento onde se guarda mesmo muito pouco coisa. Mas onde haverá sempre espaço, claro está, para mais histórias da carochinha woke, as chamadas histórias da Mortaguínha.

Chega – Qualquer coisa menos votar em comunistas ou socialistas. Mesmo estando por provar que o Chega não seja desta última estirpe. Ainda assim, e perante a hipótese de Pedro Nuno Santos como primeiro-ministro e Mariana Mortágua como Ministra das Finanças, eu corria o risco de André Ventura instalar em Portugal o Quarto Reich.

Livre – Mas o que é que eu disse logo no início do parágrafo acima? Foi precisamente para evitar este tipo de acidente em sufrágios que se inventou a abstenção. Para isto e para não se perder pitada do Somos Portugal na TVI.