Para começar, uma confissão. Por vezes, quando estou a tomar banho com o chuveiro de mão, aprecio imenso acertar com o jacto mesmo em cheio no… Não, mentira. Nada disso. O que devo confessar é que, amiúde, incorro naquele raciocínio simplista de achar que políticas que funcionam num país podem simplesmente ser copiadas noutro. E isso nem sempre é verdade. Vejam, por exemplo, aquela medida recente, tomada cá em Portugal, de tornar a certidão de óbito válida de forma permanente. Sim senhor, por cá até parece uma medida com sentido. Que o português é pouco dado a ressuscitar. Somos muito preguiçosos, a verdade é essa. E ressuscitar ainda dá um certo trabalho.

Já se quiséssemos adoptar esta mesma lei na Rússia revelar-se-ia precipitado. Basta ver o caso recente da suposta morte do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin. O funcionário público teria uma trabalheira a preencher a certidão de óbito permanente, e a pôr aqueles carimbos todos e tal, e passados nem quinze dias lá reaparecia o Prigozhin, fresco que nem uma alface. Das frescas. Como sucedeu após a notícia do seu anterior falecimento numa outra queda de um avião em 2019. É que estes russos são mesmo rijos, pá. Não são tanto eles a ter acidentes de avião, são mais os aviões a terem o infortúnio de se despenhar sempre que transportam malta russa.

Desta vez, o avião que se espatifou, levando ao nunca de fiar falecimento de Yevgeny Prigozhin, era da marca Embraer, uma empresa brasileira. Daí as autoridades do Brasil terem uma palavra a dizer na investigação do acidente. Investigação que seguirei então com muito interesse, tendo em conta que meterá o governo brasileiro. É que o Lula da Silva fugir muito bem às investigações já não é novidade para ninguém. Mas agora que é a vez de ele agarrar uma investigação, sempre quero ver se o artista joga bem à apanhada das investigações.

Quem ninguém agarra é um outro Presidente que, por comparação com Lula, e desde que mantenha a roupa vestida, quase parece um estadista. Não chegavam lá só com esta pista do “estadista”, pois não? Por isso referi a recorrente escassez de indumentária. Para não haver dúvidas que me refiro a Marcelo Rebelo de Sousa. Marcelo que esteve em Kiev, provando aos ucranianos a sapiência do célebre ditado popular: “Quem vai à guerra dá e leva com o Marcelo.”

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Habilitados a levar mas é com Marques Mendes como Presidente estamos todos nós. Isto porque o antigo líder do PSD assumiu a disponibilidade para se candidatar à Presidência da República. E a verdade é que, face a Marcelo, Marques Mendes até teria algumas vantagens. Por exemplo, imaginemos que Marques Mendes era o actual Presidente. A sua deslocação à Ucrânia saía-nos muito mais barata em termos de medidas securitárias. Podíamos dispensar imensas estratégias de protecção do Presidente, porque seria muito mais difícil os russos acertarem-lhe com um míssil, ou assim. Era necessária uma pontaria dos diabos. E eu não creio que as forças armadas russas possuam material bélico tão preciso.

Bom, mas, por enquanto, Marcelo Rebelo de Sousa não tem rival à altura. Ou não tinha. Até àquele momento em que o Presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, agarrou uma das jogadoras da selecção feminina recém-sagrada campeã do mundo e, em pleno relvado, deu-lhe um beijo na boca. Marcelo Rebelo de Sousa até pode ser o “Presidente dos afectos”, mas a este menino ninguém tira o título de “Presidente dos afectos totalmente inapropriados”.

A mãe de Rubiales, indignada com as críticas ao linguadão do filho à jogadora Jenni Hermoso, está em greve de fome até que termine aquilo que diz ser uma “caça desumana e sangrenta”. Não sei que resultados produzirá esta greve de fome, mas uma coisa é certa: dá ideia de não haver um problema hereditário nesta família. Pelo menos a mãe Rubiales consegue passar bastante tempo sem dar uso à boca.