Dias movimentados, estes, em termos de entradas e saídas. A selecção saiu do Euro 2020 com uma prestação sofrível. E Joe Berardo entrou nas instalações da Polícia Judiciária, na sequência daquela prestação magistral no Parlamento, em que o Comendador passou o tempo todo a fazer reviengas à comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. Memorável, aquela comissão, com Berardo a abrir o livro e a exibir toda uma panóplia de dribles humilhantes para os deputados. Aquilo foram túneis, foram cabritos, foram roletas, enfim, valeu de tudo para rebaixar os parlamentares. Sucede que o exibicionismo do Comendador irritou mesmo à séria e Berardo acabou por sofrer uma entrada bem durinha a pés juntos. Neste caso, não terá sido uma entrada durinha daquelas a que nos habituou o saudoso Carlos Mozer, mesmo no limiar da lei, mas foi, antes, uma entrada bem durinha da lei, ela própria.

Pronto, e agora é ver se Joe Berardo fica mesmo afastado de toda a actividade, ou se, pelo contrário, volta rapidamente ao mundo das artes. Verificando-se o primeiro cenário, a parte menos má para o Comendador será, ainda assim, o facto de, mesmo detido, poder apreciar boa arte contemporânea. Quer dizer, pelo menos quando mostram imagens de estabelecimentos prisionais, por norma, as celas estão profusamente decoradas com belíssimos trabalhos fotográficos. Um pouco até na senda daquelas obras mais ousadas de clássicos como um Botticelli, um Rubens, ou mesmo um Courbet. Embora nenhum destes artistas tenha chegado a colaborar com a Pirelli. Pelo menos que eu saiba.

Mas, dizia eu, Portugal foi então eliminado do Euro 2020. Confesso que não segui a partida frente à Bélgica com muita atenção. Em contrapartida, no final da contenda, escutei a análise do comentador desportivo, Marcelo Rebelo de Sousa, com aquele cuidado que me merecem todos os comunicados do mais alto Rui Santos da Nação. Nessa sua intervenção, o Comandante Supremo das Análises Futebolísticas confirmou que “mostrámos ser melhores do que o número um do ranking mundial”. Isto apesar de não sermos, sequer, o número um do ranking europeu. Mas somos melhores que os melhores do mundo. O que é geograficamente impossível, uma vez que a Europa está contida no mundo. Mas fomos muito superiores à Bélgica. Apesar de ter ficado 1-0 para eles. Só que nós esmagámos. Embora tenhamos sido derrotados. Sim, mas os nossos zero tentos foram muito superiores ao mero tento apontado pelos belgas. Ah, pois. Contra isto não há argumentos, não é?

Findo o Euro 2020, o Presidente da Federação apontou já baterias ao Mundial de 2022. Acho pouco ambicioso. Porquê almejar apenas o Mundial do Qatar, se logo em 2023 há nova competição internacional de selecções? Sim, sim. Em 2023 volta a haver Campeonato do Mundo de Futebol. Desta feita na Austrália e Nova Zelândia. Trata-se do Campeonato do Mundo de Futebol Feminino? E depois? Está mais do que na hora da nossa selecção abraçar, além da luta contra o racismo, a causa da fluidez de género. Portanto, é só os nossos atletas, ali durante uns meses, identificarem-se como senhoras e irmos à Oceania limpar o Mundial de Futebol. E é até uma forma muito bonita de homenagear a anfitriã do torneio, Nova Zelândia, que convocou para a competição feminina de halterofilismo dos Jogos Olímpicos de Tóquio deste ano um indivíduo. Que diz que é uma senhora. Mas, vai-se a ver, e é um gajo. Eu só espero é que, quanto esta moda chegar à prova do triplo salto, os senhores que competirão na prova das senhoras usem uma cueca bastante mais generosa do que a que as atletas costumam vestir. Caso contrário, é torcer para que na aterragem do salto nos entre bastante areia para os olhos.

A propósito de atiradores de areia para olhos, António Costa testou negativo ao coronavírus, após um contacto com o seu homólogo luxemburguês, que está infectado. Era de esperar porque, nesta altura do ano, não é comum, no centro da Europa, calçar-se Havaianas, ou aquelas sandálias à Jesus Cristo. E mesmo que se ande com sandálias à Jesus Cristo é com uma peúga. Para fins de conforto e, mais anda, de estilo. Isto para dizer que os pés do Primeiro-Ministro luxemburguês têm andado, certamente, protegidos de qualquer espécie de gotícula. Ou seja, era mesmo muito improvável que o homem tivesse pegado o coronavírus a António Costa, uma vez que é difícil apanhar COVID por lamber os pés a frugais.

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