A dias das eleições legislativas o debate não é saber se a geringonça se aguenta politicamente e que geringonça é que se vai aguentar, se esta, na actual relação de forças, ou outra. Claro que se aguenta se for só para dividir rendas e poder, seja ou não este sempre mais magro, com as sobras que a Europa e o mundo vão deixando. Mas essas são questões pobres, que relevam de uma ainda mais pobre “cultura” social, antropológica e política de sobrevivência e de sobrevivência de casta.

O grande debate, o debate urgente é outro.

Pergunta: que Portugal sairá (inevitavelmente) um dia destes anos de ferro da geografia pura e dura de estrita gestão rasca dos meros interesses materiais? Que futuro para uma comunidade inteira que, por exemplo, ainda não parou para pensar a sério e inverter caminho quanto a uma questão verdadeira e trágica que foram as mais de 100 mortes nas chamas do interior abandonado de há 2 anos?

Uma comunidade vergonhosamente dominada por uma estrutura mediática que configura um verdadeiro centro de poder apostado em desunir e desfigurar para reinar.

Impondo, justificando e manipulando falsas cartilhas pós-modernas. Do casamento homossexual às barrigas de aluguer. Da eutanásia à inenarrável e alegada identidade de género, passando pelos cãezinhos.

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Como os gregos antigos, perdemo-nos pelas novidades. Aterrorizados pela periferia, apostamos nas modas. Curtas nas mangas ou nas pernas, vestimos ou despimos culturalmente tudo quanto nos dizem ser bom porque vem de fora.

Realmente, como povo, às vezes parecemos aquelas calças de jeans “que andam na moda”. Rasgados de alto a baixo nos nossos princípios e valores de sempre. Já sem sentido ou noção de nada. E não é o ridículo (apesar de que o ridículo pode matar e mata…), é a sandice cabotina e abjecta que isto tudo revela. E é mesmo assim.

Porque queremos ser tudo e agradar a todos e a tudo ao mesmo tempo, somos o avesso do ser. Passamos a não ser nada e a não riscar nada. Acabamos infelizes, esgotados e vencidos.

Uma sociedade dormente e anestesiada como esta não vai longe. Antes, não vai a lado nenhum.

E não é a pulverização grotesca e populista da direita política em minigrupos de “salvação nacional” coincidentais (Chega, Iniciativa liberal ou Aliança, etc.) que vai salvar o que quer que seja nas eleições legislativas de Outubro.

A salvação de Portugal é outra e é urgente. É uma reconversão de fundo. Moral. Que para ser duradoura tem de ser sentida, interiorizada, maturada. Escolhida.

Só há um voto estrategicamente eficiente na direita partidária cristã e católica em Outubro. E já leva mais 40 anos.