O Instituto Alemão de Pesquisa Económica estima que o pagamento de impostos da Volkswagen durante os próximos dois anos será inferior em 3 mil milhões de euros ao que o grupo alemão pagava antes do escândalo das emissões poluentes, refere a Bloomberg.

O problema é especialmente agudo nas cidades onde a Volkswagen tem um grande número de empregados, porque existe a preocupação de haver postos de trabalho em risco.

As cidades que se tornaram sinónimo de ascensão da Volkswagen AG no auge da indústria automobilística são as que sentem agora o aperto do escândalo das emissões poluentes, e já estão a ‘congelar’ projetos de investimento público.

Wolfsburgo, cidade a norte da Alemanha e fundada em 1938 para construir o “carro do povo”, já parou 30 projetos, incluindo parques infantis, uma pista de gelo, conservações de estradas, totalizando 17 milhões euros, em antecipação da prevista queda das receitas fiscais de uma empresa, a Volkswagen, que emprega metade dos 125 mil habitantes.

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Na cidade bávara de Ingolstadt, a sede da marca Audi, está igualmente a acontecer o mesmo, com o Estado a travar os seus investimentos.

“Mesmo que a nossa cidade não tenha dívidas e sejamos capazes de fazer provisões, estamos à espera de uma queda significativa das receitas fiscais”, afirmou à Bloomberg o presidente da Câmara de Ingolstadt, Klaus Mohrs Wolfsburg, que já ‘congelou’ as contratações até saber qual será a extensão dos danos do escândalo da Volkswagen na cidade.

“Estamos a analisar todos os projetos”, acrescentou.

Em toda a Alemanha onde a Volkswagen tem instalações, as cidades estão a preparar-se para o impacto do escândalo nos seus orçamentos.

A ameaça não paira só junto daqueles que trabalham diretamente para o grupo Volkswagen, mas também de muitos que dependem das 12 marcas que a empresa representa, tais como fornecedores e serviços, principalmente em Estugarda.

Cerca de 75 mil empregos na Alemanha dependem da tecnologia ‘diesel’, disse o ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, em Berlim na semana passada.

A preocupação está a espalhar-se para outras indústrias, tais como os fornecedores de metais, como cobre e alumínio, de acordo com um estudo da associação profissional de metal alemã VDM, citada pela Bloomberg.

A fábrica de motores da Volkswagen, com mais de 7.000 trabalhadores em Salzgitter, já reduziu um turno semanal na expectativa de quedas de produção.

O presidente executivo do grupo alemão, Matthias Mueller, disse num discurso no início deste mês que poderia haver cortes de investimento e possivelmente despedimentos.