O balanço das vítimas do sismo ocorrido na sexta-feira em Marrocos continua o mesmo desde segunda-feira à tarde: 2.800 mortos e pelo menos, 2.500 feridos. A estes números, a UNICEF juntou outra soma: pelo menos 100 mil crianças foram afetadas pelo terramoto. Daí que Gonçalo Órfão, coordenador nacional de emergência da Cruz Vermelha frise, em declarações à Rádio Observador, que a corrida é contra o tempo, nas operações de resgate, recorda e que o período de recuperação, dos habitantes e do país, vai ser longo.

Marrocos: acessos bloqueados dificultam buscas e isolam aldeias. Número de mortos sobe para mais de 2.800

É que todos estes números são provisórios, como lembra a UNICEF, no seu relatório publicado na segunda-feira sobre as crianças vítimas, referindo que tudo indica que os valores reais sejam muito mais altos.

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A Cruz Vermelha portuguesa não está no terreno mas tem informações partilhadas pela congénere marroquina. Gonçalo Órfão assume que, nesta altura, o relevante é fazer uma avaliação dos danos, perceber quais são as maiores necessidades, que apoios é preciso disponibilizar de forma mais imediata, sem esquecer que o processo ainda está numa fase muito precoce.

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Para o coordenador da Cruz Vermelha, o importante é garantir as necessidades mais básicas, como a água potável, o abrigo para as populações e uma boa alimentação e “organizar o caos”. No entanto, ainda é difícil saber qual será o número real de afetados e quantos serão os que precisam de ajuda.

Marrocos. “Continuamos numa corrida contra o tempo ao nível de busca e resgate”

Gonçalo Órfão relembra também que as equipas no local estão a trabalhar numa corrida contra o tempo, numa tentativa de encontrar os desaparecidos e de salvar os feridos em operações de busca e resgate contínuas que não são fáceis.

Os acessos às zonas mais remotas das áreas afetadas são limitados e, por isso, tornam a avaliação aos danos reais mais complicada e demorada. Especialmente na cordilheira de Atlas, onde as estradas estão bloqueadas, as equipas de busca e salvamento têm o seu trabalho dificultado.

Esta avaliação, refere o especialista, é particularmente relevante para que as equipas enviadas para o terreno sejam especializadas. Ainda em declarações à Rádio Observador diz que, assim que todos os danos forem levantados, a resposta internacional tem que ser imediata.

E questionado sobre os motivos de Rabat para só ter aceitado ajuda internacional de, para já, quatro países, Gonçalo Órfão relembra que, em catástrofes desta dimensão, é necessário manter a organização e a logística. As equipas no terreno têm que ser capazes de se coordenarem com as equipas locais e de oferecer ajuda eficaz. Um “excesso de equipas de apoio não seria benéfico” pois “dificultaria a logística”.