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Tudo começou com um inevitável grupo de WhatsApp. Mas desta vez não foi preciso criar um de novo. Reciclou-se o que já vem de 2021 e agora até a pensar no futuro. Foi assim que o “Orçamento 2023” se passou a chamar “Orçamento de QUALQUER ANO” (com um emoji de um saquinho de dinheiro). Foi através dele que 32 pessoas comunicaram (ainda estão a comunicar) sobre todas as peripécias deste OE 2025. E uma delas aconteceu logo com um dos membros do grupo de mensagens: por momentos, por erro, houve um intruso. Tinha o mesmo nome de quem lá devia estar, mas era da Ordem dos Contabilistas. |
Se essa questão foi rapidamente detetada e resolvida (neste caso, removida) no Observador, a mais importante para o País continua suspensa. Por isso, o grupo de WhatsApp vai manter-se ativo ainda durante bastante tempo, até porque a votação do Orçamento na generalidade só terá lugar no final do mês e não se sabe com que desfecho. Houve, aliás, quem visse na escolha de um dos pratos do jantar orçamental da redação (havia muita, mas mesmo muita gente a trabalhar, para a rádio e para o site) um mau prenúncio: “Começou o roteiro da carne assada”, ouviu-se. De facto, na ementa estava o prato típico da campanha eleitoral, que será uma realidade caso o OE chumbe e o País vá para eleições antecipadas. |
A Rita Tavares, grande repórter de Política, percebeu que as coisas estavam mal do lado do PS logo na reunião de Pedro Nuno Santos com a bancada parlamentar socialista na noite de terça-feira, dia 8, que só acabou às 3h00 da madrugada de dia 9. Os 78 deputados estavam colados aos telemóveis onde iam lendo os relatos do que se estava a passar lá dentro nos vários jornais. Depois trocavam mensagens e falavam entre si, para desespero do líder do partido, que comentou várias vezes a situação. O problema é que sempre que a porta se abria e alguém saía para fumar, os ecos do interior chegavam de forma bem audível cá fora. E, numa dessas vezes, a Rita ouviu claramente Pedro Nuno exaltado. Perguntou e percebeu que era uma resposta a Sérgio Sousa Pinto, especialmente duro no início, já que continua a defender a viabilização do OE (algo que não é consensual no núcleo duro de PNS). |
No dia da entrega do documento, tudo até pareceu correr relativamente bem ao Governo. Surpreendeu até a pontualidade britânica. O editor de fotografia João Porfírio tinha combinado com o chefe de gabinete do ministro estar no ministério das Finanças às 14h00 para apanhar os últimos minutos de preparação antes da entrega do OE na Assembleia da República. Quando lá chegou, apanhou Joaquim Morais Sarmento sozinho, concentrado, a escrever num pequeno cartão as notas para a conferência de imprensa marcada para às 16h00. Ouviu um “esteja à vontade” para tirar as fotos exclusivas de bastidores. O ministro e os quatro secretários de Estado saíram no exato minuto que tinham previsto dos seus gabinetes (14h25 para estar em S. Bento às 14h45). No caminho inverso, tudo aconteceu igualmente dentro das horas marcadas. E, tanto o João Porfírio, como a Ana Suspiro, grande repórter de Economia, e o Miguel Santos Carrapatoso, editor adjunto de Política, que já estavam na sala para a conferência de imprensa, estranharam não só o cumprimento das horas, como a inédita mesa de catering (com uma “instalação” de fruta e queijadas de Sintra), o vídeo promocional e os curtos 16 minutos de apresentação ministerial (que nem deu a palavra aos secretários de Estado, como habitual). Só na fase das perguntas é que o sorteio entre os muitos media causou algum bruaá. |
Aliás, como a apresentação foi rápida, e as reações se sucedem em catadupa, na Rádio Observador foi preciso adaptar o planeamento da emissão especial conduzida pela Vanessa Cruz e o Miguel Videira. Depois dos 10 convidados — entre deputados, comentadores e jornalistas — que passaram pela antena, acrescentou-se um mini “Fora do Baralho” no meio de “E o Vencedor É”, já que três dos quatro ases participaram (Susana Peralta, Luís Aguiar-Conraria e Jorge Fernandes). E deu-se o improvável: os representantes da IL e do PCP (Bernardo Blanco e Bernardino Soares) acabaram a concordar que este é um Orçamento à PS, que poderia ser assinado por António Costa. |
Só que à noite, André Ventura acabou com a tranquilidade governamental. Ao mesmo tempo que na televisão revelava o que Luís Montenegro lhe teria prometido em troca da viabilização do Orçamento, o núcleo mais próximo do primeiro-ministro ia aos arames, como se apercebeu o Miguel Santos Carrapatoso. Minutos antes das 21h, pediu uma reação oficial às declarações do líder do Chega. Às 21h12, recebeu um primeiro telefonema irado a desmentir o que dizia Ventura. Praticamente no mesmo minuto, uma outra fonte dizia-lhe afinal para ter “calma”, que a reação oficial já iria chegar. Às 21h13, reforçaram-lhe: “Esperem só um pouco”. Às 21h24, na rede social X (antigo Twitter), Luís Montenegro escreveu “MENTIRA” em caps lock e a ainda lhe juntou a palavra “desespero”. Mas André Ventura tinha conseguido o que queria e o que o Governo não desejava: voltar a colocar o Chega no centro do debate orçamental (e a Inês André Figueiredo colada ao telefone a perceber afinal que reuniões houve entre ambos). |
No meio disto tudo, a Alexandra Machado, editora de Economia, o Rui Pedro Antunes, editor de Política, a Ana Sanlez, editora adjunta de Economia, o Pedro Raínho, editor de Sociedade, o Miguel Viterbo Dias, repórter parlamentar, todos os já citados e todos os jornalistas que escrevem sobre economia e política (e sobre outras áreas que constam no documento) faziam contas, liam páginas e páginas (pode ler tudo o que escreveram aqui) enquanto engoliam o dito jantar. Provavelmente para nada. No fim do mês saberemos. Felizmente, houve quem ainda conseguisse ver as auroras boreais para iluminar a noite. |
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Talvez lhe tenha escapado
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PS
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Ex-líder do PS enviou mensagem sobre o seu tempo como líder aos mais próximos, que garantem que está a "ponderar". Mas Seguro continua em silêncio. Pedro Nuno animou seguristas ao referir nome.
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Orçamento do Estado
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Bate-boca entre Montenegro e Ventura esvazia qualquer hipótese de viabilização por parte do Chega. Pedro Nuno tem a palavra final e não fecha a porta. Embora também já sinta o aperto interno.
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Orçamento do Estado
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As medidas com impacto negativo no saldo orçamental são relevantes. Mas as receitas crescem também à boleia do consumo e do crescimento económico. E Governo espera que não haja choques extra.
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Vichyssoise
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Em entrevista, Sérgio Sousa Pinto defende que a aproximação do Governo às pretensões do PS deixa o partido sem grandes argumentos para votar contra o OE. E rejeita comparação entre o PSD e o Chega.
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Orçamento do Estado
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IRS Jovem. Após avanços e recuos na negociação entre a AD e o PS, a proposta de Orçamento do Estado define um modelo parecido (mas não igual) ao que existe atualmente mas com duração de 10 anos.
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Orçamento do Estado
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Governo prevê cobrar menos mil milhões em IRS, mesmo sem ter mexido nos escalões. Porém, atualizou os patamares salariais em 4,6%, o dobro da inflação. Veja o que, na prática, isso significa para si.
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Orçamento do Estado
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Um IRS Jovem mais moderado, um possível novo bónus nas pensões (se as contas públicas correrem bem) e os impostos sobre o consumo que não sobem, mas que dão mais receita ao Estado.
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Orçamento do Estado
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No que toca a medidas para as empresas, a discussão em torno do IRC dominou o debate do orçamento. Descida da taxa acabou por ficar a meio do que era pretendido. Mas há mais medidas.
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Orçamento do Estado
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Montenegro passou a pressão para os adversários e Miranda Sarmento estreou-se sem erros. Pedro Nuno mostra indecisão e Ventura criou novo caso. Marcelo mantém-se, como prometeu, em silêncio.
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Orçamento do Estado
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José Manuel Fernandes, António Nogueira Leite, Paulo Ferreira, Alexandra Machado, Ana Sanlez, Rui Pedro Antunes Miguel Santos e Carrapatoso escrevem sobre o que mais surpreendeu no OE para 2025.
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Orçamento do Estado
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O Observador acompanhou os bastidores na última hora antes de Joaquim Miranda Sarmento entregar o Orçamento do Estado — o seu primeiro — na Assembleia da República.
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Governo
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Governo apresentou trinta medidas para apoiar media. RTP vai ter plano de reestruturação e assinaturas só custarão metade. Plano é "pragmático" e Executivo quer consensos no Parlamento.
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RTP
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Governo afasta cenário imediato de aumentar a contribuição audiovisual para compensar fim gradual da publicidade na RTP. Corte representa quase 10% da receita do grupo, mas está limitado ao canal 1.
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Caso das gémeas
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Neuropediatra que tratou as gémeas fala em "interferência do poder político" e revela a forma como as crianças eram conhecidas em Santa Maria. Teresa Moreno critica também pressão de Daniela Martins.
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Orçamento do Estado
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"As políticas [públicas] devem ser usadas para alisar os ciclos económicos", avisa Mário Centeno, pedindo a "todos os agentes económicos" que aproveitem o atual bom momento para criar "almofadas".
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Presidência da República
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Montenegro deu força a Mendes a Belém e reduziu margem de outros notáveis. Ex-líder pode ir ao Congresso, mas não discursa e não avança antes de 2025. Entusiastas de Mendes já atiram a Gouveia e Melo.
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Crime
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Dos cinco fugitivos da cadeia de Vale de Judeus, autoridades já conseguiram encontrar Fábio Loureiro. Agora, deverá ser extraditado para Portugal e terá de enfrentar um novo julgamento por evasão.
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Segurança
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Carlos Moedas fala em tráfico e furtos à vista de todos. Pede mais polícias e mais poder para a Polícia Municipal. Ainda antes do triplo homicídio na Penha de França, retrato à segurança de Lisboa.
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Tabaco
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Medicamentos custam 26 e 60 euros por mês e já estão disponíveis. Mas há um problema: escasseiam as consultas de cessação tabágica no SNS. Pneumologistas criticam os elevados tempos de espera.
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Pedro Sánchez
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Justiça espanhola investiga mulher de Sánchez por alegada apropriação de software e apoios que terão facilitado contratos públicos. Governo desvaloriza, mas oposição vê caso como trunfo.
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Reino Unido
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Sue Gray, chefe de gabinete de Keir Starmer, demitiu-se no que aparenta ser uma luta de poder em Downing Street. Primeiro-ministro enfrenta arranque de mandato difícil e admite que tem de "refletir".
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Conflito Israelo-palestiniano
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Foi há um ano que tudo mudou. O ataque terrorista, que apanhou Israel desprevenido e atingiu sobretudo civis, muitos pacifistas, abriu um tempo novo – mas um tempo e um futuro novo que ninguém conhece
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Eleições EUA
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Candidatos à presidência dos EUA são discretos na maneira como vivem a religião, mas o tema define sentido de voto de vários eleitores. Cristãos brancos estão com Trump, ateus e judeus apoiam Kamala.
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Moda Lisboa
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Vencedoras na edição de março, Bárbara e Isza responderam ao desafio do Observador: registar mês após mês meio ano de conquistas e solavancos, no rescaldo do triunfo na ModaLisboa.
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Moda Lisboa
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Sem risco, nunca teria nascido aquele vestido tromp l'oeil com um nu que vendeu 500 exemplares. Feliz por retomar o têxtil, esta sexta Constança Entrudo pôs uma sala de concertos em modo S.O.S.
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Companhia Nacional de Bailado
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Teatro-sede da Companhia Nacional de Bailado reabre dia 17. Obras acabaram com infiltrações, aumentaram o espaço e conquistaram luz natural. Mudanças afetam sobretudo quem lá trabalha.
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Râguebi
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Mais federados, mais atletas do Campeonato na Seleção e uma nova imagem para o exterior: foi assim o último ano do râguebi. FPR assume que precisa de apoios e de um estádio – para 10.000 espectadores.
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Futebol
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Foi o príncipe das ideias de Guardiola no Barcelona, escondeu uma depressão antes de ser herói de um Mundial e passou os últimos anos incógnito no Japão. Esta terça-feira, Don Andrés acaba a carreira.
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Empresas
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Desafios enfrentados pelo setor da moda e resultados negativos levaram a Platforme a fazer um despedimento coletivo. José Neves, que viu falir a Farfetch, é um dos fundadores.
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Opinião
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Nos EUA, Hitler não defronta Estaline. Qualquer conservador, sem medo do que dele pode dizer a esquerda, encontra razões para votar em Trump, como qualquer esquerdista para votar em Harris.
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Conheci mais do que um escritor que foge de livrarias. Agora, são também os vivos que afligem, o mar de livros, a pergunta teimosa: para quê escrever, se já existe tudo isto?
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O plano do governo para os media é um bom princípio. Seria melhor se o primeiro-ministro boa não criticasse um sector no preciso momento em que vem dizer ao país que é urgente salvá-lo.
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Declarações como as de Leitão Amaro e Carlos Moedas são positivas e devem ser elogiadas mas precisam de ser concretizadas em acções concretas e eficazes para que o centro recupere a sua vitalidade.
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Compromissos para além de 2025, como quer o PS. Negociações acesas sem se conhecer a proposta de Orçamento. E muitas medidinhas para não assumir a descida do IRC.
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