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Enquanto decorria a missa exequial de Rui Nabeiro, André Maia, jornalista da Rádio Observador, procurava em Campo Maior uma mesa e uma tomada para poder trabalhar. Não é assim tão rara a cena em que vemos um jornalista de olhar meio perdido com um computador na mão, mochila mal fechada com cabos pendurados à procura de um poiso. O André tentou vários cafés, mas nenhum tinha a tomada no sítio certo para carregar baterias. A solução foi a mais improvável, uma florista que ia encerrar daí a 10 minutos. “O senhor fica aí sossegadinho e quando acabar basta sair e bater a porta”. O nosso repórter ainda recusou a generosa oferta, mas o relógio da rádio não pára e acabou por ficar. Enquanto editava esta peça, ainda teve de atirar um “Está fechado!” para alguém que batia à porta porque precisava de comprar flores. |
Já para conseguir essa história de velhos contrabandistas espanhóis amigos de Rui Nabeiro, a Ana Sanlez, editora adjunta de Economia, o João Porfírio, editor de Fotografia e o André Maia viveram uma aventura na estrada nacional 246 a caminho de Badajoz. Os três jornalistas tinham conseguido o contacto de Ricardo Cabezas, presidente da associação de vizinhos do bairro de Nossa Senhora da Assunção, o nome oficial do Gurugú, zona modesta e não recomendada pelos guias turísticos daquela cidade espanhola. O carro do Observador (praticamente a estrear) era conduzido pelo editor de Fotografia, quando subitamente parou antes da fronteira. “Avaria Elétrica – PERIGO”, lia-se no tablier. |
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O carro não respondia. No meio do campo, o André Maia vestiu o colete refletor, deu 30 passos bem medidos (como aprendera nas aulas de Código da Estrada) e pela primeira vez colocou um triângulo de sinalização de perigo na estrada e imortalizou o momento numa foto. |
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A Ana Sanlez pegou no telefone, ligou para a Assistência em Viagem e logo percebeu que a ajuda iria demorar horas, muitas horas. Mas não queria desistir de uma reportagem boa demais para ficar por contar. O trio tomou uma decisão. O João Porfírio ficaria no carro avariado à espera de um reboque. O André Maia voltaria ao hotel em Arronches, onde estava um outro carro do Observador (de apenas dois lugares), regressaria para apanhar a Ana Sanlez e seguiriam ambos para Badajoz. Sorte de quem nunca ficou empanado (é uma palavra muito certeira) na estrada. Aos nervos do contratempo, que põe em causa o trabalho, soma-se um tédio que agudiza o desconforto. Também já todos aprendemos que as máquinas (mesmo as sem Inteligência Artificial) têm vida própria, são impertinentes, caprichosas e ainda mais insuportáveis quando “percebem” que têm o poder de nos parar. |
Movido pelo tédio e pelo inconformismo, o João Porfírio desligou tudo e sem abrir o capot (algo que eu faria para contemplar o sempre fascinante emaranhado de tubos e cabos) voltou a carregar no interruptor et voilá, o carro pegou e andou. Meia volta para apanhar o André Maia, que caminhava na berma da estrada em direção a Arronches — e que por essa altura já tinha aprendido que uns minutos de carro podem ser uma horas a pé. O trio de novo reunido seguiu finalmente para Badajoz, onde encontrou não só histórias de contrabando como de uma amizade inabalável. |
André Maia foi o primeiro jornalista do Observador a chegar a Campo Maior depois da notícia da morte de um empresário singular, que comoveu o país e sobretudo uma região do interior, onde o desenvolvimento está ligado ao nome Nabeiro. A editora adjunta de Economia e o editor de Fotografia do Observador chegaram na segunda-feira e encontraram uma vila de luto. No meio do negro dos trajes, um fato de treino verde destacava-se. Ana Sanlez aproximou-se e conheceu Camané, o antigo guarda-redes que um dia foi atingido por um disparo. |
A emoção de “um dos melhores dias de sempre” |
Fernando Pereira tem 39 anos, dois filhos e trabalha em logística industrial. Fernando é o vencedor do campeonato de relatos na categoria “Seleção Nacional” da Rádio Observador. Conquistou o galardão com a narração do golo de Rui Costa contra a República da Irlanda que valeu a qualificação para o Europeu de 1996. A primeira intervenção na telefonia foi no Três Toques, da Rádio Observador. E depois veio o prémio: estar com a nossa equipa de jornalistas na bancada do Estádio de Alvalade para o Portugal, 4-Liechtenstein, 0 desta quinta-feira. Ao minuto 50, João Cancelo foi derrubado na área e com 2-0 no marcador estava ali a oportunidade para Ronaldo marcar o primeiro na era Martinez e para Fernando Pereira se estrear na narração de um jogo de futebol. André Maia (sim, o mesmo que andou a pé na N246 ao sol) e Diogo Varela comunicaram com o olhar e passaram a emissão ao vencedor do nosso desafio. Com a alegria de uma criança, olhos a brilhar, Fernando levantou-se, segurou com força o microfone, correu para o relato e gritou gooooooooooooooooooooollllllooo quando CR7 rematou certeiro para o lado direito da baliza guardada por Benjamin Büchel. Quando a emissão foi para estúdio para os comentários de Gabriel Alves e João Pinto, Fernando Pereira, emocionado, abraçou com força o André Maia e o Diogo Varela agradecendo por “um dos melhores dias de sempre”. |
Terceiro episódio estreia na terça-feira |
O terceiro episódio está quase a chegar, estreia esta terça-feira. Os dois primeiros capítulos da série do podcast “O Sargento na Cela 7” já foram ouvidos mais de 120 mil vezes em diversas plataformas como o Spotify, o Apple Podcast, o Google Podcast, além do Youtube, Instagram e Facebook, entre outras. Esta é a história de António Lobato, o português que mais tempo passou em cativeiro na guerra em África. Sete anos e meio em condições miseráveis. Uma série em áudio, que nos permite ter uma experiência imersiva. A série resulta do trabalho dos jornalistas Tânia Pereirinha e João Santos Duarte e da sonoplastia de Diogo Casinha. Uma história de guerra, de amor e de uma operação secreta lançada para salvar prisioneiros portugueses. “O Sargento na Cela 7” é narrado por Pêpê Rapazote e tem música original de Noiserv, o convidado do programa … Em 40 minutos da Rádio Observador deste domingo, 26 de março, depois do jornal do meio-dia. Aqui encontra o primeiro episódio e aqui o segundo. |
PS: O carro não voltou a dar sinais de avaria. |
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Talvez lhe tenha escapado
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História
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Ouça a estreia. Um piloto de guerra despenha-se na Guiné em 1963. Na véspera tinha dito à mulher: “Se algum dia eu não chegar a casa, não te preocupes: hei de voltar”. Esta é a sua história.
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História
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No novo episódio do podcast "O Sargento na Cela 7", António Lobato é atacado e preso por guerrilheiros do PAIGC. Tenta fugir pela primeira vez mas fracassa. Maria dos Anjos recebe uma carta misteriosa
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Podcasts
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O novo podcast do Observador conta a história do piloto português que passou mais tempo em cativeiro durante a Guerra de África. É uma série sobre resistência e amor para ouvir em seis episódios.
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Empresas
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Foi o “guardião” de Campo Maior e não há na vila raiana quem não tenha uma história com o comendador. Do desporto à cultura, o toque de Rui Nabeiro chegou muito além do café.
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Empresas
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Uma linha de comboio junto à fronteira, um empresário com olho para o negócio e um bairro com urgência em sobreviver. Nos anos 50 e 60, Rui Nabeiro moldou o bairro do Gurugú e a herança ainda perdura.
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Obituário
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Criou um império do nada e tornou-se num dos homens mais ricos de Portugal. Pôs uma vila alentejana no mapa e café em Portugal será sempre sinónimo do seu nome. Rui Nabeiro morreu aos 91 anos.
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Vichyssoise
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Em entrevista, António Leitão Amaro, vice-presidente do PSD, não poupa críticas às medidas apresentadas pelo Governo e defende que António Costa já deveria ter baixado os impostos sobre rendimentos.
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PSD
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Tentativa de empurrar antigo PM para Bruxelas irrita passistas. Vitória nas europeias apagaria sombra que Marcelo vai alimentando "artificialmente". Passos já foi desafiado no pós-Rio e disse que não.
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Presidente Marcelo
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Presidente e primeiro-ministro passam por momento de tensão. Histórico mostra, no entanto, que crises não passam de arrufos institucionais que duram poucos dias. Pazes podem ser feitas já no Caribe.
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Banca
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Silicon Valley Bank caiu, em parte, pela dívida pública que tinha. Agência de "rating" não vê o mesmo risco na banca europeia. Mas bancos nacionais são dos mais vulneráveis num "exercício teórico".
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Finanças Públicas
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Medidas de apoio seletivas, definir prioridades para gastos públicos, olhar adequadamente para lei da atualização das pensões. São as sugestões de Nazaré da Costa Cabral, em entrevista ao Observador.
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Inflação
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O Governo "leu a sala" e anunciou mais um pacote de apoios para as famílias fazerem face à inflação, incluindo a muito discutida redução do IVA para 0% em alguns produtos. Mas sobram dúvidas.
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Guerra na Ucrânia
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No dia em que se conheceram, Putin — ou Volodya, como Sergei o trata — guiava um velho Zaporozec e ajudou-o a escapar do quartel. Quando o amigo se tornou Presidente, a fortuna do músico disparou.
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França
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Aumento da idade da reforma origina várias manifestações em França, algumas com contornos violentos. Macron não desarma e defende medida, mesmo que isso implique perda de popularidade.
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Justiça
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Construiu um império a partir de uma garagem em Queluz e da cópia de revistas. Conhecido por maltratar os funcionários, teve 9 filhos e pô-los a trabalhar na Impala. Em pleno PER, comprou um Porsche.
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Séries
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Uma das melhores séries dos últimos anos regressa para terminar. Sem dragões, zombies ou Cordyceps, apenas com cinismo por todos os lados e estes ensinamentos, que devemos usar como eles não usaram.
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Música
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Estrela em ascensão na música erudita, Jakub Józef Orliński estreia-se em Portugal com árias barrocas e uma homenagem a Jorge Gil. Entrevistámo-lo antes dos concertos no Porto e em Lisboa.
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MotoGP
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Mundial de MotoGP volta este fim de semana com o Grande Prémio do Algarve e Miguel Oliveira vai estrear-se pela RNF Aprilia após ter deixado a KTM. A grande novidade de 2023 são as corridas sprint.
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Opinião
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Se em 1987 a primeira geringonça tivesse prevalecido, não teria havido cavaquismo e os anos de 1987-1995 teriam sido tão medíocres como foram os de 2015-2023. Em 1987, tivemos sorte. Em 2015, não.
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Quando já existe falta de professores, o governo implementa medidas que alargam as necessidades de recrutamento. Há aqui duas prioridades políticas em sentido contrário e em colisão iminente.
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O Estado tem edifícios devolutos e terrenos desocupados. Temos de começar por discutir a responsabilidade directa do Estado, e do património do Estado, para as coisas estarem como estão.
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Recordo a sessão como se fosse agora mesmo, como se ainda estivesse a decorrer. Lembro-me porque me é impossível esquecer José Manuel Galvão Telles, o seu protagonista
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A estratégia do Governo de pressionar e envergonhar as empresas do retalho alimentar tem elevados riscos. Num tempo de radicalismos, é atirar achas para a fogueira sem resolver nenhum problema.
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