Segundo a revista Sábado, o filho de António Costa, Pedro, contratou três amigos para as Juntas de Freguesia onde exerceu (São Domingos de Benfica) e exerce actualmente (Campo de Ourique) o cargo de vereador. Um deles, Daniel Nunes, é assessor da pasta da Higiene Urbana. Pedro Costa revela que precisa do seu compincha Daniel Nunes porque: “Grande parte do trabalho deste pelouro é verificar no terreno a limpeza das ruas. Andar na rua a ver o que está limpo e o que não está. Eu não consigo dedicar-me a isso a 100%, até porque tenho outros pelouros”. Ou seja, Daniel Nunes é um Fiscaliza Fezes. Recebe 1300 euros por mês para fazer cocóspotting. Deve ser, ao dia de hoje, dos Assinala Detritos mais bem pagos do país.
Como a maioria dos portugueses, fiquei indignado por um vereador, ainda para mais filho do PM, arranjar ao amigo um emprego bem pago de Topa Bostas. Ia até fazer os sempre divertidos e oportunos jogos de palavras, tipo “filho de peixe, sabe nomear”, “quem tem filhos, tem caciques” ou “quem sai aos seus, não enjeita oportunidade de usar o poder para ajudar os amigos”. Só que, entretanto, lembrei-me que vivo em Campo de Ourique, logo, sou beneficiado por ter um Vigia Cagalhões de alto coturno a laborar na freguesia. E porque é que sei que se trata de um estupendo Detecta Entulhos? Porque é o próprio Pedro Costa que diz que o cargo é “de confiança”. Ora, se o trabalho de Indica Imundices é tão importante que necessita de ser desempenhado por alguém da confiança política do vereador, é porque é levado bastante a sério. Não é uma mera sinecura, levada à cabo por alguém que se limita a olhar distraidamente para o chão, sem a minúcia que se exige a um Aponta Resíduos de qualidade. Acima de tudo, um Visiona Vasilhames que está politicamente alinhado com o seu vereador, de modo a produzir boa análise de lixo socialista.
Se Pedro Costa tivesse de escolher, para Vislumbra Bodega, entre o seu amigo e um licenciado em Observação de Lixo, com Pós-Graduação em Manchas de Xixi no Chão e Mestrado em Pichagem de Caixas de Electricidade, mas de direita, é claro que optaria pelo camarada. Seria muito difícil trabalhar com alguém que olha para uma rua suja a partir de outro ponto de vista ideológico. Na hora de abrir o contentor, tem de haver sintonia. Se já é difícil na mesma família, quanto mais em partidos diferentes. Discuto muitas vezes com a minha mulher sobre a natureza do lixo. Coisas que eu considero estarem em bom estado, ela considera estarem em condições de ir para o caixote. E, muitas vezes, obriga-me a despi-las para deitar fora.
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