Então, afinal, os forretas dos holandeses chegaram-se à frente com o dinheirinho, ou não chegaram? Ah, pois é. E foi mesmo em tempo útil, diga-se, porque a evolução do comportamento de António Costa na presença de altos dignatários dos Países Baixos deixava antecipar, para futuras cimeiras entre os dois estados, novos mínimos de dignidade. A julgar pela rapidez com que Costa passou da novela do “repugnante” ministro das finanças holandês à vénia ao primeiro-ministro Mark Rutte, num próximo encontro com o Rei Guilherme Alexandre da Holanda devíamos esperar o quê, que António Costa se jogasse para o chão aos pés do monarca, de barriga para cima, desafiando-o para a brincadeira mordendo um osso a fingir, todo ele feito em cortiça?

Bom, mas o que importa é que se chegou a acordo no Conselho Europeu e a Portugal chegarão, do plano de retoma, 45 mil milhões de euros. Ou melhor, 45 mil milhões, 67 euros e 39 cêntimos, para ser exacto. Muita gente questionou porque raio António Costa levou aqueles sapatos com sola da cortiça para a reunião com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. E porque nesta rubrica se aprende muito, não apenas de geopolítica internacional, mas também de Ciência e Engenharia de Materiais, aqui fica a explicação. A cortiça é um material afamado por proporcional, além de isolamento térmico, um estupendo isolamento acústico. Ora, António Costa, ciente desta propriedade da sola do seu calçado, desviou a atenção do homólogo neerlandês revelando-lhe que possui um apelido que, na nossa língua, é um nome próprio de menina, contornou-o discretamente sem produzir qualquer ruído e fanou-lhe a carteira. Que tinha os tais 67 euros e 39 cêntimos. Que é para o holandês aprender a não se armar em frugal. Assinalemos, pois, a solenidade deste momento, interpretando o hino nacional:

É de envergonhar, pobre povo,
Nação solvente, à conta do frugal,
Levantai hoje de novo
O cheque em nome de Portugal!
Entre as brumas não há memória,
Ó Pátria, de Governo mais atroz
Que há-de guiar-nos a nós,
A mais uma bancarrota vexatória! 

Às urnas, às urnas!
E toca a no PS filiar
Às urnas, às urnas!
Há dinheiro pra esbanjar!
Com tantos milhões
É sacar, sacar!

Agora que os forretas aforradores nos vão forrar os cofres — outra vez –, é fácil antecipar a sequência de acontecimentos nos próximos anos. Obras públicas megalómanas tipo TGV e novo aeroporto, em barda, entregues a empresas com ligações ao Partido Socialista. Adjudicações directas, em barda, a empresas com ligações ao Partido Socialista. Nomeações para todo o tipo de organismo, em barda, de indivíduos com ligações ao Partido Socialista. Bancarrota. Daquelas que o Partido Socialista causa em barda. Choradinhos, em barda, acerca de como “A culpa não é nossa, é desses somíticos dos holandeses e alemães, que são os grandes beneficiários do mercado único europeu porque enriquecem à custa dos produtos que nos vendem”. E, de novo, insucesso nas buscas pela arma de fogo que holandeses e alemães teimam em apontar-nos à cabeça para nos obrigar a endividarmo-nos por forma a comprar-lhes o que produzem.

A propósito de tudo isto, e como se não nos bastassem os surtos de Covid, esta negociação em Bruxelas teve como efeito secundário uma nova sobrecarga do sistema de saúde. Nomeadamente das unidades de queimados de vários hospitais portugueses. Com a perspectiva de vinda de tanto milhão da Europa, tudo o que é empresário com ligações ao Partido Socialista começou a esfregar as mãos com tal entusiasmo e vigor, que foram reportados inúmeros casos de metacarpos e falanges com queimaduras de terceiro grau.

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