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(Excerto de uma discussão no whatsapp sobre o que devia ser o genérico do Café América, o novo programa estreado esta semana pela Rádio Observador para acompanhar as eleições americanas) |
– Pode ser o O say can you see, em órgão
– Hail to the Chief em versão sanfona
– Mas há Hail to The Chief em sanfona?
– Não se arranja alguém que toque?
– Isto vai ser divertido. |
(E foi). |
Assistir a tudo o que envolve a preparação de cada novo programa é mesmo das coisas mais divertidas que pode haver numa rádio com 15 meses (uma das muitas coisas divertidas). Tomar a decisão de lançar o “Café América” foi muito fácil: as eleições presidenciais americanas têm importância mais do que suficiente para justificar este enriquecimento da grelha da Rádio Observador; e fazia todo o sentido que o modelo a seguir fosse o do Café Europa, a acrescentar informação e confrontar pontos de vista com o tom informal e descontraído com que quase todos falamos no dia-a-dia. Foi só juntar a subdiretora Sara Antunes Oliveira e o jornalista João de Almeida Dias, que tem acompanhado tudo sobre as eleições americanas, ao painel do Café Europa: Henrique Burnay, Bruno Cardoso Reis, João Diogo Barbosa e Madalena Meyer Resende (dois elementos do Café Europa entram rotativamente no Café América). |
Parte do sucesso do Café Europa é a estrutura do programa e os três prémios que distribui semanalmente: o prémio para o disparate da semana, que baptizámos como Dijsselbloem (o ex-presidente do Eurogrupo que disse que os portugueses gastavam tudo em álcool e mulheres); o prémio Átila, para o mau da semana; e o prémio Croissant d’Or, para um destaque positivo. Ideias para transpor isto para a América? Abundaram, como mostra este outro excerto das trocas de mensagens entre os elementos do painel do novo programa: |
– Prémio do bom da semana: Washington. Ou panqueca ou Donut ???? de ouro
– Prémio disparate: Sarah Palin? Dizia que via a Rússia do Alaska! Entre outras pérolas
– Se bem que a definição de soccer mum dela era boa. Pitbull with lipstick.
– E se o prémio do mau fosse John Wilkes Booth? O homicida do Lincoln, portanto.
– Obriga a escolher coisas realmente más.
– Acho que o ouvinte médio vai ter dificuldade em perceber. E explicar é perder tempo …
– Mas também não estaria mau, ninguém gosta de Booth.
– Então e não era engraçado gritarmos sic semper tyranis? Epá, este painel tem as prioridades desengonçadas!… Aqui ganha o voto popular ou também há um colégio eleitoral?
(…)
– Ontem chumbaram-me a proposta de ter como vilão o John Wilkes Booth, mas agora proponho ainda outra: Frank Underwood.
– Podia ser prémio Oswald o assassino do Kennedy
– Frank Underwood. Rocks. Boa. E é fácil os ouvintes reconhecerem. E o som pode ser o anel a bater. |
Foi mais ou menos assim que ficou fechado que a honra de baptizar o prémio para o disparate ficaria entregue a Sarah Palin, ex-candidata a vice-presidente; que no prémio do bom o croissant do Café Europa seria substituído pelo Donut de Ouro; e que o prémio para o mau ficaria entregue a Frank Underwood, o vilão de House of Cards interpretado por Kevin Spacey, (e sim, com o indicativo sonoro do anel a bater na mesa numa das cenas mais incríveis da série). |
As horas que antecederam a estreia do programa (que vai para o ar às quartas-feiras às 14h00, com repetição às 22h) foram muito mal dormidas para todos os participantes: não pelos nervos da estreia, mas por causa da difícil conciliação de horários. O debate entre Donald Trump e Joe Biden, que inevitavelmente seria o tema do primeiro Café América, acabou às duas da manhã de quarta-feira. O João de Almeida Dias (que é também o autor da nossa newsletter semanal Especial Eleições Americanas) ficou a escrever toda a noite no site do Observador (com o João Francisco Gomes) e deixou o seu primeiro comentário sobre o violento duelo entre os candidatos no noticiário das 7h da Rádio Observador. Às 8h30 entraram em direto nas Manhãs 360 o Bruno Cardoso Reis, o João Diogo Barbosa e a Sara Antunes Oliveira, para uma análise ao debate que fosse ao mesmo tempo uma antevisão do que poderíamos esperar no Café América, daí a pouco. A essa hora, o João de Almeida Dias deixava a redação de bicicleta para ir até casa descansar pouco mais de 2 horinhas. Às 12h00 já estava nos estúdios da rádio, pronto para gravar o primeiro programa, com a Sara, o Henrique Burnay e o João Diogo Barbosa. Foi a primeira vez que a Sara e o Henrique falaram um com o outro, mas não se notou nada: com tanta mensagem que já tinham trocado no grupo de whatsapp, foi como se já fizessem isto desde sempre. |
Quanto ao genérico do Café América, só ficou fechado 3 horas antes de o programa ir para o ar. Ainda hesitámos entre uma versão orquestral do Born in the USA (de Bruce Springsteen) e um Hail to the chief tocado em ukelele. Mas optámos por uma versão rock do hino dos EUA, um bocadinho à semelhança do genérico do Café Europa. E acabámos por não pedir a ninguém para tocar uma versão sanfona. Mas nada garante que não recuperemos a ideia para o genérico de um próximo programa. |