Já foi revelada a lista de nomeados para a próxima edição dos Globos de Ouro. Na sétima arte, os filmes mais nomeados foram “The Power of The Dog”, realizado por Jane Campion — em português, ficou com o título “O Poder do Cão” e disponível em Portugal na Netflix — e “Belfast”, de Kenneth Branagh, que chegará aos cinemas em fevereiro de 2022, com sete nomeações cada. Já na televisão a série que obteve mais nomeações foi Succession“, com cinco.

No cinema, um trio de filmes conseguiu quatro nomeações (menos três do que a dupla mais nomeada): “King Richard: Para Além do Jogo”, de Reinaldo Marcus Green, a nova versão de “West Side Story” — de Steven Spielberg — e “Não Olhem Para Cima”, de Adam McKay.

Já na televisão, duas séries conseguiram quatro nomeações (apenas menos uma do que “Succession”): “The Morning Show” e “Ted Lasso”. Já “Squid Game”, um dos fenómenos internacionais do ano, conseguiu três nomeações.

Atendendo apenas a séries antológicas e miniséries, ou séries de curta duração, as mais nomeadas foram Dopesick e Maid, com três nomeações cada, e Mare of Easttown, Wandavision e Scenes from a Marriage, que conseguiram duas nomeações.

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Na categoria de Melhor Realizador, os nomeados foram Kenneth Branagh (“Belfast”), Jane Campion (“The Power of the Dog”), Maggie Gyllenhaal (“A Filha Perdida”), Steven Spielberg (“West Side Story”) e Dennis Villeneuve (“Dune – Duna”).

Já para as categorias de interpretação foram nomeados alguns dos atores e atrizes tidos como grandes candidatos a vencer um Globo de Ouro, como Benedict Cumberbatch (“O Poder do Cão”), Caitriona Balfe (“Belfast”), Brian Cox e Jeremy Strong (“Succession”), Kate Winslet (“Mare of Easttown”), Rachel Zegler (“West Side Story”), Jason Sudeikis (“Ted Lasso”), Jennifer Aniston (“The Morning Show”), Denzel Washington (“A Tragédia de MacBeth”), Oscar Isaac e Jessica Chastain (“Scenes from a Marriage”), Michael Keaton (“Dopesick”) e Issa Rae (“Insecure”). As nomeações para cada categoria podem ser consultadas abaixo.

A cerimónia de entrega da próxima edição dos prémios norte-americanos de cinema e televisão, que funcionam como espécie de triagem e antecâmara para os Óscares, acontece daqui a menos de um mês, no dia 9 de janeiro.

Este ano, porém, a edição dos Globos de Ouro está envolta em polémica. Várias figuras da indústria de Hollywood decidiram boicotar os prémios e a própria estação de televisão que os transmitia, a NBC, anunciou que não irá exibir a cerimónia de entrega dos Globos de Ouro.

O boicote aconteceu na sequência da falta de diversidade no corpo votante que decide as nomeações e vencedores, que não tinha um único membro negro, e também devido a acusações de falta de transparência e conduta pouco ética dos membros da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood, entidade que organiza e atribui os Globos de Ouro.

O momento conturbado foi reconhecido aliás pela presidente da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood, Helen Hoehne, que esta segunda-feira dividiu o anúncio de nomeações com um apresentador improvável, o rapper e cantor Snoop Dogg. Antes mesmo da lista de nomeados começar a ser revelada, a presidente da associação apontou:

Este foi um ano de mudança e de reflexão para a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood. Nos últimos oito meses trabalhámos exaustivamente enquanto organização para nos tornarmos melhores. Mudámos as nossas regras, criámos um novo código de conduta e reestruturámos a nossa organização interna. Também temos 21 membros novos, que fazem com que tenhamos o maior e mais diverso corpo votante nos nossos 79 anos de história. Não só [os membros novos] trazem perspetivas novas como também ideias que nos vão ajudar a continuar a evoluir.”

Consulte aqui a lista de nomeados:

Melhor Filme Drama

– “Belfast”
– “CODA”
– “Dune – Duna”
– “King Richard: Para Além do Jogo”
– “O Poder do Cão”

Melhor Realizador

– Kenneth Branagh, “Belfast”
– Jane Campion, “O Poder do Cão”
– Maggie Gyllenhaal, “A Filha Perdida”
– Steven Spielberg, “West Side Story”
– Denis Villeneuve, “Dune – Duna”

Melhor Ator: Drama

– Mahershala Ali, “O Canto do Cisne”
– Javier Bardem, “Being the Ricardos”
– Benedict Cumberbatch, “O Poder do Cão”
– Will Smith, “King Richard: Para Além do Jogo”
– Denzel Washington, “A Tragédia de MacBeth”

Melhor Atriz: Drama

– Jessica Chastain, “Os Olhos de Tammy Faye“
– Olivia Colman, “A Filha Perdida”
– Nicole Kidman, “Being the Ricardos”
– Lady Gaga, “House of Gucci”
– Kristen Stewart, “Spencer”

Melhor Ator Secundário

– Ben Affleck, “The Tender Bar”
– Jamie Dornan, “Belfast”
– Ciarán Hinds, “Belfast”
– Troy Kotsur, “CODA”
– Kodi Smit-McPhee, “O Poder do Cão”

Melhor Atriz Secundária

– Caitriona Balfe, “Belfast”
– Ariana DeBose, “West Side Story”
– Kirsten Dunst, “O Poder do Cão”
– Aunjanue Ellis, “King Richard: Para Além do Jogo”
– Ruth Negga, “Identidade”

Melhor Argumento

– Paul Thomas Anderson, “Licorice Pizza”
– Kenneth Branagh, “Belfast”
– Jane Campion, “O Poder do Cão”
– Adam McKay, “Não Olhem Para Cima”
– Aaron Sorking, “Being the Ricardos”

Melhor Filme: Musical ou Comédia

– “Cyrano”
– “Não Olhem Para Cima”
– “Licorice Pizza”
– “Tick, tick… BOOM!”
– “West Side Story”

Melhor Ator: Musical ou Comédia

– Leonardo DiCaprio, “Não Olhem Para Cima”
– Peter Dinklage, “Cyrano”
– Andrew Garfield, “Tick, tick… BOOM!””
– Cooper Hoffman, “Licorice Pizza”
– Anthony Ramos, “Ao Ritmo de Washington Heights”

Melhor Atriz: Musical ou Comédia

– Marion Cotillard, “Annette”
– Alana Haim, “Liquorice Pizza”
– Jennifer Lawrence, “Não Olhem Para Cima”
– Emma Stone, “Cruella”
– Rachel Zegler, “West Side Story”

Melhor Banda Sonora

– Alexandre Desplat, “Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun”
– Germaine Franco, “Encanto”
– Johnny Greenwood, “O Poder do Cão”
– Alberto Iglesias, “Mães Paralelas”
– Hans Zimmer, “Dune – Duna”

Melhor canção

– “Be Alive”, do filme “King Richard: Para Além do Jogo”
– “Dos Oruguitas”, do filme “Encanto”
– “Down to Joy”, do filme “Belfast”
– “Here I Am (Singing my way home)”, do filme “Respect”
– “No Time To Die”, do filme “007: Sem Tempo Para Morrer”

Melhor Filme De Animação

– “Flee”
– “Encanto”
– “Luca”
– “My Sunny Maad”
– “Raya e o Último Dragão”

Melhor Filme em Língua Estrangeira

– “Compartimento nº 6” (Alemanha, Rússia, Finlândia)
– “Conduz o Meu Carro” (Japão)
– “A Mão de Deus” (Itália)
– “Um Herói” (Irão, França)
– “Mães Paralelas” (Espanha)

Melhor Série: Drama

– “Lupin”
– “The Morning Show”
– “Pose”
– “Squid Game”
– “Succession”

Melhor Série: Comédia ou Musical

– “A Grande”
– “Hacks”
– “Homicídios ao Domicílio”
– “Reservation Dogs”
– “Ted Lasso”

Minisérie, série antológica ou Telefilme

– “Dopesick”
– “American Crime Story”
– “Maid”
– “Mare of Easttown”
– “The Underground Railroad”

Melhor Ator TV: Drama

– Brian Cox, “Succession”
– Lee Jung-Jae, “Squid Game”
– Billy Porter, “Pose”
– Jeremy Strong, “Succession”
– Omar Sy, “Lupin”

Melhor Atriz TV: Drama

– Uzo Aduba, “Terapia”
– Jennifer Aniston, “The Morning Show”
– Christine Baranski, “The Goof Fight”
– Elisabeth Moss, “The Handmaid’s Tale”
– Michaela Jaé Rodriguez, “Pose”

Melhor Ator TV: Comédia/Musical

– Anthony Anderson, “Black-ish”
– Nicholas Hoult, “A Grande”
– Steve Martin, “Homicídios ao Domicílio”
– Martin Short, “Homicídios ao Domicílio”
– Jason Sudeikis, “Ted Lasso”

Melhor Atriz TV: Comédia/Musical

– Hannah Einbinder, “Hacks”
– Elle Fanning, “A Grande”
– Issa Rae, “Insecure”
– Tracee Ellis Ross, “Black-ish”
– Jean Smart, “Hacks”

Melhor ator secundário (TV)

– Billy Crudup, “The Morning Show”
– Kieran Culkin, “Succession”
– Mark Duplass, “The Morning Show”
– Brett Goldstein, “Ted Lasso”
– O Yeong-su, “Squid Game”

Melhor atriz secundária (TV)

– Jennifer Coolidge, “The White Lotus”
– Kaitlyn Dever, “Dopesick”
– Andie MacDowell, “Maid”
– Sarah Snook, “Succession”
– Hannah Waddingham, “Ted Lasso”

Melhor Ator: Minisérie, série antológica ou telefilme

– Paul Bettany, “Wandavision”
– Oscar Isaac, “Scenes from a Marriage”
– Michael Keaton, “Dopesick”
– Ewan McGregor, “Halston”
– Tahar Rahim, “The Serpent”

Melhor Atriz: Minisérie, série antológica ou Telefilme

– Jessica Chastain, “Scenes from a Marriage”
– Cynthia Erivo, “Genius, Aretha”
– Elizabeth Olsen, “Wandavision”
– Margaret Qualley, “Maid”
– Kate Winslet, “Mare of Easttown”

As polémicas que colocaram em causa a credibilidade do prémio

A cerimónia de 2022 de entrega das estatuetas — a 79ª edição dos prémios — acontecerá no momento de maior crise de credibilidade da associação que organiza e entrega os Globos de Ouro, a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood.

Neste momento não se sabe sequer se a cerimónia será transmitida em direto e através de que canais, já que a estação NBC anunciou que, ao contrário do que acontecia até aqui, não irá assegurar a transmissão.

A rede televisiva aliou-se a atores e outros profissionais da indústria, estúdios e produtores de cinema e televisão de grande dimensão (como a Netflix) e organizações de media que decidiram boicotar a cerimónia, na sequência de alegadas práticas internas pouco transparentes e de falta de diversidade no corpo votante da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood.

Entre aqueles que já criticaram publicamente os Globos de Ouro estão por exemplo atores como Tom Cruise e Scarlett Johnasson e produtores e realizadores como Ava DuVernay e Shonda Rhimes.

Globos de Ouro. Críticas por falta de diversidade e transparência levam NBC a não transmitir cerimónia em 2022

A entidade que organiza e decide as nomeações destes prémios é composta por “um pequeno grupo de jornalistas de meios de comunicação internacionais”, como o descreve a estação pública de rádio dos EUA, a NPR.

As críticas à falta de representação da população negra e de minorias no corpo votante dos prémios já levaram inclusivamente a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood a acrescentar 21 novos membros, seis dos quais negros. Ao todo, a entidade tem agora 103 membros votantes, dos quais 12 são latinos, 18 são asiáticos e nove oriundos do Médio Oriente.

Os esforços não foram porém suficientes para impedir o boicote já anunciado aos prémios. Até porque a falta de diversidade identitária do grupo de jornalistas que decide quem são os nomeados e os vencedores dos Globos de Ouro não foi a única crítica feita à Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood.

Há menos de um ano, o jornal The Los Angeles Times publicava uma investigação em que eram denunciadas práticas pouco éticas, relativas a uma alegada relação privilegiada de membros do grupo com alguns estúdios e produtoras de cinema. O jornal relatava ofertas feitas a membros do grupo e viagens gratuitas a locais de filmagem de algumas longas-metragens, que poderiam condicionar a perceção dos votantes sobre os muitos filmes que poderiam nomear.

Uma das jornalistas que acompanhou e cobriu presencialmente os prémios durante vários anos, Mary Murphy, apontou mesmo, citada pela NPR: “Não jogavam as mesmas regras. Aceitavam prendas. Aceitavam viagens gratuitas. Iam em viagens de imprensa pagas por estúdios ou por produtoras”.

Apesar da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood ter anunciado que já instituiu um novo código de conduta, que proíbe os membros votantes de “aceitarem corruptamente, concordarem aceitar, exigirem ou pedirem seja o que for de valor em troca de uma ação que possam ter como membros ativos” da associação, a credibilidade do prémio não foi inteiramente restaurada. Resta saber se ainda o será.