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A nossa jornalista Marta Leite Ferreira anda a escrever sobre Covid-19 praticamente desde que o vírus começou a matar na China, em Janeiro. De tanto escrever sobre isto, já quase o via como algo banal, mentalizando-se para a inevitabilidade de o apanhar mais tarde ou mais cedo, no Metro ou no supermercado, mesmo cumprindo as distâncias de segurança, usando a máscara e desinfetando as mãos 30 vezes por dia. |
Nenhuma das histórias que publicou a marcou tanto como a que saiu esta semana, sobre a difícil recuperação de uma jovem enfermeira de um hospital de Valongo, que não era doente de risco, mas mesmo assim ficou em coma depois de ter sido infetada, entrou em pré-falência pulmonar e cardíaca, e teve de reaprender a andar e a engolir. Foi o segundo artigo mais procurado esta semana no site do Observador. |
A história da enfermeira Ana Patrícia Silva, 29 anos, já é bastante inquietante por si própria. Mas para a Marta Leite Ferreira, que a entrevistou, foi ainda mais, porque foi quase como se se tivesse visto ao espelho: uma rapariga como ela, praticamente da mesma idade, com características físicas muito semelhantes. E mostrou-lhe que, mesmo para quem escreve sobre a pandemia quase todos os dias, esta continua a ser uma realidade que ninguém compreende completamente e que pode ter afinal um impacto muito assustador mesmo em doentes jovens. |
Não foi seguramente uma coincidência: um dos podcasts mais ouvidos da Rádio Observador esta semana tem tudo a ver com isto. No programa A Luz ao Fundo do Túnel, sobre os avanços científicos contra o vírus e a vida depois do confinamento, o Miguel Cordeiro entrevistou Sandra Braz, que criou no Hospital de Santa Maria as consultas de acompanhamento aos doentes que recuperam da Covid-19. |
Apesar de serem seis da tarde, a médica tinha acabado de acordar e estava a entrar no dia de folga. Mesmo assim aceitou sem hesitar ser entrevistada para partilhar as primeiras conclusões sobre estas consultas, que arrancaram no início de Maio, para analisar os efeitos da doença a curto/médio prazo (como reage o corpo, quanto tempo demora a voltar ao “normal”, que complicações imediatas podem surgir nos órgãos vitais, qual o impacto a nível motor) e também as sequelas a longo prazo (de problemas respiratórios crónicos a incapacidades várias). |
Algumas destas consultas acabam por ser também um espaço para desabafos. Se muitos doentes mais idosos encararam a covid-19 como um susto, e mudaram de vida e de hábitos depois de recuperarem, já os mais novos ficam muito mais afectados psicologicamente, mostrando sinais de ansiedade e depressão. Fisicamente, a recuperação também pode ser mais prolongada: enquanto no caso dos idosos já existem fragilidades que a doença vem agravar, no caso dos mais novos, essas fragilidades são criadas pela doença (problemas respiratórios, dificuldades a nível motor, problemas cardíacos, complicações renais, etc.) |
Dos 1.646 mortos registados em Portugal até esta sexta-feira, apenas quatro têm menos de 39 anos. Esta baixa mortalidade entre jovens surge muitas vezes no subtexto das generalizações sobre o comportamento “irresponsável” das gerações mais novas, nem sempre bem fundamentadas. No fim-de-semana passado, a propósito de um surto na Guarda que tem 16 estudantes infetados, o presidente do Instituto Politécnico falou em festas covid entre os alunos, com apostas, em que quem apanhasse o vírus primeiro ganharia um prémio equivalente ao valor total apostado. |
A jornalista Tânia Pereirinha foi tentar perceber que história rocambolesca seria a dessa festa. Primeiro descobriu esse facto surreal de na cidade da Guarda os bares nunca terem fechado, apesar das medidas de restrição em vigor em todo o país. Depois, chegou a uma das alunas infetadas na festa e falou várias vezes com ela. A aluna contou-lhe que 9 amigos, a que se juntaram depois mais 3 ou 4, foram ao supermercado comprar um bolo, uma grade de cerveja e umas moelas para petiscarem e cantarem os parabéns a um amigo que fazia anos à meia-noite. Sem apostas, nem jogos ou prémios. |
Da primeira vez que ligou, tinham acabado de entrar duas enfermeiras no quarto onde a estudante estava, no hospital, e não se sentia à vontade para falar: “Eles aqui só querem saber da festa. ‘E a festa? E a festa?’ Estão sempre a fazer perguntas”. |
No dia seguinte, a Tânia Pereirinha pediu à estudante que lhe enviasse fotografias ou vídeos da festa, para perceber melhor o ambiente descrito. Foi difícil, os amigos que também estiveram na festa não queriam, tinham medo de ser identificados: no Instituto Politécnico os nomes deles já tinham sido divulgados a outros alunos pelo menos por um professor — e estavam a ser alvo de alguns ataques nas redes sociais. |
Os vídeos da festa acabaram por ser enviados pelo Instagram, através de uma opção que não permite abrir o ficheiro mais do que uma vez (antes de partilhar por mensagem, aparece o desenho de uma bomba e a opção “ver só uma vez”). Veem-se dez amigos a cantar os parabéns, com a parte do “tenha tudo de bom” a seguir, numa divisão apertada de uma casa, sem máscaras (alguns deles vivem juntos, os outros encontram-se regularmente para estudar, explicou-lhe a aluna infetada). Depois de ver uma vez, o vídeo desapareceu — não é de facto possível abrir de novo. Mas uma vez já fez muita diferença para ajudar a sustentar uma história com factos. |
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