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KIMMY SIMÕES/OBSERVADOR

KIMMY SIMÕES/OBSERVADOR

Caça ao Voto - Segunda temporada da guerra dos Centenos

Tancos chegou para ficar mas os socialistas querem combate em terreno menos hostil e reavivaram Guerra dos Centenos. Rio voltou a morder o isco, mas está a conquistar terreno na guerra das sondagens.

Se num só fim de semana aterram na campanha do PS dois projéteis altamente corrosivos – as teorias da conspiração do Ministério Público e o consequente apoio de José Sócrates -, é tempo de criar uma manobra de diversão para ver se a agulha muda. E às vezes não é preciso inventar, basta recuperar uma história que ficou perdida algures nesta estrada onde cada partido já percorreu, em média, cerca de dois mil quilómetros (ver o papa-quilómetros no final do artigo).

Chama-se o ministro das Finanças, agora em modo candidato socialista, convoca-se os jornalistas para o Largo do Rato e destrói-se o cenário macroeconómico do PSD, as suas previsões “materialmente impossíveis” e os milhares de milhões de euros por explicar. Depois, levanta-se a bandeira do regresso aos orçamentos retificativos e défices excessivos e fica-se à espera.

É um ataque e uma armadilha, ao mesmo tempo, porque o adversário não ia resistir e tinha de dar troco. Uma estratégia tão eficaz que António Costa marcou uma ação paralela de campanha à mesma hora, frouxa, sabendo que a verdadeira campanha estava a ser feita noutro lado.

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E, pouco depois, o plano mostrava ter funcionado. O próprio líder do PSD entrava em cena, a 400 quilómetros de distância, para responder que Centeno “baralha os números de forma ridícula”, “para enganar as pessoas”, e que António Costa nem sequer “tem noção nenhuma dos números”.

Rio mordeu o isco, pôs o seu homem das Finanças a desdobrar-se em entrevistas e prometeu uma aula do seu Centeno ao Centeno do PS: “O professor Joaquim Sarmento vai-lhe dar uma aula, que ele é que é professor, para saber ler o quadro macroeconómico do PSD”. Estava reaberta a Guerra dos Centenos.

Rio pode não conseguir ganhar esta batalha, até porque como diria à noite em Coimbra Manuel Alegre, “Centeno só há um e esse é o nosso”. Mas ganhou a das arruadas. Se Almada recebeu Costa com alguma indiferença, Rio teve direito a festa e multidão em Viana do Castelo, ainda por cima com foguetes trazidos pela última sondagem que o colocam a apenas 6,4% do PS.

Sondagem. PSD mantém subida e já está a 6,4 pontos percentuais do PS

À noite esteve imparável, no primeiro verdadeiro comício da campanha, onde trazia novas munições. Não só contra Centeno, claro, mas também contra Costa e contra César.

Habemus política. Rio dispara contra todos: Costa, Centeno e César, o “campeão” do familygate

Efeito do caso Tancos? Talvez. Rui Rio vai insistindo que alguma coisa se passou, ou num sentido ou no outro. Ao mesmo tempo garante que não está a violar a presunção de inocência de ninguém. Foi o dia em que chegou a carta enviada a Ferro Rodrigues, a pedir uma conferência de líderes – já marcada – para se discutir se há ou não reunião da comissão permanente (o PS é o único que admite estar contra). O tema? Tancos, claro. Embora Rio garanta que não está a pôr o tema na agenda. “O PS é que insiste, insiste”.

Sobe, sobe, Rui Rio sobe. Sobe ao carro, sobe à varanda e sobe nas sondagens

O PS, talvez, Assunção Cristas, seguramente. A líder do CDS não esconde que este é um dos temas da campanha para os centristas. E se começou a manhã a responder às “malhas” que Carlos César e Augusto Santos Silva tinham deixado ao longo o fim-de-semana, também não disfarçou a satisfação de lhe ter saído o brinde quando José Sócrates veio a público defender a tese da conspiração do Ministério Público. “Estes três nomes juntos na defesa do Partido Socialista quer dizer alguma coisa”, disparou.

Entre o laranjal e a economia do mar foi Sócrates que deu o sal a Cristas: “Defender o PS, quer dizer alguma coisa”

António Costa pode estar ainda em recuperação das dores que o afetaram este fim-de-semana, mas não perdeu a elasticidade para fugir às balas. Sócrates? “Esse é um tema fora da minha campanha e, fora da campanha, o único tema que me preocupa é um furacão muito ameaçador”, a chegar aos Açores. Tensão com Belém? “As relações institucionais deste Governo são sempre construtivas e positivas”.

Para quê alimentar guerras novas se havia em curso a Guerra dos Centenos, que desde a pré-campanha tem divertido os socialistas? Até Manuel Alegre parece ter-se rendido. Foi ele a estrela do comício da noite em Coimbra, cidade onde também estiveram Jerónimo de Sousa e Assunção Cristas (a ouvir o que não tinha planeado ouvir).

O histórico socialista tinha umas coisas  a dizer aos partidos que se sentam à esquerda dos socialistas no Parlamento e que nos últimos quatro anos foram seus parceiros na governação. “Não nos arrependemos da geringonça, mas não precisamos de professores de esquerda”.

Alegre: PS “não se arrepende da geringonça mas não precisa de professores de esquerda”

Uma referência que Bloco de Esquerda e CDU agradecem, tendo em conta que a disputa pelo espaço à esquerda tem estado mais apagada do que se supunha nesta campanha. Não porque não se esforcem por incomodar os socialistas.

Catarina Martins apela ao voto dos indecisos e continua a subir a parada: pede dois deputados por Aveiro

Jerónimo de Sousa deixou exigências de manhã para uma nova “geringonça” e que implicam, por exemplo, haver reversões no código laboral face aquilo que o PS aprovou nesta legislatura. E o BE avivou a memória de Costa de que “não ganhou as últimas eleições”. Incomoda? Sim, caso contrário Manuel Alegre não teria feito qualquer referência. Mas a verdade é que na noite de Coimbra do PS, o nome mais apupado foi o de Rui Rio. É sobretudo essa guerra que os socialistas querem travar.

Voto a favor

O debate a 15 emitido em direto na RTP durante quase três horas foi verdadeiro serviço público. Mostrou claramente que no Portugal dos pequeninos não há mais que quatro ou cinco partidos para levar a sério. Tudo o resto serve para ocasionais (e involuntários) bons momentos de televisão.

Voto contra

CDU e BE não conseguem impôr a sua narrativa na campanha. Jerónimo de Sousa vai reconhecendo as dificuldades da luta por cada sítio por onde passa, e à noite em Coimbra fez um discurso curto e sem chama. No Bloco, apesar do discurso ambicioso de Catarina Martins, sempre a pedir o aumento do número de deputados em cada distrito, as balas que atira contra Costa caem quase todas no chão e as sondagens não mostram um BE em ascenção.

Fotografia do Dia

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, em arruada na cidade de Barcelos, distrito de Braga.
Braga, 30 de Setembro de 2019.

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Papa-quilómetros

PS – Lisboa-Almada-Coimbra. O dia totalizou 228km para um acumulado de 1886 km.

PSD – Coimbra-Monção-Viana do Castelo-Esposende. Total do dia: 352 km. Total de 2420 km.

CDS – Albufeira-Silves-Lagos-Faro-Coimbra-Pombal: 654km, num só dia. O CDS é o primeiro partido a ultrapassar a barreira dos três mil quilómetros. Total:  3080 km.

BE – Porto-Espinho-Matosinhos-Porto-São João de Ver-Porto, gastando apenas 131 km, o que perfaz um total de 2274 km.

CDU – Évora – Canas de Senhorim – Aveiro – Coimbra. 531 kms, num total acumulado de 3015 km.

PAN – Porto-Vila Nova de Gaia-Porto-Coimbra (para dormir) — 141 km O total vai em 1326 km.

O Caça ao Voto é uma análise diária à campanha com os contributos dos repórteres do Observador na caravana dos partidos, Rita Tavares, Rita Dinis, Rui Pedro Antunes, José Pedro Mozos, Rita Penela e João Francisco Gomes.  A Fotografia da Semana é uma escolha do editor de Fotografia João Porfírio.

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